sábado, setembro 10, 2005

O POEMA ACORDOU

"O governo não mostrou a inteligência nem a ousadia do povo."
Cristovam Buarque
Os (30) dias virão!





Palavras estáticas
Firmemente ditas,
Altamente escolhidas,
Simplesmente ridículas

Palavras restritas
Naturalmente indevidas
Completamente encolhidas
Eternamente esquecidas

Palavras contidas
Perpetuamente absorvidas
Saborosamente escritas
Estritamente entendidas

Palavras proibidas
Fervorosamente esperadas
Calmamente ponderadas
Inevitavelmente indecisas

Palavras amanhecidas
Provavelmente envelhecidas
Indiscutivelmente estremecidas
Absolutamente aborrecidas

Palavras envaidecidas
Estupidamente corrompidas
Totalmente estarrecidas
Prazerosamente não ditas

Deborah Milgram


A PRIMEIRA CENA

Os (30) dias estão chegando!





“And thou were the truest lover
of a sinful man that ever loved woman. And thou were the kindest man
that ever struck with sword. And thou were the goodliest
person that ever came among press of knights.”
(Thomas Mallory, La Morte d’Artur, Livro II, Cap. XIII)



A gaivota me trouxe um galho queimado
E algumas folhas de gingko.
As rezadeiras disseram então
“Bom augúrio! Muito bom augúrio!”, mas
Eu duvidei de todas elas.
Esse é um tempo sem profecias,
Um tempo de rapidinhas, mutreta, tramóia,
Atividade na saída, e cobras na lanchonete.
Pela manhã, faces escolhidas a dedo no armário
Abrilhantam e cobrem o dia de perfumes e máscaras.

Mas as rezadeiras tentaram colar alguns pedaços de
Argila, forma procurando qualquer forma.
Foi quando Gurnemanz aproximou-se e disse:
“Veja rapaz, veja aquela ponte!”
“Embaixo dela corre um rio e centenas de esgotos,
Cadáveres, toneladas de lixo que a cidade
Joga nela mesma todos os dias.”

“Sombras, meu rapaz, apenas sombras! Esta cidade é
Apenas mais uma sombra feita de memórias
Rápidas que desaparecem debaixo das tumbas no Alecrim,
Novos corpos, novas línguas, novas lendas, mas
Sempre o mesmo lixo, sempre as mesmas centenas
De esgotos, e o rio abarcando tudo, abraçando tudo.
Pare um pouco e escute: veja as lajes, as cruzes,
Sem fotos, sem nomes, vazias de tudo e somente o rio
Abraçando e a abarcando tudo. Mais os esgotos.
Lembre meu rapaz, nada você é,
Nada eu sou e a tudo pertencemos, com tudo e por tudo.
Imagem última, eco derradeiro.
Junto ao seu coração carregue sempre a
Pedra silêncio, aquela que fala nas horas grandes,
Água por água, fogo por fogo, vento por vento,
Isso é o que importa.
Olha aquele pregador! Ou aquele banqueiro feio
Arrotando na calçada.
Ou aquele bêbado atormentando sua vida e a dos vizinhos?
Sombras recheando palavrão e contravenção
Num mesmo palco, num plenário desalentado e vazio.
Mímica milenar, feia e torpe;
Teatro falido recitado de memória com
Enfado e convicção por personagens desgastados, cuja
Voz dissolve-se lentamente em meio ao
Ruído das caixas registradoras, dos caminhões de lixo e
Dos carros de polícia.”.

E perguntei a Gurnemanz:

“Como eu posso afugentar o veneno dos
Homens, mulheres, víboras, escorpiões e
Profissionais responsáveis? Como eu posso
Sentar nessa praia com meus amigos, de mãos dadas, fumando e cantando?
Como passar ao largo dos
Compromissos, afirmativas, missivas, comissões,
Comitês, Assembléias, Almoços e Funerais?
Eu não preciso de um mundo complicado, Sire,
Eu não preciso de um crédito imaculado.
Às vezes, durante as tempestades
Eu vejo a
Maré
Me jogando
100 metros pra cima e
No meio da rua dos fundos, justo em
Tempo da Assembléia municipal de pais e filhos
Perseguirem-me e lincharem no meio da rua dos fundos.
Segundo eles eu descobri e expus seu mais
Temível segredo, seu mais precioso tesouro,
Sua memória mais secreta.
Não faço a mínima idéia do que seja,
Mas o fato é que por 300 noites e 300 dias
Eles me perseguiram sem descanso, até você
Chegar e
Luz
Fez-se
Na minha parede
E suas histórias me acordaram feliz,
Afugentando a História outra vez, sim, feliz.”

Gurnemanz me deu um vaso chinês,
Uma bolsa de erva e duas pedras antes de dizer:
“Não se assuste , meu amigo. Não tema.
Duas coisas homem não gosta: tempo e
relógio. Por isso criam museus
Tribunais, serviços sociais, fundações beneficentes;
Por isso criam sindicatos e associações, fan clubes e forrós.
Só assim eles podem dormir sem Valium e sem sonhos.
Portanto meu amigo, não tenha medo
Do canto mais escuro do seu quarto e lá,
Enrolado num cobertor de lã azul,
Tente falar com os anjos.
De que outra forma
Poderíamos aprender a ilusão do milagre e da
Penitência, o vazio do ídolo e do idolatrado,
Decifrar o mistério dos eclipses, mantendo o vento
Frio lá fora, mas ao alcance
De nossa imaginação tão simples e tão arbitraria?”


*NA: Este poema apareceu em versão inglesa em 2003, na publicação “Poetry” , do New England Poetry Club, Cambridge, Massachusetts, EUA, e é parte de um poema longo sobre o ciclo Arturiano. (A presente tradução é do autor). Gurnemanz, uma das vozes do poema, é um dos personagens do ciclo, e foi introduzido por Mallory 1469.

Marcílio Farias


O TÚNEL

"O que não aceito é ser enforcado antes do tempo."
Deputado Severino Cavalcanti, presidente da Câmara
5 sessões!




Há um túnel
Extenso!
Profundo!
De paredes coloridas.
Que atravessa rochas
E perfura o mundo.

Gira, transfigura-se,
Alternando suas cores,
Seus pigmentos
Cintilantes e multicoloridos.
Que hipnotiza
E a ele nos gruda.

Ora nos faz deslizar
E cair em suas trilhas.
Também nos prende
Em suas teias;
Outras vezes nos imobiliza
Apenas com o seu esplendor.

Não se avista um fundo.
Há, todavia,
Um caminho para ele
Que poucos
Têm coragem
De percorrer...
Mas que muitos
Gostariam de fazê-lo.

Há um túnel.
Extenso. Profundo!
Mas existe também
Um caminho
E uma bússola...

A saída?
Ora...
Encontre primeiro
O túnel...

Robério Matos


PHELAN E OJUARA


Meu irmão, a gente resolve tudo.
Vamos conversar?
5 sessões, 30 dias!




O POÇO

Ninguém ouve, mas eu ouço...
Os passos; as vozes
No fundo do poço.

Me sopram o chamado, e me chamam de amigo
Me alisam o corpo... E eu ouço...
Os passos; as vozes
No fundo do poço.
Evito pensar. Pensar que estou louco
Não posso fugir...E eu ouço...
Os passos; as vozes
No fundo do poço.

É lá que eu habito no tempo ...é lá que eu sinto o sufoco
É lá... Que eu ouço...
Os passos; as vozes
Do fundo do poço.

... Ainda ouço...
Os passos; as vozes
Do fundo do poço.

Charles M. Phelan



O Imigrante

Não me sinto à-vontade para falar-lhe sobre minha cidade ou minha vida pessoal, mas o farei mesmo assim. Evito qualquer esforço desnecessário. Minha saúde está fraca. Começarei pelo passado. Lembro que a minha juventude foi marcada por momentos fantásticos que me fazem, hoje na minha velhice, querer revivê-los. Digo-lhes para ensinar-lhes uma lição. Uma lição de vida. Uma lição de apreciação pelo que temos ao nosso redor. Foi por isso que resolvi falar. Contar tudo. Quase tudo... Sou ciumento, e às vezes egoísta, e como todos afligidos por esse mal, não gosto de compartilhar o que é meu.

Glorifico-me no único poder que a vida me reservou. Poder falar aos mais novos sobre o que tive e o que fiz na minha juventude. Vivi intensamente cada momento.

Dos quinze aos vinte anos fiz tudo que podia. Jogava peladas nas praias do bairro, olhava as meninas de biquíni, até bebia umas cervejas para tentar impressionar “as gatas”; o linguajar que as denominam hoje. Passei o tempo entre atividades acadêmicas, as quais pouco me interessavam, e atividades sociais. Meu passatempo predileto era ficar conversando bobagem com os amigos. No fim das tardes o movimento da cidade acelerava, os faróis dos carros ligados e o ronco dos motores me animavam. O sol cor de brasa maquiava aquele céu lindo. Era o adormecer do dia... e o acordar da noite que me interessavam. Eu e meus amigos fazíamos a maior algazarra, contando piadas de noite adentro. Suponho que essa alegria era transparente, óbvia, e até causadora de inveja.

O fim das tardes era tudo que eu almejava naquela época. Íamos até a praia no velho fusca só para ver as dondocas.

Mas com vinte e poucos anos tive que deixar a minha cidade e ir a procura de sustento em outra. Meu paraíso já não parecia tão acolhedor. Cheguei a achar que tinha perdido o amor completamente pelo lugar, ou que o lugar o tinha perdido por mim. Emprego era escasso. Fui para outro país tentar a vida e ser um forasteiro. Trabalhei duro, fui maltratado, desrespeitado, abusado, xingado e mal remunerado. Quis aproveitar a idade de jovem rapaz para construir o famoso “pé de meia”. Oh! Que ilusão... a meia estava furada. Não consegui economizar sequer um dólar. Nada parecia como a minha cidade, lembra? aquela que deixei? Eu enchia a boca de “a minha cidade.” falava para os gringos de suas maravilhas, das belas praias e do povo acolhedor. Procurei achar forças na imagem da terra que deixei, e nas memórias de bons tempos. Notei que quanto mais me injetava de lembranças passadas, tentando acordar momentos felizes que já hibernavam por muito tempo, mais me rasgava o coração de saber quanta falta aquele lugar me fazia. Na América a realidade era outra. Poucas amizades e muita solidão. Eu tinha trocado o cheiro salgado do mar pelo frio doloroso das Américas, ou “States”, como falávamos naquela época. Havia trocado a camaradagem do povo da minha cidade pelo egocentrismo e frieza dos gringos.

Aos quarenta anos, ainda vivia com imensa saudade da minha terra. Porém lá, eu seria considerado um idoso, um incapaz, um inválido por ter chegado aos quarenta. Como doía meu coração em saber que me faltavam argumentos para combater os constantes insultos dos gringos. “Por que não volta para sua cidade se é tão boa e acolhedora?” diziam os filhos da puta com sorrisos irônicos. Os olhares consternados pelo simples fato de ter de lidar com mais um latino, sempre me fizeram sentir como um estranho. Quase vinte anos haviam se passado, e eu, ainda não me sentia à vontade – ainda não me sentia em casa.Continuei sonhando no meu retorno.

Mais uma década passou e o sonho não veio. Aos cinqüenta me vi sem dinheiro, e sem ninguém para chamar de amigo. Foi ainda mais estranho. Tinha conseguido chegar ao impossível. Um homem sem pátria, sem dinheiro e sem alguém para chamar de família. Tinha concentrado todas as minhas energias em uma única coisa – voltar para minha cidade – e deixei de viver o presente. Sentia-me aprisionado. Aprisionado fora da minha cidade. Acho que preferia ter sido um detento na minha terra, que um homem livre lá nos “States”. Pelo menos era a minha Terra, o meu sol brilhante no final das tardes, meus novos e velhos amigos, conversando bobagens. Quem sabe até jogaria um futebol...

Chegou à idade de me aposentar. Sessenta e sete anos de vida. Finalmente, só mais um mês e good-bye trabalho, good-bye América. Comecei a pensar o que faria com este novo começo, com esta nova vida. Sonhava com o aroma do mar, com o chiado das ondas alisando a areia, o roçar das palhas dos longos coqueiros. Sonhava até com a textura da areia, fria, entre os meus dedos. Parecia uma criança em véspera de natal. Sonhava até mesmo comigo aos vinte anos e com os amigos. Aqueles velhos amigos da época. Quem sabe ainda estariam vivos.

Comprei minha passagem de avião. Ia para casa finalmente. Quase cinqüenta anos longe daquilo que eu mais amava. A minha Terra! A minha cidade! A minha liberdade... Ia para minha cidade, só minha, só minha. Com a passagem em minhas mãos, hoje velhas e enrugadas, as lágrimas me caiam a face sem que eu pudesse contê-las. O soluço me tirava o ar. Duas malas resumiam cinqüenta anos de trabalho. Toda a minha vida em duas malas. No aeroporto as pessoas me olhavam confusas. Quem sabe indagavam o porquê de um velho em prantos. As minhas mãos tremiam segurando a mais preciosa das jóias naquele momento – a passagem para liberdade. Foi assim que eu a apelidei carinhosamente: a passagem para liberdade. Que ironia.havia falado o mesmo quando estava para ir para América. Uma vontade imensa de gritar “LIBERDADE!”, antes de embarcar, mas me contive e silenciei.

Fazem treze anos que estou de volta a minha cidade. Estou doente, condenado a morrer a qualquer momento do câncer que me afligi, me devora e corrói os intestinos. Resolvi compartilhar essa estória, pois talvez não tenha outra oportunidade. Estou fraco, mas feliz. Tive o prazer de ver o mar, o sol radiante, as pessoas, e sentir o clima agradável daqui. Joguei dominó com velhos e novos amigos que fiz nas calçadas, como a sessenta anos. Ainda continuo ciumento, e por esta razão lamento não poder revelar onde é a minha cidade, pois como já havia falado – a quero só para mim, só para mim, nos meus últimos dias...

Charles M. Phelan



Boa mesmo é a noite do corno resolvido
ENTREVISTA COM FÁBIO DE OJUARA
Verso X Versos
Diário de Natal, 14 de Março de 1996

VVV - Ojuara, chifre pesa em cabeça de corno?

Ojuara - No princípio, sim. É claro que antes de casar, as experiências anteriores sempre são um bom aprendizado. Até que você escolhe a mulher ideal, a mais pura, a mais honesta, a que promete fidelidade para sempre, e aí você cai na conversa, certo de que será feliz num casamento duradouro. Quando os amigos começam a rir por trás de você, sem que você saiba bem porque, é aí que começam as desconfianças, e você passa a sentir-se incomodado. Aquela estória do melhor amigo, quase sempre é batata, é ele o primeiro a usufruir de sua mulher. Ele chega para uma cervejinha e você não está, ficou trabalhando até mais tarde, e aí a coisa acontece. Conversa vai, conversa vem, e a mulher termina por confessar a insatisfação sexual do casamento. "No melhor da festa, ele goza e dorme, e eu fico o resto da noite a ver navios, esperando pela noite seguinte que vai ser do mesmo jeito", começa ela provocante, oferecendo uma bebida mais quente, uísque, conhaque, até que o car a não mais agüenta tanta provocação e termina por trair o amigo, certo de que ele jamais saberá do ocorrido. Ele freqüenta mais algumas vezes a sua casa, fica meio acanhado de sua companhia, até que a amizade vai azinhavrando e ele passa a encontrar-se com ela em motéis de segunda categoria. Depois de um certo tempo, a insatisfação dela continua, agora com ele, já sem o pique inicial da traição, parceiro já conhecido, tudo explorado e novidade nenhuma a experimentar. Aí a cama do marido ganha tesão novamente e ela passa a demonstrar maior carinho com o lar. Mas vem a recaída e ela procura outro alguém, agora já fora do ciclo de amizade, alguém do trabalho ou mesmo um desconhecido que lhe passa uma cantada na rua, oferece-lhe um sorvete, e pronto, a desgraça mais uma vez acontece. De parceiro em parceiro, a notícia vai se espalhando. O seu irmão chega e diz que ouviu a conversa numa mesa de bar, você não acredita, pergunta ao seu melhor amigo se el e sabe de algo e ele nunca sabe, até que as conversas são tantas que você começa a desconfiar mesmo de que aquelas estórias têm fundamento. É aí que o chifre pesa. Você fica capiongo, entristecido, louco para saber onde você errou, já não mais se achando o mais vigoroso varão.

VVV - E aí, o que você faz?

Ojuara - A primeira coisa são as insinuações. Morto de vergonha, você passa a inquirir a mulher disso e daquilo. Onde você andou, por que demorou tanto, onde está gastando tanto dinheiro. A mulher sempre tem resposta convincente, e, na cama, tira qualquer dúvida do pobre do corno. Presenteia-o com uma noite das mais maravilhosas, insinua coisas que ele jamais ousou e o relacionamento sexual vai ficando cada vez mais gostoso, a mulher a demonstrar uma tesão insuspeita em você, inebriado pelos seus suspiros e arquejos, cada vez mais langorosos. Mas as chacotas continuam e você volta a ficar murcho, andando pelos bares, decaindo, decaindo, até amanhecer na sarjeta, depois de uma noite a ouvir Reginaldo Rossi.

VVV - E o cara não toma nenhuma providência, Ojuara?

Ojuara - Ele pensa logo em contratar detetive, mas morre de vergonha. Aí passa a procurar raparigas nas ruas e vinga-se da mulher corneando-a também. Isso até que ajuda um pouco e ele até retoma uma felicidade aparente. Mas a notícia já está no mundo e as insinuações tornam-se cada vez mais freqüentes, os amigos cantando "lá vem ele, com a cabeça enfeitada"... e você passa a nem mais dar-se a respeito. E cai na dor de cotovelo de novo, volta a sarjeta enquanto a mulher está a vadiar nos motéis da cidade. É um inferno esse período. Aí você toma uma decisão. Parte para uma conversa franca com a mulher, diz que vai deixá-la, que não suporta mais ser chamado de corno pelos amigos, pelos inimigos, até pelas mulheres. Mas ela volta a premiá-lo na cama, mostra novos segredos e é aí que você passa a desconfiar mesmo dela. Onde diabos ela aprendeu isso que eu nunca fiz com ela? E aí você passa a experimentá-la, cada noite mais excitado, a mulher a inventar posições e práticas inusitadas, deixando o marido morto na cama, sem agüentar mais nenhuma.

VVV - Ele passa a gostar da situação?

Ojuara - Em parte, sim. Ele desconfia, mas ainda não tem certeza de que é corno, e essa dúvida atormenta-o. Aí ele toma a decisão de seguir a mulher. Diz que vai trabalhar até mais tarde e fica na esquina esperando. Ela toma um ônibus, ele toma um táxi e segue, dizendo para o motorista que é da polícia civil e está espreitando perigoso trombadinha, suspeito de um crime de morte. Ele perde a mulher de vista e adia a descoberta, até que um belo dia ele flagra a mulher entrando num motel com um conhecido seu, de farra. Aí você fica desesperado, tem vontade de matar, de morrer, mas não tem coragem de surpreender a mulher na cama com o outro, conhecido seu, a notícia a se espalhar de vez entre todos. Você fica atordoado, passa uns dias sem querer voltar em casa, até que a mulher o procura com conversas de "o que foi que aconteceu?", "por que você não vai mais dormir em casa, filhinho?" E você, já desprovido de qualquer orgulho ou auto-estima, há dias sem ver mulher, parte disposto a tirar o atraso, e dá todas, certo de que está enganando a companheira com seu silêncio. No dia seguinte, tem vontade de lhe dar umas porradas, dizer que sabe de tudo, mas vai para o trabalho caladinho, doido para que chegue a noite, para pegar a mulher de novo, certo de que ela o traiu, mas sem demonstrar qualquer desconfiança, tornando ainda mais prazerosa aquela noite, a mulher cansada, sem mais nada querer, e você em cima, a exigir os prazeres que ela vem proporcionando fora de casa, você agora a inventar coisas que ela nem sequer jamais insinuou. Aí você fica nesse jogo de gato e rato por algum tempo, até que diz conhecer toda a estória da traição, citando nomes, lugares, toda a safadeza que ela vem fazendo esse tempo todo.

VVV - E aí?

Ojuara - Aí ela queda-se derrotada. Termina por confessar tudo e pede perdão, diz ser uma coisa compulsiva, que precisa de ajuda para não mais cair em tentação, chora, diz que lhe ama, e você vai para o trabalho como um rei, arranja umas putas, passa novas noites na rua, certo de que a mulher está em casa, arrependida, sem nada fazer. E está mesmo. Agora é você quem está por cima, a mulher acabrunhada, com medo de cair de novo em tentação, e você a corneá-la todas as noites, tomando fôlego, refazendo-se das dores sofridas durante tanto tempo.

VVV - E aí a mulher se regenera e o casal é feliz para sempre?

Ojuara - Que nada. Mulher que trai, trai. É só uma questão de tempo. Mais dia, menos dia, ela volta ao paraíso, só que agora você sabe que ela o está corneando mesmo e passa a nem ligar. Ela lhe corneia de um lado, você corneia ela de outro, fica tudo um a um e a vida melhora para ambos.

VVV - Quer dizer que o corno passa a gostar da situação?

Ojuara - Tanto que a melhor noite para ele é quando ele sabe que a mulher o traiu. Aí ele pega, e sente-se no direito de todos os prazeres. Mata a mulher de cansaço, dá três, dá quatro, na frente, atrás, emborca, faz o que quer, e a mulher ali, pronta pra tudo, sem nada dizer. A melhor noite do corno é quando ele tem certeza de que naquela tarde, a mulher o traiu.

VVV - Ojuara, como a cidade do Ceará Mirim recebeu a idéia de criação da Associação dos Cornos que vocês fundaram por lá?

Ojuara - Não muito bem. Eles pensaram que era provocação, já que a cidade tinha fama, mas logo perceberam que os cornos estavam se assumindo, associando-se, e hoje já não causa mas nenhuma polêmica. Depois daquele programa do "Você Decide" que tratou do assunto e eu fui entrevistado ao vivo para todo o Brasil, o pessoal da cidade viu que havia outras associações no país e me deixou mais de mão. A paz voltou a reinar na cidade.

VVV - Se você voltasse a se casar, teria medo de chifre?

Ojuara - Com certeza, não. Até ia incentivar a mulher, para que nossas noites se tornassem mais gostosas.

VVV - Quer dizer que você não mais se importa em ser corneado?

Ojuara - De jeito algum.

VVV - Você é adepto da troca de casais?

Ojuara - Como assim?

VVV - Tem casais que só se satisfazem quando trocam os parceiros. O marido fica com a mulher do amigo, e este com a sua mulher. Vão para um motel e lá se divertem como gostam.

Ojuara - Não. Aí eu não topo. É diferente. Isso é pouca vergonha. Sou daqueles que admitem o chifre, mas daí a levar a mulher para outro cara transar e eu transar com a dele, isso não. Ela que vá a luta, procure com quem também se realizar, que eu faço o mesmo. Eu sou corno do tipo tradicional, não sou chegado a essas modernidades sexuais de hoje, não.

VVV - Você é favorável a sexo grupal?

R - De jeito nenhum. Não confunda. O fato de ser corno não quer dizer que eu seja permissivo. Eu dou liberdade a mulher. Se ela quiser, que use. O bom é quando você não tem certeza de que houve a traição. Só desconfia. O ciúme é que não deve existir. Ele acaba qualquer casamento.

Eduardo Alexandre




sexta-feira, setembro 09, 2005

MEU POEMA DO ABSURDO

“Acréscimo patrimonial não justificado”.
5 sessões. Estão bem pertinho!


AG


Tava bebendo cachaça,
cum um pastô paraibano,
êle enrolô um cigano,
numa troca de animá.
No açude de Boqueirão,
méiguiêi fazendo farra,
saí na Boca da Barra,
lá na Redinha, in Natá.

Gostando da brincadêra,
alí meiguiêi de nôvo,
saí no Parque do Povo,
numa rêde de máia fina.
Vestido só cum uma tanga,
encontrei um jabotí,
qui vinha do Carirí,
p'ro cabaré dais Bunina.

Dalí mermo de Campina,
peguei um trem p'ro Japão.
Num jumento garanhão,
cheguei lá, pasmem vocêis.
Me encontrei cum Zé Limeira,
seu parêia, Orlando Tejo,
e uma rapariga do brejo,
na zona duis japonêis.

A farra foi de lascá;
japonêsa sem vestido,
no forró de chão batido,
eu, de cuéca e gibão.
Fiz forró de pé de serra,
in riba de uma catatumba,
triângo, fole e zabumba,
na capitá do Japão...

Esse poema foi uma homenagem minha a
Zé Limeira e ao escritor paraibano Orlando Tejo.

Bob Motta


UMA MEDÁIA PRÁ MUIÉ

Paciência, minha gente. Paciência:
Os (30) dias estão chegando!
As (5) sessões também.


Léo Sodré
Léo Sodré

Eu quero lhe oferecê, e lhe dá cumo presente,
uma medáia deferente, qui num tem reá valô.
Essa medáia, muié; qui tá cunhada in papé,
traiz in fóima de cordé, versos qui fala de amô.

Nele amostro qui você, é a própria inspiração,
prá eu falá cum o coração, e mode isso é tão querida.
Você cum toda certeza, é a jóia mais preciosa,
e a mais fóimosa dais rosa, do jardim da minha vida.

Se você quizesse usá, seu pudê de sedução,
tinha o hôme in sua mão, de dereito e de fato.
Bastando somente usá, ais fôrça qui você tem,
sem mais, taivêiz ô porém, faiz dele, gato e sapato.

Mas, não; você é esse doce! Prefere ser seduzida.
Puro hôme iscuída, na sua, espera quétinha.
Eu, poeta, p’ro inzempro , digo in verso ao naturá:
Prefiro ser seiviçá, e lhe tê cumo rainha.

Mode chegá inté você, eu faço o que fô preciso.
Do inferno ao paraíso, me transporto in um segundo.
Se eu subé qui vô ganhá, só dez tões do seu caríin,
piso in brasa, vrido e espíin, e faço tudo no mundo.

Quem me vê nessa batáia, com certeza vai pensá,
qui o poeta populá, dessa vêiz inlôqueceu.
Mas, eu tô são cumo nunca. Você pode fazê fé.
Caminho léguas a pé, mode ganhá um bêjo teu!...


Bob Motta



Prova dos Noves

Somei minha inocência à sua sensibilidade
Somei minha anonimidade à sua retórica
Somei minha infantilidade à sua totalidade
Somei minha presenca à sua volatilidade
Somei minha ingenuidade à sua maturidade
Somei minha incerteza à sua sinceridade
Somei minha imaginação à sua realidade
Somei minha instabilidade à sua integridade
Somei minha aspereza à sua fragilidade
____________________________________
Total: Absoluta improbabilidade.
Nota: A ordem dos fatores não altera o resultado

Deborah Milgram




terça-feira, setembro 06, 2005

SE A FARINHA É MUITA...

Haja jabá!
Colégio Eleitoral, governo temporão!



Se a farinha é muita, o meu tempero eu quero

Salve-se quem puder: é esse o viés mais estarrecedor dos atuais dias da política brasileira.
Manobram-se em todos os sentidos evitando-se envolvimentos ou provas, e, no entanto, bombas de efeito prolongado atingem direita e esquerda indistintamente.
Já não existe trigo ou joio: são todos lobos vorazes de matilhas diversas.
Lobos que conhecem lobos, que conhecem pontos fracos da sua própria e da matilha inimiga.
Nesse jogo, virtudes parecem inexistir: “não me atinja, que não te atinjo”, é a tábua de salvação onde a arma afiada de dentes expostos e dedos em riste passa a ser o “se eu cair, levo você comigo”.
O cenário pantanoso deixa à mostra uma cadeia de efeito dominó que ameaça a derrubada senão de todas, mas da maioria das peças, denotando um pecado que, de tão disseminado, se protege em si mesmo.
Quem restará para acender novas luzes?
É a pergunta que fica no horizonte avassalado por uma onda tsunâmica e katrinesca que expõe a selva política da noite sem lua que vivemos.
Se existem soluções?
No povo, talvez.
Mas esse ainda dorme e, se acordar, vai tender a substituir peças tão somente, mantendo a mesma máxima do “primeiro o meu”, resumo da ópera que orienta todo esse jogo do “farinha muita, meu tempero eu quero”.

Eduardo Alexandre


Resumo

Chegando acanhada,
Querendo ficar, tendo que ir
Provando estar, sabendo sumir
Tentando paralisar, fazendo explodir
Doces, dourados efêmeros momentos.

Deborah Milgram



Guava jam

Era só um doce de goiaba, cremoso como se passado no liquidificador. Mas, naquele tempo, onde os ingleses tinham o seu próprio cemitério, o bonde era da Tramways, a luz da Light, os navios do Lloyd, os aviões da Panair, os telegramas da Western Telegraph e os trens da Great Western, o doce cremoso de goiaba, fabricado por uma indústria genuinamente pernambucana, se chamava Guava Jam. E nem era geléia...

Márcia Maia
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A SEDE


O tenente Ariclécio comandava aqueles seis homens e todos eram recém-chegados da capital. A volante corria a toda por entre a caatinga perseguindo o grupo de cangaceiros. Pega-não-pega. Avelós. Xique-xique. Macambira. Facheiro. Barba de Velho. E o cáqui marrom bufento das fardas quando pegavam um espinho mais arretado, rasgava como papel na mão de criança.

Mas eis que, senão quando, os “macacos” se encontraram numa clareira aberta no meio daquele mundão de caatinga e nada dos perseguidos. O tenente, mesmo que temporariamente, deu-se por vencido, vendo que tinha perdido a pista dos cangaceiros.

Ao passarem o resto do dia procurando novas pistas, o tenente chegou a conclusão que estavam perdidos no meio daquele escaldante e desolado sertão nordestino. Andou a esmo com sua tropa, sem deixar transparecer sua desorientação, até se dar conta que além de perdidos estavam sem água para beber.

Tentando conter o caos que já assolava seus comandados, e como o sol já se punha, resolveu que acampariam ali mesmo entre as pedras, onde estavam, e que pela manhã logo cedo saíriam à procura de água.

Mas a sede era mais forte que o cansaço, e, logo logo, o receio da morte começou a gerar loucura entre os homens do tenente. Foi aí que Ariclécio, valendo-se da sua autoridade e dando o exemplo, sugeriu que aqueles mais desesperados com a sede molhassem a garganta com uns poucos goles do querosene das lamparinas que íam presas aos alforjes. E, para isso, deu o exemplo, bebendo dois bons goles. Alguns beberam, outros não, mas foi o suficiente para serenar os ânimos da tropa. Depois que todos se prepararam para dar um cochilo, o tenente informou que, ao nascer do sol, seguiriam na sua direção até encontrar água.

Já era alta madrugada quando os “macacos” e os cavalos foram tomados de sobressalto com o barulho de um tiro semelhante ao de uma poderosa espingarda. Levantaram-se todos pegando suas armas e deram conta que o tenente tinha sumido do acampamento.

Pelo desfecho, o cabo Lourival assumiu o comando e já que todos tinham levantado, partiram pra o leste na direção informada pelo tenente.

Qual não foi a surpresa, após seis horas de cavalgada, quando, de manhãzinha, encontraram um vilarejo. Foi uma alegria total. Mais alegria ainda é que nesse mesmo vilarejo também encontraram, todo chamuscado e ainda assustado, o tenente Ariclécio que, ao vê-los, exclamou: “Espero que ninguém também tenha peidado”.

Tadeu Neri

... Ma belle

Ma belle, mais versos perdidos na alma do papel que já se desbota na gaveta. Medi os sons, montando sílaba a sílaba com o auxílio dos dedos. Mutilei a liberdade poética sem o menor pudor para vesti-las com um poema nobre, metódico e alexandrino com o qual batizaram a musa que não sabe que é musa nem se enxerga nos desconformes da inspiração.

Inspiração inútil. Isso porque me faltam forças para trazê-la à luz da verdade. Inverdade? Invejo as pessoas de saliva fácil que acreditam nas forças ocultas do veneno da idéia em estado de graça. Incluo-me entre os tímidos incapazes de conquistar a sorte de ser mortalmente atingido por um beijo marginal. Idiota encurralado pela sombra da catástrofe.

Catástrofe é o estado sobrenatural do meu peito. Como peito? Cafona falar de peito. Como você? Como! Certamente igual. Como você, carrego dezenas de anjos que atiçam a chama do meu inferno particular, caçoando de mim com aqueles olhares, com aquelas bocas, com aqueles sei lá o quê não sei das quantas, caçoando de mim e dos outros homens.

Homens desesperados por lirismo. Habitar os pensamentos do lirismo seria pedir demais? Horror! Hoje não há espaço. Haverá de ser no futuro, haverá de ser talvez o destino deste corpo largo que me sustenta nos rastros do apocalipse da carne, harmonizado no cheiro das ilusões jogadas entre o que se vê e o que é verdade de verdade na rua da espera.

Espera é calvário de esperança, esperança é infância de espírito, espírito que me invade por enquanto, enquanto não me canso dos espasmos, espasmos travestidos de espadas, espadas sanguinárias de outras eras, eras registradas entre as vértebras da espinha, espinha por onde sobe um frio em espiral, espiral de silêncio que atiça o gelo ardente da loucura.

Loucura de alcançar a clemência de seus beijos, lançando-me do cume do devaneio que criei só para você. Levemente embriagado das Iluminações do abismo de Rimbaud, levo horas “à espera de ser um louco muito perigoso”, lá nos domingos em que “crianças sufocam maldições nas margens dos rios” em cujos leitos habitam fantasmas de luxúria.

Luxúria irmã de minha alma assujeitada por desígnios do pecado. Louvada seja a doçura do pecado! Louvado seja o seu nome que enseja tais desvios aos meus olhos e à minha boca. Leia neles e nela o seu nome se for capaz. Lapidei cada letra numa nuvem diferente com a cor da voz da ventania. Leves nuvens interligadas nos espasmos dos eclipses.

Eclipses formados entre lampejos de farol nublam a vista dos sobreviventes da Catarineta, escurecendo as veredas das marés enquanto mais distante da salvação e mais próximo do inferno o espectro de mim entoa canções de amor e de guerra no silêncio sepulcral dos campos de batalha, espelhos sanguinários dos demônios inventores da paixão.

Cid Augusto



Carta para Yenoh*


Sri Lanka, 05 de abril de 1968.
Minha doce, Yenoh

Esta carta nasceu de um sentimento que há muito me perturba, minha querida Yenoh. Uma provocação interna que me põe a indagar qual o propósito da minha vida, e, que, se a priori, não parece complexa a pergunta, certamente para mim, o tem sido.

Faço este exercício contemplativo enquanto deitado, embora não fique restrito ao conforto de uma cama. Minha única exigência é o silencio. Agora, encontro-me deitado, e como sempre, inicio minha procura, pensando em você, Yenoh. Tenho pouco controle sobre isso. Depois de você vem o silêncio. Divago no desconhecido. Ansioso. Inquisitivo. Insaciável. Afinal é sobre mim que procuro respostas.

Não sucumbo aos pensamentos simplórios de que a vida resume-se ao bom caráter, boa educação, diploma universitário, trabalho e a criação dos filhos. Este é o pensamento do conformista que se esconde sob a égide da ignorância. Este é o pensamento daqueles que reduzem a vida-plena, a uma formula. Uma equação. Aceitar a vida, assim, é subtrair dela seu verdadeiro frescor e propósito, meu doce.

Procuro, procuro, e procuro. As respostas parecem, minha bela Yenoh, estar tão próximas, e tão longe ao mesmo tempo. Por vezes, na minha solidão, quase consegui capturar a essência da minha existência. Pensei que havia, finalmente, entrado no mundo desconhecido das revelações. Havia atingido um nível de concentração espantoso. A razão da minha existência estava na eminência de ser revelada. Estava a segundos da alegria plena.... Mas sem que eu tivesse controle, surgiu sua imagem inesperada, invadindo o meu silêncio, deflagrando, em mim, uma desconcentração suficientemente cruel, permitindo que tudo me escapasse a consciência, vagarosamente, antes que eu pudesse absorvê-las. Acordei em pânico. Reconheço que preciso me dedicar mais à busca. Preciso silenciar a mente mais vezes e por mais tempo e com menos interferências. Queria poder achar a felicidade nas coisas efêmeras, nas coisas simplórias. Evitaria, assim, o martírio que sofro diariamente. Ahhh, se meu pensamento não vagasse além do que posso ver. Mas é o escuro, por trás do visível, que me atrai. Busco o que todos evitam: o desconhecido.

Recuso-me a acreditar que vim para esse mundo para viver no raso, e ser uma marola que mal consegue balançar o barco (minha própria vida), ou ser o vento que deixa intacto, o tremular da vela. Se servir, a mim, é meu destino, então não farei falta ao mundo quando partir. E se falta não farei, por que vim? Será Deus tão desalmado, a ponto de dar espaço a quem irá apenas ocupá-lo para nada? Ou estou incumbido da minha própria descoberta? Essa é minha busca, Yenoh.

São inúmeras as perguntas. Poucas são as respostas. Os homens não ponderam sua própria existência. Concentram-se em conhecer o outro, enquanto desconhecem a si, e por isto são infelizes. Eu, Yenoh, vago no vale da escuridão, procurando o desconhecido, e com ele, as respostas para minha vida.

Escrevi por escrever, embora saiba que seus olhos jamais passarão por esta página. Nunca leu nada que escrevi, nem tampouco se preocupou com a minha busca. Agora que você se foi, atenta-me a todo instante onde menos tenho controle: o subconsciente. A busca é complexa, Yenoh, e é a mim que procuro, não a você.

* Carta encontrada no bolso do paletó do escritor, na exumação de seu cadáver.

Adeus, Nalehp O. Selrahc


Charles Phelan




domingo, setembro 04, 2005

NEM NONÔ NEM NOGUEIRA

NOVA ELEIÇÃO

Tribuna do Norte

Do Regimento da Câmara Federal

Art. 8o Na composição da Mesa será assegurada, tanto quanto possível, a representação proporcional dos Partidos ou Blocos Parlamentares que participem da Câmara, os quais escolherão os respectivos candidatos aos cargos que, de acordo com o mesmo princípio, lhes caiba prover, sem prejuízo de candidaturas avulsas oriundas das mesmas bancadas, observadas as seguintes regras:

IV - independentemente do disposto nos incisos anteriores, qualquer Deputado poderá concorrer aos cargos da Mesa que couberem à sua representação, mediante comunicação por escrito ao Presidente da Câmara, sendo-lhe assegurado o tratamento conferido aos demais candidatos.

§ 2o Se até 30 de novembro do segundo ano de mandato verificar-se qualquer vaga na Mesa, será ela preenchida mediante eleição, dentro de cinco sessões, observadas as disposições do artigo precedente. Ocorrida a vacância depois dessa data, a Mesa designará um dos membros titulares para responder pelo cargo.


Hugo Macedo©

Beco da Lama, o maior do mundo, tão grande que parece mais uma rua... Tal qual muçulmano que visite Meca uma vez na vida, todo natalense deve ir ao Beco libertário, Beco pai das ruas do mundo todo.

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(Serenata do Pescador)


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A imagem de fundo é do artista plástico e poeta Eduardo Alexandre©

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