e quando agora anoitece
e o que era luz
se faz em nada
se o poema resta ainda
inacabado
cabe ao poeta findá-lo
ou recolher-se
(e ao verso
e à dor
e à mágoa)
até o dia novamente
amanhecer?
Márcia Maia
Pergunta o homem
ao menino que fora um dia:
- Onde está a minha estrela?
Eis que responde o menino
que se apaga no homem:
- A estrela escondeu-se na noite
e eu nunca mais amanheci.
Cid Augusto
Brasileiro se prepara para promover faxina no país
Pode durar mais um dia, uma semana, um mês. Pode até chegar ao 1º de janeiro de 2007.
O fato, porém, é que o governo Lula perdeu sua legitimidade.
Quando o próprio presidente da República assume publicamente que o seu partido usou o caixa 2 para favorecer seus candidatos em eleições estaduais, confessa, implicitamente, que também disso se benefecia.
Indiferente ao peso do que está por trás dessa tragédia brasileira, o governo Lula estertora numa estratégia perigosa e tardia de ameaça e caça à corruptos de governos anteriores.
A rede de envolvimentos montada pelo seu governo com o objetivo da reeleição, no entanto, complica a atuação de um vasculhamento justo e há muito reivindicado pelo povo brasileiro pela moralidade no trato da coisa pública.
Nesse item, o governo chega tardia e atabalhoadamente, como se para meter medo e promover revanches, enquanto novos escândalos pipocam em vertentes que vão se multiplicando, numa panacéia difícil de se crer.
O brasileiro sempre se soube logrado pela classe política e sempre se viu impotente no combate à corrupção.
Para reverter o quadro, acreditando nos ideias propalados pelo PT, elegeu Lula presidente.
Não tardou, este mesmo povo começou a sentir-se vítima de um estelionato eleitoral e agora, pior, amarga a descoberta de um esquema milionário de subtração de dinheiro público para bancar os interesses de Lula e dos seus.
Apoplético diante da queda de seu império, o presidente parece viver num mundo de Alice: enquanto preocupado o brasileiro não sabe o dia de amanhã, Lula finge governar um país maravilhoso à beira do colapso político e moral.
Dunga
Se leis forem cumpridas, cai o governo Lula e com ele expressiva representação de vários partidos, incluindo gente do PSDB, PP, PCdoB, PL, PFL, PTB, PMDB e muitos outros.
Se a tática de jogar Delúbio às feras foi a de chafurdar na lama para ameaçar um "ninguém escapa", o tiro terá saído também pela culatra: aos olhos da lei, um pecador não exime outro.
Tudo isso serve para mostrar o quanto está enlameada a prática política no Brasil, esse país amado mundo afora pela sua arte, pela cultura, pelo esporte, pela sua beleza, pela beleza de seu povo.
Os tempos são de “Deus nos acuda” no governo e no parlamento e a primeira pedra foi atirada, não tem retorno.
Agora será um “salve-se quem puder” generalizado e está instalado o caos político na República Federativa do Brasil.
Os poderes constituídos não poderão fazer vista grossa. A sociedade está assistindo a tudo e escrúpulos ainda há em uma massa honesta e que trabalha para fazer grande este país.
É triste, sim, o que se abateu sobre todos nós.
Agora, resta, tão somente, ir ao fundo do poço para tentar limpá-lo.
Dunga
O depoimento de Delúbio, procurando isentar a campanha de Lula do Caixa 2, joga-a na mesma condição das beneficiadas.
Mesmo que o dinheiro não tenha sido depositado na conta de sua campanha, que faziam candidatos a governos estaduais, Senado, Câmara Federal e Assembléias Legislativas senão campanha também para os cabeças-de-chapa?
Se ocorreu, e Delúbio confessa que ocorreu, a campanha de Lula foi a principal beneficiada por todo esse esquema de "recursos não declarados" de campanhas de candidatos do PT e de sua base aliada.
Quem o maior beneficiário de toda a trama? O candidato Lula. Quem mais, por gravidade? O PT, os partidos de sustentação do governo e os candidatos contemplados com a ilegalidade.
Assim, o que quis ser manobra serviu de testemunho e confissão de uma prática condenável e que terá sua pena.
Agora, além de responder pela acusação de compra de parlamentares para votarem em matérias de seu interesse, os envolvidos terão que responder pelo escândalo do Caixa 2.
Ao PT, resta a reconstrução a partir dos escombros.
A Lula, a vergonha da renúncia à sua própria História.
Dunga
Não pode ser bem montada a nova versão da dinheirama "para pagar as campanhas estaduais do PT", Delúbio assumindo todas as responsabilidades para isentar a hierarquia Genoino, Dirceu, Lula.
As contradições vão aparecer e a tática de transformar Delúbio em Cristo vai cair por terra, atingindo agora não só os responsáveis diretos por esta crise, mas toda a ramificação partidária do PT.
A opção foi para salvar o governo, deixando o partido ao Deus dará.
Triste abandono, depois de tudo o que a grande militância fez por Lula, pelo Partido dos Trabalhadores e pelo país, pensando ser pelo Brasil.
Os ideais, apesar de massacrados, um dia ressurgem.
Dunga