sábado, março 12, 2005

Segunda poética

Alexandre Henry F. Teixeira
Tribuna do Norte
Pegando a estrada, Macau amanhece mais poética com a instalação “Preto no Branco”, de Guaracy Gabriel e Sayonara Pinheiro, que criaram esculturas gigantes em montanhas de sal

Tribuna do Norte
12/03/05

Yuno Silva - Repórter

Sinônimo de volta ao corre-corre, a segunda-feira sempre foi encarada como uma espécie de fardo para boa parte dos seres humanos que precisam retomar suas obrigações cotidianas. Claro que não podemos generalizar essa afirmativa, mas quem em determinado momento da vida nunca pensou em pular esse dia e acordar direto na terça? Pois bem, se isso serve de consolação motivos não vão faltar para a próxima semana começar com o gás renovado e você com o pé direito. Mas não pense em mágica nem em folga, Natal irá amanhecer mais poética que o Pôr do Sol no Potengi no próximo dia 14 de março - não por acaso o Dia Nacional da Poesia.

A celebração da data começa cedo, às 8h, na Capitania das Artes, cuja programação homenageia o poeta Miguel Cirilo, o jornalista Celso da Silveira e João Alfredo por seu trabalho no carnaval de Natal. A movimentação também irá tomar conta de outros pontos da cidade, principalmente do centro, com atividades no Beco da Lama, Sesc Centro, Praça Kennedy e Palácio da Cultura. A poesia ainda se estende até o bairro do Alecrim, com show e performance no Teatro Sandoval Wamderley, e Petrópolis, com lançamento de livro e intervenções no Lorota´s Bar do Center Onze.

Enquanto na Zona Sul tem “Encontro Poético” com alunos e professores da rede pública de ensino, na Escola Municipal Ascendino de Almeida, no Vale do Pitimbu; e show da cantora Maria Clara e do violonista Franklin Novaes, onde interpretam “Poemas cantados da MPB” no shopping SeaWay a partir das 21h - antes haverá o lançamento oficial da décima edição da revista cultura Preá. Contabilizando tudo serão 16 horas de poesia.

Intervenções, lançamentos e feira de livros agitam a Capitania

A já tradicional comemoração do Dia da Poesia na Capitania das Artes inicia às 8h da manhã com a entrega dos prêmios literários “Câmara Cascudo de Prosa” e “Otoniel Menezes de Poesia”, aos respectivos vencedores Aldo Lopes de Araújo (com o texto “O Dia dos Cachorros”) e Lívio Alves Araújo de Oliveira (com a obra “Página Nua”). O prefeito Carlos Eduardo entregará a cada um o prêmio no valor de 3 mil reais.

Em seguida, às 8h30, o homenageado Miguel Cirilo lança (in memorian) o livro “Elementos do Caos” e o escritor e cinéfilo Moacy Cirne apresenta seu “Luzes, Sombras e Magia: os filmes que fazem a história do cinema”, publicado pela editora Sebo Vermelho. Também terá início a Feira de Sebos, uma Mostra com as edições encarnadas do Sebo Vermelho e a iniciativa “Poesia no Varal”, da Sociedade dos Poetas Vivos e Afins.

Café da manhã e palestra com Capinan e Geração Alternativa

Como “saco vazio não pára em pé”, às 9h tem Café (da manhã) com Poesia e pauta livre para recital, ou seja, o espaço estará aberto para intervenções e declamações. Circulando entre os presentes, o compositor e poeta de Entre Rios, cidade do litoral norte baiano, José Carlos Capinan - um dos responsáveis pela formatação da Tropicália nos anos 60, junto com Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Zé, Os Mutantes, Torquato Neto, Rogério Duprat e Gal Costa.

Letrista, poeta, escritor, publicitário, jornalista e médico, Capinan ministra palestra na própria Funcarte, a partir das 10h, sobre sua trajetória poética e aproveita para lançar dois livros: “Inquisitorial” e “Confissões de Narciso” - participação especial do poeta potiguar Mirabô. Ainda no clima debate, João da Rua, Eduardo Gosson e Eduardo Alexandre conversam com o público sobre a “Geração Alternativa”.

“Nossa intenção é ter uma programação variada e que seja voltada para atender as várias regiões da cidade, estimulando o debate, a produção local e oferecendo shows abertos para todos”, explica o presidente da Fundação Capitania das Artes, Dácio Galvão, que ainda escalou atrações para fechar o dia no Teatro Sandoval Wanderley: às 19h30 o grupo de teatro Alegria, Alegria faz intervenção prestando as devidas deferências aos homenageados. Meia hora depois, às 20h, o Balé da Cidade interpreta o poema “O Homem”, de Miguel Cirilo, oralizado por Jomard M. de Brito, Pedro Osmar e Paulo Ró.

A dupla Carito e Edu Gomez, também conhecidos como “Os Poetas Elétricos”, encerram o dia com recital a partir das 21h. “Para esse ‘recital-show’ contaremos com uma big band poelétrica: Michelle Regis nos vocais, Miguel Sampaio (baixo), Rogério Pitomba (bateria), Gaspar (teclados) e Juliana (percussão eletrônica)”, adiantou Carito.

João Andrade lança “Por Sobre as Cabeças”

Aproveitando o clima mais que propício, o poeta João Andrade lança nesta segunda-feira, às 8h30 na Funcarte, seu primeiro livro solo de poesia intitulado “Por Sobre as Cabeças”. A obra foi vencedora dos prêmios literários “Luís Carlos Guimarães”, da Fundação José Augusto, e “Othoniel Menezes”, da Capitania das Artes, em 2003.

Andrade é professor de Literatura e foi um dos editores da “Folha Poética”. Participou das coletâneas “Novos Poetas do Rio Grande do Norte” (FJA), “Antologia Literária I, II e III (SPVA), mais “Poetas Brasileiros de Hoje” e “Novas Poesias Brasileiras”, ambas editadas pela Shogun do Rio de Janeiro.

Programação
Dia Nacional da Poesia, 14/3


• Capitania das Artes

- 8h: entrega dos prêmios literários Otoniel Menezes de Poesia e Câmara Cascudo de Prosa

- 8h30: lançamento de livros, abertura da feira de sebos e do varal poético da SPVA

- 9h: Café com Poesia, com presença do poeta baiano Capinan e espaço aberto para recitais

- 10h: palestra com Capinan sobre sua trajetória poética

- 11h: debate sobre “geração Alternativa”, com Eduardo Gosson, Eduardo Alexandre e João da Rua

• Sesc Centro

- 12h: almoço poético

• Beco da Lama

- 12h: Poesia no Beco

- 15h: Sarau e grafite no sebo Cata Livros

• E. M. Ascendino de Almeida, no Vale do Pitimbu, zona sul

- 15h: “Encontro Poético” com alunos, professores e o grupo de teatro Brincarte

• Praça Kennedy, centro da cidade

- 16h: Sarau no Grande Ponto

• Palácio Potengi da Cultura

- 18h: Sarau na Praça da Poesai

• Teatro Sandoval Wanderley, no Alecrim

- 19h30: performance do grupo de teatro Alegria, Alegria

- 20h: o Balé da Cidade interpreta o poema “O Homem”, de Miguel Cirilo

- 21h: recital-show com “Os Poetas Elétricos”

• Lorota’s Bar, no Center Onze, em Petrópolis

- 20h: lançamento de livro de Otoniel Campos

- 22h: Lorota’s Poéticas

• Sea Way Shopping, e, Capim Macio

- 20h: lançamento da revista cultural Preá

- 21h: show “Poemas cantados da MPB” com a cantora Maria Clara e o violonista Franklin Novaes


Exemplar de O Beco vendido ontem a R$ 10,00

O Beco nº 1

O único exemplar do jornal O Beco que foi levado ontem ao Beco da Lama, foi adquirido depois de muita insistência pelo preço de R$ 10,00.
O jornal, que será distribuído gratuitamente neste primeiro número, diz em sua capa que o exemplar custa R$ 1,00. O preço foi colocado apenas para efeito de venda em bancas, sem que os editores visem obter qualquer arrecadação dessas vendas.
- É só para testar a popularidade e a aceitação comercial do jornal e para que os donos de banca se interessem em tê-los expostos à comercialização. Como a distribuição será gratuita, os proprietários de banca, sem retorno financeiro, não teriam interesse em distribui-lo. Assim, optamos pelo preço de capa, deixando toda a margem de lucro para aqueles que o comercializarem, explicou o jornalista Leonardo Sodré, editor responsável pela publicação.
O Beco será lançado oficialmente no próximo 14 de Março, Dia da Poesia, no Bar de Nazaré, à rua Cel. Cascudo - Centro, às 18:00 horas. No entanto, já a partir das 8:00 horas da manhã será distribuido em todas as atividades programadas para o Dia da Poesia, começando pelos cafés da manhã no Beco da Lama e Capitania das Artes.
A Samba - Sociedade dos Amigos do Beco da Lama e Adjacências, juntamente com a Amarela Entretenimentos, elaboraram a atividade Fome Zero da Poesia, oferecendo aos que vão celebrar o Dia da Poesia café da manhã, Almoço (sarapatel) e um sopão no cair da tarde.


Protesto poético contra poluição em praias natalenses



O quebra-mar localizado em frente à praça da Jangada, Areia Preta, amanheceu tomado de bandeirolas pretas em protesto ao grande volume de esgotos clandestinos que despejam dejetos na praia.
A comunidade de pescadores que tem jangadas e paquetes de pesca ali ancorados vibrou com a iniciativa.
Em marés cheias é fácil perceber-se inclusive a mudança de coloração do mar no local, como o grande volume de lixo que chega à praia, proveniente dos esgotos clandestinos de edifícios, residências e estabelecimentos comerciais de Areia Preta e seu entorno, incluindo o bairro de Mãe Luíza.
A instalação faz parte da atividade de poetas natalenses em comemoração ao Dia Nacional da Poesia, 14 de Março, a ser celebrado na próxima segunda-feira.
Segundo os organizadores do movimento, a comunidade que trabalha com cultura vê no turismo uma das possibilidades de seu crescimento, com a implantação de uma política de turismo/cultural, e acreditam não ser recomendável que a cidade despreze suas praias como está acontecendo.
Desde a Praia do Meio até Ponta Negra, contam-se às dezenas os esgotos clandestinos que diariamente depositam água servida nas nossas praias, poluindo-as com fezes, urina e detergentes.
O problema é de tal gravidade que vários pontos situados entre as duas praias estão sendo considerados não recomendáveis para o banho de mar.
Segundo a pediatra Meire Gomes, cresce assustadoramente em Natal o número de crianças acometidas por problemas respiratórios e de pele e ela acredita que em boa parte as causas são provenientes das consições nada recomendáveis das águas de nossas praias.
Sob o título Esgoto Sanitário, a instalação foi executada pelos artistas plásticos Valderedo Nunes, Jackson Garrido e Eduardo Alexandre.

Contatos:
Eduardo Alexandre 9414-9394


Sobre os sinais



sobre os sinais, nada a dizer, porque sentidos. começo a explicá-los (tentar entendê-los) e um infinito surge entre o que é e o que se diz. como dizer que o fulcro habita onde tu falas de viés? como provar que o que fere reside naquilo que soslaias? que tergiversas e minimizas? e mais: sorris. sorris para que não paire mesmo nada sobre aquilo que de fato importa. mas, então, por que dizer? resposta: porque há aquela necessidade de deixar rastros. talvez como um pedido de socorro: venha, ainda há tempo. talvez como um alerta: veja, não há mais tempo. ou nenhum dos dois: eu vou te dizer isso, vou te dar esses sinais porque dizê-los dá-me prazer. regozijo-me em dizer e pouco me importa (ou me importa só um pouco) se percebes ou não. em mim (que pena), todavia, isso: a compulsão em admitir a primeira alternativa: venha, ainda há tempo.

Antoniel Campos


O Corujão



Era uma festa de carnaval de 1975.
Nos salões do América Futebol Clube, o uísque corria solto na mesa do bloco. No bolso, um vidro de Reativan; na bolsa, um tubo de lança Universitário (Argentina) e um lenço ou um tufo de algodão, para ingerir pelos lábios, ao invés de cheirar.

Lá pelas três horas da madrugada, Chico, já muito embriagado, resolveu ir embora: estava exausto e completamente desorientado. Antes de sair para pegar seu Jeep sem capota, resolveu passar no banheiro e, no corredor do clube, encontra uma jornalista.

– Aonde vai uma hora dessas? Perguntou ela.

- Mijar. E depois, vou pra casa, que estou morto.

- Dá uma carona? Também quero ir pra casa.

- Tudo bem, ele respondeu.

Saíram do América, entraram no Jeep e ela foi logo insinuando:

- Por que não vamos na estrada de Ponta Negra comer um sanduíche ou talvez tomar um caldo?

Seguiram para a estrada de Ponta Negra e, no início da via que hoje se chama Avenida Roberto Freire, tinha uma placa luminosa, que Chico, tão bêbado, nem prestou atenção o que era e achou que poderia ser a lanchonete.

Era “O corujão”, o segundo motel de Natal, depois do Jóia, na Ribeira.

Meio intrigado, mas completamente bêbado, Chico resolveu entrar. Nem caldo, nem sanduíche, nada. Só teve tempo de arrancar a fantasia e cair na cama como uma pedra e adormecer.

Algumas horas mais tarde, por volta das 10 da manhã, ele acorda com uma tremenda dor de cabeça e sem saber onde estava.


Lembrou-se de um amigo, Mimoso, que era gordinho e muito branco, para telefonar e saber que lugar era aquele. Olhou para o teto, tinha uma lâmpada vermelha muito fraquinha que deixava tudo na penumbra; olhou para o chão e viu um carpete surrado e cheio de marcas, de queimaduras de cigarros jogados.

Ficou intrigado, tentando adivinhar se ali era o inferno ou um cabaré, quando do seu lado alguém se moveu. Olhou repentinamente e viu aquele corpo branco e roliço. Imediatamente, imaginou:

- Será que comi Mimoso?

Virou-se completamente pra conferir e viu que era a jornalista, que foi logo dizendo:

- Oi, amor, bom dia!

- O que estamos fazendo aqui, perguntou ele, emputecido.

- Até agora nada, respondeu ela, insinuando-se.

Ele retrucou:

- Graças a Deus!

Ligou para a recepção, pediu um copo de leite gelado, dois Engovs e ainda ouviu da moça da recepção que o conhecia :

- Você, hein? Comeu a gordinha!

Ele desligou o telefone e disse:

- É foda mesmo! Vamos embora!


Frei Carmelo


Bardallus, antigo Bar do Pedrinho

Venâncio Pinheiro


O lançamento do livro de Antoniel, a esfera

José Torres

Foi show. Teve um recital espontâneo com Prof. Bira, Dunga, Ruy Rocha e outros enquanto artistas plásticos transformavam os poemas em telas (Leléo, Dunga, Valderedo, Lívio ...), com a presença de um monte de gente do beco, inclusive Márcia Maia. Se eu fosse Antoniel eu teria me debulhado em lágrimas. Foi o melhor lançamento de livros que eu já fui, não foi aquela coisa chata cheia de gente cochichando em cima do salto com a cara rebocada tentando mastigar de boca fechada para não perder a classe. Lá tinha cerveja, queijo de coalho assado, farofa e sorrisos verdadeiros.
Meire Gomes




quinta-feira, março 10, 2005

Escambão da Internética

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Dia 14 de Março
Praça da Poesia - Palácio da Cultura

SEBECO
O Escambão da Internética
Vende-se, Troca-se, Permuta-se
Uma realização
SAMBA
Sociedade dos Amigos do Beco da Lama e Adjacências
Aberto à participação

o beco na poesia
(vicunha)

ser beco aqui
ser beco ali
ser beco aculá
ser beco em todo lugar


ser beco biritando
ser beco pintando
ser beco cantando

ser beco ficando
ser beco brincando
ser beco comprado

ser beco tesão
ser beco garanhão
ser beco escambão

sebeco, o seu espaço virtual


De Leilinha para Barba

www.mulherde30epoucos.zip.net


A paz é celebrada na fronteira

 casaamarela.org.br

Por Léo Sodré
do Becopress

Foi firmado, ontem (09), em Mamanguape, Paraiba,
um acordo de paz entre o cangaceiro ManeFava e
o pistoleiro KarlMata.
Depois de trocarem insultos pela rede mundial, os
dois, que já estão com idade avançada, resolveram
resolver tudo na base de dinheiro em prol da cultura
natalense.
KarlMata pagou um bode com fava, 12
cervejas, uma garrafa de cana e duas raparigas, lá
mesmo em Mamanguape e ManeFava remeteu 200
reais para serem entregues a Dunga, que fará uma
instalação artística de protesto contra a falta de
saneamento da cidade na orla urbana, Praia do Meio.
O cangaceiro prometeu ainda prestigiar hoje o
lançamento do livro "A Esfera", do becolamense
Antoniel Campos, que acontecerá às 20 horas, no
Bar Lorotas, no Center Onze, onde se come o melhor
caranguejo de Natal. Vem de carona com o
pistoleiro.




quarta-feira, março 09, 2005

Caso verdade



Por Meire Gomes

- Boa noite. Eu gostaria de solicitar o cancelamento de uma linha
telefônica, por favor.
- Pois não, senhor.
Depois de solicitar as informações necessárias, como número do telefone,
endereço, CPF e outras, a atendente prossegue:
- Qual o motivo do cancelamento?
- Não tenho mais interesse em permanecer com a linha.
- Mas por quê?
- Porque me mudei há 2 meses e na nova residência já há uma linha
telefônica.
- Que bom! Agora o senhor poderá ficar com duas linhas telefônicas, pois
essa será transferida sem nenhum ônus!
- Mas não tenho interesse numa segunda linha.
- Veja bem, meu senhor ... O senhor já tem essa linha desde 1997, todas as
pessoas já sabem o número. A não ser que o senhor não queira mais ser
encontrado!
- Minha senhora, eu só quero que a linha seja cancelada ... Aquela linha era
usada exclusivamente para acesso à internet.
- Tudo bem. Mas não há necessidade de cancelar a linha. Existem alguns
procedimentos, e vou mostrar ao senhor que ...
- Por favor, já é a terceira vez que ligo para a central e meu pedido é
literalmente ignorado.
- Mas senhor, agora é um novo contato. Precisamos repassar todos os
procedimentos.
- A linha está sem uso há 2 meses, e permaneço pagando contas sem usufruto
da linha. Meu pedido é para cancelá-la, pura e simplesmente.
- Mas me diga uma coisa: Por quê o senhor se mudou?
- Como? Vou ter que abrir minha vida pessoal para a senhora agora?
- Tudo bem, senhor. Mas então por quê só agora o senhor está solicitando
cancelamento?
- Por que estou certo de não precisar mais da linha, senhora. E esse já é o
terceiro contato durante todo esse período.
- Há alguém morando no endereço atual da linha?
- Sim, há moradores.
- Que bom! Então o senhor poderá "estar repassando" a linha para os novos
moradores, que só pagarão R$ 14,00 pela linha telefônica, isso não é ótimo
para todos nós?
- Por favor. Eu estou solicitando que a senhora can-ce-le a linha. Não
existe interesse da minha parte em ficar com a linha e os moradores da casa
já estão com uma linha telefônica.
- Mas veja bem, o custo é mínimo e ...
- Não há interesse em se manter uma linha telefônica para não ser utilizada.
Por favor, eu não quero mais ouvi-la e exijo o direito de cancelar um
serviço e ...
- Mas não há necessidade da linha ser cancelada! O senhor não está me
deixando passar os procedimentos, tenho certeza que ao final do contato o
senhor entenderá que o melhor para o senhor é permanecer com a linha.
- A senhora já falou tudo. Por favor, cancele a linha.
- Tenha calma, meu senhor. Ainda existem alguns procedimentos. É como um
relacionamento que está terminando ... O senhor tem que pensar melhor.

Nisso, a esposa chamada às pressas, ainda enrolada na toalha e com os
cabelos pingando, morta de cansada do dia feroz de trabalho. A paciência já
havia escorrido pelo ralo só de ouvir a conversa do marido com a atendente.

- Minha senhora, vou passar o telefone para minha mulher, para o segundo
round. Estou exausto, vou me recolher aos meus aposentos..
- Boa noite. Como é seu nome, por favor ?
- (Hesitando). É Fulana dos Anzóis Pereira. O seu esposo está meio alterado,
a senhora pode me ouvir?
- Minha flor, eu já ouvi tudo telepaticamente enquanto eu estava no meu
banho. Só quero fazer uma definitiva pergunta: O que está faltando para a
senhora cancelar uma de nossas linhas telefônicas? Só para resumir: a linha
está sem uso há 2 meses, nos mudamos daquele endereço e temos outra linha
nesse atual e as pessoas que moram naquele já têm uma linha.. Nem nós nem
eles querem ou precisam de uma segunda linha e ...
- Minha senhora, mas a senhora nem me ouviu ainda. Existem alguns
procedimentos, gostaríamos que vocês pensassem melhor, afinal é uma linha
com 7 anos de vida. Temos mais uma sugestão.
- Se a sugestão é bloquear a linha por um período X, já descartamos a
sugestão.
- Mas não é isso, senhora. Vou repassar todos os procedimentos.
- Posso perguntar uma coisinha antes? Não quero morrer sem saber isso.
- Pois não, senhora. Estamos trabalhando para melhor atendê-la.
- Por que quando vamos adquirir uma linha o atendimento é veloz e
desburocratizado e quando vamos cancelá-la vocês moem nossa paciência até a
beira da insanidade?
- Porque é como um relacionamento ... No início não se pensa muito, e há
muito tempo pela frente para novos contatos. O último contato é um fim, e
como todo fim é muito doloroso para ambas as partes ...
- Nossa que romântico ! Então, só para eu ter uma idéia, precisamos passar
ainda quanto tempo para por um fim a esse relacionamento, minha querida ?
- Pois não senhora, agora vou mostrar o último procedimento, pois a senhora
não chegou aqui até então. Nós "vamos estar" oferecendo para a senhora um
bloqueio gratuito de 90 dias, e durante esse tempo, a senhora e o seu esposo
pensam melhor. "Estaremos enviando" uma conta proporcional e a partir daí,
veja como é ótimo, a senhora não pagará nenhuma conta e ao final de 90 dias
teremos o prazer de ter um novo contato, e estou certa de que, uma vez
pensando melhor, vocês "estarão optando" por permanecer conosco.

A empresa quer dar um tempo, ela pensou.Quem nunca pediu um tempo antes para
acabar um namoro depois? Por quê nãoela?

- Pois não, querida. Vamos dar um tempo de 90 dias no nosso relacionamento.
Durante esse período, você promete que a operadora não entrará em contato
conosco para novos procedimentos sob hipótese alguma?
- Sim. Ao final desses 60 dias, a linha poderá ou não ser reativada.
- Mas me responda uma coisa: Eu não tenho direito nenhum de cancelar a linha
agora?
- Veja bem, eu vou repassar os procedimentos para a senhora e ...
- Não querida, peloamordeDeus, eu já entendi tudo. Vamos dar um tempo, está
maravilhoso, foi ótimo falar com você, muito obrigada.
- Pois não, senhora. A &*%&*$ agradece e tenha uma boa noite !!!


Poesia, música e dança no 14 de Março



Tribuna do Norte
09/03/05

Lançamento de livros, palestras, shows, performances, homenagens e debates vão marcar a comemoração do Dia Nacional da Poesia, próxima segunda-feira, dia 14, a partir das 8h, na Capitania das Artes. Para este ano, a programação está repleta de novidades, como a presença do poeta e escritor José Carlos Capinan – que ministra palestra na Funcarte – shows dos Poetas Elétricos à noite no Teatro Sandoval Wanderley e a apresentação do Balé da Cidade do Natal, além da entrega dos Prêmios Literários Câmara Cascudo de Prosa e Otoniel Menezes de Poesia pelo prefeito Carlos Eduardo. Serão homenageados o poeta Miguel Cirilo, o jornalista Celso da Silveira e João Alfredo pelo seu trabalho no carnaval de Natal.

Haverá também os lançamentos dos livros “Luzes, sombras e magias: os filmes que fazem a história do cinema”, do escritor Moacy Cirne e “Elementos do Caos”, de Miguel Cirilo. O poeta e compositor José Carlos Capinam, que participa do tradicional café-da-manhã com os artistas — e profere palestra sobre sua trajetória – lançará os livros ‘Inquisitorial” e ‘Confissões de Narciso”. Na Zona Norte está programado o Encontro Poético com Escolas da Rede Pública, na Escola Municipal Ascendino de Almeida.

À noite, no teatro Sandoval Wanderley, acontece a apresentação dos Poetas Elétricos (Edu Gómez e Carito), do grupo ‘Alegria Alegria’ homenageando João Alfredo, o jornalista Celso da Silveira e o poeta Miguel Cirilo, além do Balé da Cidade do Natal coreografando ‘O Homem’, de Miguel Cirilo. Já os poetas João da Rua, Eduardo Gosson e Eduardo Alexandre promovem debate sobre Geração Alternativa.

“Nossa intenção é ter uma programação variada e que seja voltada para atender as várias regiões da cidade, estimulando o debate, a produção local e oferecendo shows abertos para todos”, explica o presidente da Fundação Capitania das Artes, Dácio Galvão.

O tradicional café da manhã com os poetas começa às 9h, na Capitania das Artes, reunindo a classe artística, autoridades e convidados. Antes haverá a entrega dos prêmios Câmara Cascudo de Prosa e Otoniel Menezes de Poesia. Cada prêmio será no valor de R$ 3.000,00 (três mil reais), sendo descontado o Imposto de Renda na fonte.

Capinam e sua carreira

Letrista. Poeta. Escritor. Publicitário. Jornalista. Médico. José Carlos Capinan escreveu seus primeiros versos aos 15 anos. Nasceu na cidade de Entre Rios, a 160 km de Salvador, no litoral norte da Bahia. Nos anos 60, já estudando teatro, conheceu Caetano Veloso e Gilberto Gil, ambos cursando as faculdades de Filosofia e Administração de Empresas, respectivamente.

Em 1963 escreveu e estreou sua primeira peça: Bumba-meu-boi, musicada por Tom Zé. No ano seguinte, com o golpe militar, foi forçado a deixar Salvador, transferindo-se para São Paulo, indo trabalhar como redator publicitário na agência Alcântara Machado. Conheceu Geraldo Vandré, além de Gianfrancesco Guarnieri e Augusto Boal (do Teatro de Arena) que o levaram para o meio musical de São Paulo.

Logo depois foi apresentado a Edu Lobo. Participou ativamente dos movimentos culturais da década de 1960: Centro Popular de Cultura (CPC), Feira da Música (Teatro Jovem, com Paulinho da Viola, Caetano Veloso, Torquato Neto e Gilberto Gil) e Tropicalismo, com Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Zé, Os Mutantes, Nara Leão, Torquato Neto, Rogério Duarte, Rogério Duprat e Gal Costa.


Gente do Beco


Fábio Eduardo, Vicente Januário e Zizinho


Dani
Doutor Chiquinho


Dani
Cantoria em Nazaré



Designer Afonso Martins


Dani
Carlança


Dani
Haroldo Maranhão



Léo Sodré



Osório Almeida



Barba, Léo, Ivan Júnior (Offset Gráfica)



Marcelus Bob, Concita Atabaque, Drica Duarte


Papangu 13

O Papangu

As bancas de revistas do Rio Grande do Norte amanheceram sorrindo. É que já se encontra à venda a décima terceira edição da revista de humor e cultura Papangu, de periodicidade mensal, que traz no primeiro número do seu segundo ano a mesma força criadora e o mesmo senso crítico e alegre dos números passados.

Nesta edição, que corresponde ao mês de fevereiro, a capa da Papangu apresenta o insólito casamento do “Bicudo” com o “Bacurau” — uma autêntica união de interesses particulares que tem ouriçado as mais diversas tribos políticas do chão potiguar.

No quadro “Em Cartaz”, o filme exibido é o badalado “O Avoador”, com o astro periférico Daniel DiCaprio Gomes, um intrépido vereador-avoador do País de Mossoró, em súbita revoada dos campos da oposição.

No espaço para artigo, sob o título “Assim Caminha a Humanidade”, a jornalista e publicitária Sayonara Amorim aborda o sempre polêmico tema do racismo, este cancro social ainda tão vivo nas entranhas da sociedade contemporânea.

Destinado àqueles que estão marcando os primeiros passos nas areias da literatura, o “Primeiras Palavras” deste mês estampa o conto “O Açougueiro”, de autoria da professora e jornalista paulista Adriana Costalunga.

Ainda no gênero do conto, a Papangu publica “Seu Barbalho, nunca mais”, assinado pela professora Rejane Alves, radicada em Amsterdã, na Holanda.

Na matéria “Especial” deste mês, a Papangu publica “A Restauração da Aura”, ensaio do escritor e editor cearense Carlos Gildemar Pontes, professor da UFCG de Cajazeiras e doutorando em Literatura na UFPB.

Na página 22, o humor cáustico e desconcertante nas charges do potiguar Cláudio de Oliveira, radicado em São Paulo e com expressiva participação nos principais veículos de imprensa da Paulicéia.

Na seção “Autores & Obras”, assinada pelo bibliófilo Carlos Meireles, uma instigante resenha sobre a poesia do poeta cearense Júlio Maciel, o festejado autor de “Terra Mártir”, que recebeu a crítica consagradora do poeta Emílio de Menezes.

Como entrevistado, o número treze de Papangu reserva quatro páginas ao pensamento e à cultura do escritor e pesquisador Manoel Onofre Jr., o Desembargador das Letras Potiguares.

Entre diversas e significativas opiniões enviadas à Redação por leitores dos quatro cantos do País, esta edição de Papangu traz consagrador depoimento do escritor e crítico literário Fábio Lucas, radicado na capital paulista, que atualmente se encontra entre as três maiores autoridades em crítica literária no Brasil.

No seu rol colaboradores fixos, a revista conta com nomes da relevância de Antônio Capistrano, Escolástico Bandeira, Milton Marques, Líria Nogueira, Ciro Botelho, Marcos Ferreira, Alexandro Gurgel e Leonardo Sodré, além de oferecer duas páginas reservadas à inspiração e talento dos poetas potiguares.




terça-feira, março 08, 2005

Todas as mulheres do mundo



Hoje
sou todas as mulheres do mundo:
princesa, trapezista
rude camponesa
balconista, bailarina
feiticeira, lânguida heroína
ou melhor ainda
megera.

Nunca fui tão linda!

Hoje
eu sou a mocinha
que você beija
— apaixonadamente —
antes que a palavra fim
apareça na tela.

Márcia Maia


8 DE MARÇO 2005

Nossas homenagens
a estas mulheres do Beco


Amélia Freire


Rosélis Medeiros


Dani e Germana


Mazé


Susane


Tázia


Nazaré


Ceiça


Meire


Silêndia do Gargalheiras


Francinha



Nalva


Civone


Dona Ivone


Wadia Massud


Help


Márcia Maia


Clotilde Tavares


Cíntia


Cristina


Sandrinha


Zila


E todas as demais


Papangu

Alexandro Gurgel
Alexandro Gurgel
Dunga, no Beco, divertindo-se com O Papangu


Passeio poético


Beco

Dani


Hugo Macedo©

Beco da Lama, o maior do mundo, tão grande que parece mais uma rua... Tal qual muçulmano que visite Meca uma vez na vida, todo natalense deve ir ao Beco libertário, Beco pai das ruas do mundo todo.

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Contatos Imediatos

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Recentes


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Praieira
(Serenata do Pescador)


veja a letra aqui

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A imagem de fundo é do artista plástico e poeta Eduardo Alexandre©

layout by
mariza lourenço

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