sábado, abril 30, 2005

PRATODOMUNDO

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quinta-feira, abril 28, 2005

FINDOU-SE A VELHA RIBEIRA..



Jornal de WM
Tribuna do Norte, 29/04/05

Bastou sair o mote para pipocar as primeiras glosas. Contei ontem aqui a história do doutor Paulo Balá, que, descendo à velha Ribeira depois de demorado recesso e encontrando o bairro bastante deteriorado, sapecou num envelope que abrigava uma de suas cartas do sertão do Acari, a sentença que achei sendo um mote modelar: “Findou-se a velha Ribeira.../ Nem quenga se encontra mais!”. Manhã cedo, abrindo o computador, cá estavam as primeiras glosas. Uma delas, do Laélio Ferreira de Melo, que faz parte da turma do Beco da Lama, e sabe das coisas. Confira:

Findou-se a velha Ribeira...
Nem quenga se encontra mais!

Já foi madame festeira,
na Quinze, na Quarentena...
De tanto tomar verbena,
findou-se a velha Ribeira!
Já foi linda, a canguleira,
foi mulher-dama no cais...
Envelheceu e jamais
ao violão ouviu juras
- nas suas ruas escuras
nem quenga se encontra mais!

E lá de longe, das ribeiras de Riacho de Santana, na “tromba do elefante”, aceiros da Serra de Luís Gomes,
o professor Jotacê, poeta cordelista e geógrafo, poetou:

“Um bairro que tem história
Hoje se encontra esquecido
É celeiro de bandido
Dia e noite tanto faz
Na vizinhança do cais
Só perigo e bebedeira
Findou-se a velha Ribeira...
nem quenga se encontra mais”.


Aí Aurino de Marpas, poeta de alta estirpe, entra por outra vereda, e antes que o relógio da Igreja do Bom Jesus das Dores, parede e meia com a sua sala, bata as 6 badaladas do findar da tarde, enfileirou estes
versos:

Findou-se a velha Ribeira
Nem quenga, se encontra mais.


Balá, você deu bobeira,
Ao dar, a Woden, o recado,
- para mim, equivocado -
“Findou-se a velha Ribeira”.
Pois, aqui, num tem a feira?
E um dos grandes jornais?
Retrocesso, aqui, jamais!
Porque acho até vantagem,
Se, do Potengi, à margem,
“Nem quenga se encontra mais...”




segunda-feira, abril 25, 2005

DESAFIO OU

(como cutucar o cão
com vara - epa! - curta)


Laélio eu vou lhe ensinar
na volta de Antoniel


Alecrim

Laélio, chegue mais cá,
puxe a cadeira e se sente.
Fazer glosa inteligente,
Laélio eu vou lhe ensinar.
Sou o tampa do lugar,
na Terra, inferno e no céu,
e o filho de Otoniel,
parece não herdou nada,
vai ter que ler tabuada
na volta de Antoniel

Antoniel Campos


25 de abril de 1974



A noite que há tanto se estendia, súbito, à beira Tejo, se foi dissipando. Há tanto emudecidas, as gentes se surpreendiam cantando. Primeiro manso, e então, a plenos pulmões. E da terra e das mãos de cada um, brotaram os cravos. Rubros cravos. Em toda a parte, floriu a terra morta. Em toda a parte, fez-se nova e eterna a primavera. E a Liberdade abriu seus braços sobre a terra, sobre o Tejo. E, por toda a Terra, fez ouvir a sua voz. E de longe, sobre o mar, nos acenava nos dizendo: é possível. E de longe, sobre o mar, todos nós, também cantávamos, também sorríamos. E sonhávamos com o dia em que os cravos — todos rubros— finalmente brotariam entre nós.


Márcia Maia


PAPA MIGUEL 36

Susane Sodré

O papa Miguel 36 no Beco da Lama

O cardeal Joseph Mozzoró foi o eleito pelo conclave de Roma para suceder o polonês Karol Wojtyla, conhecido da galera como John Paul Second. Ontem à tarde, logo depois da fumaça branca sair pela chaminé da UFRN, estudantes e intelectuais natalenses se concentraram na capela sistina do Beco da Lama para ouvir o primeiro discurso do novo papa, que adotou o nome de Miguel 36.
Ex-arcebispo de Moscow e quase prefeito da Fúria Metropolitana de Natal – que rejeita outros bispos e caciques, Miguel 36 é membro da poderosa organização multi-religiosa Orkut Dei e é um ardoroso defensor da doutrina anarquista que aponta “fé demais” na política partidária do Rio Grande do Norte e da Itália.

Mozzoró Ratzinger foi um dos principais baluartes da campanha da fraternidade de 2004, quando jovens de Natal foram as ruas contra o uso das camisinhas de candidatos sem futuro e pregaram o fim da ordenação de políticos que não entendem o processo de decadência das igrejinhas partidárias de Roma, Natal e demais províncias proto-potiguares.



O novo papa, que sucede definitivamente o papa Vivaldo I, tem se revelado um verdadeiro pregador do diálogo entre os contrários. Miguel 36 desmistifica a relação com outras religiões e inclusive acredita que os kardecistas do governo Garibaldi precisam apascentar a alma dos fantasmas que não têm onde cair morto, por falta de função no atual governo de Wilma.

Diante do dilema espiritual-administrativo, o novo papa propõe a construção de uma ponte ligando Natal à Roma, permitindo assim que os fantasmas daqui possam conviver harmoniosamente com os fantasmas do Vaticano, inclusive com a perspectiva de faturarem um extra em funções especiais nas óperas italianas.

Considerado um religioso de linha dura, Joseph Mozzoró tem combatido a libertinagem turística em Ponta Negra e o fundamentalismo partidário. Em seu livro “O Sal da Terra do Sol”, ele propõe tratar tais temas com uma “mãozada” litúrgica.

De formação filosófica e teológica, o novo papa fala fluentemente dez línguas, destacando a língua do P, o idioma do MSN, o dialeto do Orkut e ainda as línguas da galera dos cursos de Direito, Jornalismo, Medicina, Arquitetura, Administração, Letras e História.


Miguel 36 e Laélio Ferreira, logo depois da
fumacinha branca na Capela Sistina do Beco da Lama

Miguel 36 pertence a uma das entidades mais secretas da história da igreja, citada até nos livros “O Código Da Vilma” e “Eram os Deuses Fantasmas de Garibaldi?”, conhecida nos becos e rodas de Natal como PTC – Pontificado de Tradições Cabalísticas. Trata-se de uma sigla que é utilizada em conclaves municipais e estaduais para exorcizar demônios e políticos que enganam os cristãos e os eleitores.

Ugo Vernomentti



O BECO NAS PÁGINAS

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Cardeal Laélio sacramenta voto em Miguel

Mesagem chegada ao
becodalama@yahoogroups.com

Roberto Guedes, Jornal de Fato, domingo...
Sem citar a lista Beco da Lama, o jornalista Roberto Guedes parece que anda lendo suas mensagens. Seria ele um dos tantos virtuais?
Vou prestar mais atenção aos estilos...
Orf

Vendo e ouvindo
Má qualidade
A divulgação, através da internet, de uma poesia fescenina de autoria do pesquisador Laélio Ferreira ensejou esta semana, na mesma via, uma discussão entre ele e a escritora Clotilde Tavares. Enfatizando que “não sou puritana nem moralista, mas não suporto grosseria”, ela sentenciou que Laélio “deveria poupar-nos de versos como esses, que são machistas, preconceituosos e grosseiros e sequer parecem ter sido escritos por alguém que, quando quer, é um poeta sensível e inspirado”.

Repercussão



Bem, minha gente,

Não me incomoda a repercussão do que escrevo na lista, pois sei que esta é uma lista pública e quando escrevo aqui, para mim é mesmo que estar escrevendo num jornal.

Na Paraíba, eles reproduzem tudo que eu posto nas listas, já
estou acostumada.

Roberto Guedes, como bom jornalista, sentiu cheiro de polêmica e aproveitou a deixa. Mas o que eu tinha de dizer a Laélio já disse, e, para mim, o assunto está encerrado.

Beijos a todos


Clotilde Tavares







VENTANIA

O vento forte da primavera
sacode a areia da praia,
agita a cerveja no copo
balança a barraca do Zé.

O vento do amor maior
sacode a alegria do peito,
agita o sangue nas veias
balança meu ser por inteiro.

Chagas Lourenço






domingo, abril 24, 2005

NASI, A MELADINHA E O POETA

Tribuna do Norte
Nasi Canaan

Que importa a paisagem, a glória, a baía, a linha do horizonte?
- O que eu vejo é o beco!
Manuel Bandeira

Partindo do pressuposto que Assu é Terra de Poeta, sendo Santana do Matos desmembrado de seu útero, por gravidade nasci também poeta e, ainda por cima (literalmente), abençoado por serras densamente inspiradoras.
Depois de habitar o centro do Estado, vim habitar o centro da Capital, a Cidade Alta, na aurora dos anos setenta. Matuto recém chegado do sertão, vislumbrado com um grande rio de água doce que nunca seca e outro muito maior, de água salgada e galões enormes.
Minha relação íntima com a poesia se eleva ainda mais. A rua que me acolheu: Auta de Souza (poetisa), mais uma benção poética. Rua pequena tendo sua esquina à esquerda de minha casa, a Avenida Rio Branco, com grandes lojas, entre elas, a grande 4400 (Quatro Quatrocentos). A esquina à direita era caminho obrigatório, nicho de minhas amizades e brincadeiras: Rua Princesa Isabel.
Todos os dias, eu descia a Princesa Isabel em liberdade para encontrar o lazer. Um Senhor sempre cruzava minha infância em sentido contrário. Habitante da Rua Princesa Isabel, Seu Nasi subia, no seu rumo diário, para a labuta em seu bar no Beco da Lama. Crescendo entre becos e ruas pequenas, o Beco da Lama foi sempre rota de minhas andanças, onde respirava uma atmosfera mais humana e poética.
Subi os tabuleiros de Candelária pra morar, veja só, na Rua Poeta Moysés Sesyom! A poesia sempre nimbando minha existência. Nos anos oitenta, quase adulto, já freqüentava assiduamente o templo do Beco da Lama, o Bar de Seu Nazi e, em meio às calorosas discussões ideológicas, a meladinha daquele senhor contribuía para acender idéias de uma sociedade ideal.
Início dos anos noventa, meu pai me revelou que tinha servido na Aeronáutica, pós-guerra, na Base Aérea de Parnamirim, com Seu Nasi. Sempre que eu lhe lembrava que era filho de Cabo Bezerra, ele mudava a forma de atendimento para comigo, sendo um pouco mais atencioso. Eu disse, um pouco! Com essa aproximação, fui nutrindo uma admiração e respeito por ele.
Um dia, acho que fins de 1993, escrevi um poema em sua homenagem e prometi que o traria emoldurado de presente. Pra que eu fui prometer! Ele passou um ano cobrando e, em fins de 1994, finalmente, saldei minha dívida.
A Escócia tem whisky; Rússia, vodka; França, champagne ou cognac (conhaque); Porto (Portugal), vinho. O pequeno principado do Beco da Lama tem a meladinha de Seu Nasi, elixir da longa vida poética, passaporte obrigatório da boemia, bendito e exaltado pelo jardineiro musical, o glorioso Pixinguinha, que também plantou uma Rosa por lá. Minha poesia ainda exala o odor de sua meladinha, estro-essência extraída à flor do Beco da Lama.
Eis o Poema a Nasi:


ENTRADAS & SAIDEIRAS
Ao Grão-Mestre da Confraria do Beco da Lama, Nasi
(Retreta Poética - 2002)


O vácuo noturno vaga vielas e avenidas
Desembocando no beco
A nau dos sedentos bandeirantes.
Entre entradas e saideiras
Saúdam santos e errantes.

Entre os tragos da resistência
E as tréguas da existência,
Sobra uma lua
Suspensa por cabos e fios
Dos cinzentos edifícios,
Para embalar abrigos embriagados,
Mendigos, boêmios e poetas
Que buscam o ouro reluzente
No fundo dos copos do alquímico Nasi.

Em sua taberna, papiros nas paredes
E pêndulos tecidos mil e uma noites a fio,
Aspiram a poeira poética.

Mais um anoitecer
E o Beco-Albergue
Acolhe ilustres e anônimos.


Manuel de Azevedo


POETAS BECODALAMENSES

Ponta Negra

As mãos tocavam o fecho
da calça "Lee"
os dedos abriam o "zíper",
as mãos já nos quadris
desciam a calça levemente.
O corpo bamboleando
ajudava a calça a descer
roçando macio.

Aos poucos,
apareciam as coxas
carnudas, rosadas
contrastando
com o preto cintilante
no regaço.

A calça, já fora do corpo
é atirada ao chão
A moça senta-se suavemente,
abre as pernas
deita-se enfim.
A água do mar
no vaivém das ondas
molha seus pés
e o sol de Ponta Negra
bronzeia seu corpo.


Chagas Lourenço



De Cabeça

As meias palavras, as meias verdades,
a meia hora e o sim pela metade.

Todo meio-termo será nulo
e faço do quase a palavra que risco.

Seremos:
o em mim o em ti. Não mais tu ou mim.

A palavra erra não porque disse errado,
mas porque não disse.

Por isso eu digo agora: é de cabeça.
E nada será em mim sem que não sintas.

Por isso eu digo: é para sempre,
que o tempo é intensidade e não sucessão de horas.

Por isso eu: sim, levo-te comigo,
que já não vou ou fico

: tu és em mim permanência.
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Antoniel Campos


Vontade

Queria escrever um poema
colocar em palavras todo o sentimento
Queria que o sentimento te alcançasse
e que todas as palavras fossem só poesia
Queria que as palavras, o sentimento
e a poesia contida em cada gesto contido
te fizessem me ver
como eu queria

Ana Paula Cadengue


Verdade


Era um amor tão forte
Que o ciúme deitava e rolava
Na fronha, no laço
Era um amor tão sincero
Que a saudade fazia a cama
Brincava com manha sem cansaço
Era assim, amor verdadeiro
Hoje
pedaço de gelo.


Yasmine Lemos


PALAVRAS AMIGAS

Márcia Maia
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Raul e Nagério em um sábado de Beco da Lama


Queridos,

nem sei como começar e sei que vou terminar esquecendo alguma coisa. Sempre é assim quando se vive alegria e emoção. Mas vale correr o risco.

Adorei encontrar todo mundo junto no lançamento do livro de Antoniel. Eita coisa tão boa foi!

E adorei reencontrar alguns, outras vezes, de um jeito mais calmo.

Então, só umas lembranças:

ANTONIEL- você, em primeiro lugar, por ter me trazido ao Beco. Sem isso, toda a alegria desses dias nunca teria acontecido. Então, todos os mercis, obrigadas, grazzies, gracias, thanks, do mundo por isso.

LÍVIO- acabei de ver vc aqui. ;) Prazer grande, poeta. Adorei o livro. Sobretudo "Espera."

CID- e eu que pensava que vc fosse velho, acredita? Valeu a alegria do encontro. Já me ofereci pra ser sua amiga no Orkut. ;)

CIDA- ah, moça, que deslumbramento ouvir você! Fiquei encantada.

ALUÍZIO- obrigada pelo poema publicado e pelo carinho. Fiquei emocionada e feliz ao ler. E trouxe o jornal pra me 'amostrar' por aqui. O nó desse meu nome por aí é que muita gente ficou achando que o poema era da deputada...rs

VENÂNCIO- ei, nem sei como agradecer o Batman&Robin. ;) Adorei tudo. Merci ( só pra não perder o hábito). ;)

ORF- andava mesmo com saudades de ver vc. E sabe, tá muito mais bonito que das vezes anteriores.;)

BARBINHA!- amei lhe encontrar! Pena que foi só um dia. Mas outros haverão, não é? Beijo!

PROFESSOR BIRA- valeu cada tempo junto, cada papo, cada verso. Surpresa boa vc foi. Aqui pra nós, não imaginava de jeito nenhum como vc era. rs Ah, depois, vou procurar um soneto pra mandar, tá?

MEIRE e JOSÉ- reencontro sempre é bom, né? E esse foi. Em tudo. Desde o sarau da Casa da Ribeira ao Beco, no dia da Poesia. Pena que vim sem revê-los. Mas... com certeza a gente se encontra de novo.

ALEX - e eu que tinha certeza que a gente já tinha se conhecido, ano passado? Bom demais lhe ver ao vivo.

JULINHO- eita papos bons, hein? Amei. Coisa boa conhecer ao vivo e rir com vc.

Ah, aos dois juntos, ALEX e JULINHO, um aviso: assinei o livro preto, logo, agora também voto. ;) E vou praí, é claro, votar. rs

PADRE AGUSTIN- nenhuma surpresa. Vc é a pessoa especial que eu esperava. Só que ao vivo, resplende ainda mais.

VALDEREDO, nem sei se está na lista, mas se não estiver, vcs dão o recado- vc sabe o quanto gosto de vc. Já lhe disse, né? Saudade.

CHAGAS- acredita que tô bege até agora? rsrsrsrs Pois é, mas falta a gente escrever nossas aventuras vietnamitas nas manhãs dos sábados de antigamente, né? Amei nosso re-encontro. ;))

CRYS- sem palavras. Só beijos. A gente ainda vai conversar muito, não é, amiga?

HUGO- oh, homem bonito esse meu amigo-fotógrafo! ;) Adorei tudo. Tudo. Merci. ;)

SIMONE- tô quase escrevendo idem a Crys. Mas, tem mais. Obrigada por tudo, pelas risadas, pelos passeios, pela cumplicidade e por tudo o mais. Até por agüentar I. comigo... rsrsrsr Mas quero saber daquele segredo, viu, moça? ;)

YASMINE- minha filhota-princesa, vc é tudo e mais um pouco. Emoção à flor da pele . Sobretudo naquele sábado de manhã, em família. Beije todos por mim. Inclusive a doçura de CAMILO, vc em edição morena. Ei, adorei aquele 'aquele'. ;) Ah, e muita coisa pra gente conversar ainda, não é? Marque a hora.


LÉO-meu-amigo-querido-um-tanto-ciumento, coisa boa é poder lhe chamar de amigo e saber que somos amigos, sim. Se cuide, viu? Obrigada por tudo. Até ( ou sobretudo?) pela begice. rs Nem sabe quanto bem quero a você.


DUNGA- ver Natal pelos seus olhos é descobrir uma Natal insuspeita e linda. Viver um Dia da Poesia ( ou uma Semana da Poesia?) com você é certeza de encantamento e alegria. De ser feliz. E isso não tem preço. Não se esquece. Nunca. Um beijo imenso, porque dizer obrigada parece pouco e sem sentido.(Ah, sonhei com aquele quadro vermelho que fica perto da porta da galeria da Fundação: com uma imagem dançante-quase-avoante amarela de mulher que 'vi' nele e tinha esquecido de comentar. rs)


Devo ter esquecido alguém, os que encontrei menos vezes, mas culpem a emoção desses dias. E não se magoem. E me queiram bem, sempre. Como quero a cada um de vcs.

Obrigada por cada riso, cada poema, cada cerveja, cada afago, cada alegria, pela amizade toda. Esses dias com vcs estão inscritos entre os melhores da minha vida.

Um beijo imenso no coração de cada um,






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Márcia
Thu,17 Mar 2005 11:00:11- 0300


TARDES DE SÁBADO NO VIETNAM

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Recife, Pátio de São Pedro, anos 70


para Chagas, com saudade e carinho


Ao meio-dia, eles saíam. Em bando. Dos quatro pontos cardeais. Vestiam quase sempre, calças jeans: lee ou lewis. Quase nunca, camiseta. Sandálias de couro em vez de tênis.
Cabelos compridos ao vento. Violão na mão.
Elas se vestiam quase igual. Calças jeans, boca de sino. Raramente mini-saia. Blusas curtinhas, de malha, às vezes, bordadas, deixando entrever umbigo e o cós da calça. Quando havia cós na calça. Cinto de couro, sandálias e bolsas, também. De artesanato. Nenhuma maquiagem.
Cabelos compridos ao vento. Violão na mão.
Encontravam-se perto de uma hora, no bar junto ao cemitério. Terraço de madeira, mesas trôpegas, mínimo. Ali, muitas revoluções salvaram o mundo. Amores nasceram. Amores morreram. Todas as canções foram compostas. Todas as canções foram cantadas. E os sonhos brotaram, meio aos copos de cachaça e de cerveja, como brota o capim depois da chuva.
Enquanto na Ásia, a guerra se fazia, e aqui, a ditadura estendia até eles, suas garras, e os prendia e os matava, ali, no bar junto ao cemitério, à beira da estrada, eles eram felizes e livres nos sábados à tarde. Num pequeno paraíso chamado Bar da Tripa, vulgo Vietnam.


Márcia Maia


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Recife, Rua do Sol, anos 70.



Minha querida Márcia,

Só você pra me arrebatar de volta para o edifício ilhado da rua dos Palmares, guarita do populoso Santo Amaro, com águas regurgitadas pelo velho Capibaribe, vindas aos borbotões da Cruz Cabugá.
Só você pra me levar de volta ao 1403 do Edifício Suape, na barulhenta esquina da rua do Hospício com a Av. Conde da Boa Vista (lembra Marcolino?).
Só você pra me jogar dentro de um ônibus lotado na Avenida Caxangá, no caminho da Faculdade de Economia da UFPE.
Só você pra me transportar nas tardes de sábado para o Bar da Tripa, tomar cachaça com caldo de Sururu, cantar canções e fazer versos de protestos, contra a guerra do sudeste asiático, no Vietnã, e chorar de revolta contra a repressão da ditadura brasileira, que ceifava todos os dias a vida de companheiros da infância.
Só você para me lembrar os amigos da Madalena e do Derby, chamando para ver o primeiro programa a côres da TV Tupi, com Flávio Cavalcanti vestindo uma camisa vermelha berrante, para chamar a atenção.
Só você para me levar de volta à travessia da comprida Av. Recife, cruzar o Tejipió, a Imbiribeira, a Barão de Souza Leão e, finalmente, chegar a rua Nossa Senhora dos Navegantes, imediações do Posto Esso, onde conspirei, escrevi, amei e vivi parte da minha vida.
Só você pra me levar agora para a estante e folhear a Geografia da Fome, de Josué de Castro, e olhar tristonho para Homens e Caranguejos, do mesmo Josué, falando de humanos sobrevivendo nos mangues do Beberibe e do Capibaribe, que, por ironia, se encontram depois e, juntos, abraçam o mar sob os olhos do Palácio das Princesas, na pujança e beleza da Veneza Brasileira.

Um grande beijo, Marcinha, marejado pelas lembranças e pela saudade.

Chagas Lourenço

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Recife, UFPE, anos 70: Chagas no Vietnam



Hugo Macedo©

Beco da Lama, o maior do mundo, tão grande que parece mais uma rua... Tal qual muçulmano que visite Meca uma vez na vida, todo natalense deve ir ao Beco libertário, Beco pai das ruas do mundo todo.

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A imagem de fundo é do artista plástico e poeta Eduardo Alexandre©

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