Na cueca e na mala preta.
Vão instalar a CPI do Cuecão.
De dólares. Cem mil dólares por um cuecão.
Dá para peça histriônica. Hilária.
O PT partido muda de cara.
No PT governo, Lula lá, com crise instalada.
Mensalão. Compra de parlamentares.
Num passado remoto, controle do painel de votação.
Tudo por conta da governabilidade.
Também de interesses que contabilizam bilhões.
Em meio ao fogo cruzado, o povo: este que paga a conta.
Fala-se em renúncia. Impeachment. Fora Lula.
E seguem-se Alencar, Severino e coisas piores.
Triste Brasil.
Cai o pano.
A peça encerrou.
Fica a nuvem de decepção e um rescaldo amargo.
Como de queda de torres. Castelos.
Amanhã, não sei.
Sempre tem um recomeço.
- Veja o momento brasileiro, o momento do mundo. Sua cidade, como está?
5 de outubro de 2001
A guerra sem fim
Vivo ou morto, Osama bim Laden será por muito tempo um fantasma a levar medo ao povo e a dirigentes norte-americanos, judeus e de nações ocidentais. Será uma referência cáustica de mito, heróico ou satânico, a dividir a opinião mundial. Pior inimigo, os Estados Unidos jamais tiveram.
Morto, o corpo de bim Laden será exibido ao mundo? Pelos atos perpetrados, ele já demonstrou, vivo não se entregará. E seu espectro vagará pela América, deixando lastro de pânico e incertezas: seu exemplo ficará marcado na história do ódio humano, deixando seguidores dispostos ao sacrifício de suas vidas para dar continuidade a esta tragédia.
Como nas supostas previsões sobre a III Grande Guerra, esta tem ingredientes que demonstram pode ser de séculos sem fim: uma conflagração sem glórias, sem vencedores ou vencidos, tendo como grande derrotado o próprio homem, impotente diante da impossibilidade de fazer parar a beligerância que levará o mundo ao caos.
Os Estados Unidos foram longe demais em sua ânsia sempre crescente por dinheiro e poder. Os judeus, após a grande e secular diáspora, conseguiram da ONU o Estado de Israel, mas não souberam cultivar a paz há muito perdida.
Agora, o caminho de volta parece já não mais existir: o espectro de bin Laden, como anjo do mal, como quer W. Bush, atormentará Israel e o ocidente indormidos e terrificados: quer vivo, quer morto.
Preso, o que legará bin Laden à humanidade? O equilíbrio de um general cônscio de sua causa, ou o desequilíbrio de um terrorista louco e fanático? Dificilmente a humanidade terá essa resposta. Provavelmente, dele não serão encontrados nem fios de sua própria barba, para uma precisa comprovação de identificação através de exames de DNA. Preferirá a morte a dezenas de metros da superfície rochosa da Ásia central, deixando ao inimigo a incerteza de seu paradeiro.
Será transformado em mártir; será transformado em herói; será proclamado o anticristo há muito anunciado como o semeador da impiedade de antes do final dos tempos, como está escrito no Apocalipse.
Já foi dito, o mundo nunca mais será o mesmo depois da derrubada das torres gêmeas de Nova Iorque. Mais que os artefatos atômicos jogados sobre Hiroshima e Nagasaki, os Jumbos causadores do desastre de Manhattan vão dividir a história contemporânea em antes e depois do anticristo.
Que os homens que governam o mundo tenham senso e serenidade para interpretar o momento que vivemos: a guerra é a guerra, e os cogumelos (de fogo) brotam quando papéis assinados de nada valem. Saber sair da situação que atormenta o mundo, da guerra sem fim, é, hoje, o grande desafio da humanidade. Precisamos de grandes estadistas. E parece que o mundo já não mais os tem.
W. Bush, pelo seu despreparo e prepotência, jogou o mundo nessa encruzilhada de fim dos séculos mesmo sem sua guerra nas estrelas: maniqueíza uma questão complexa, que preocupa a humanidade, num simplório embate do bem contra o mal, como se todos fôssemos crianças diante de uma TV que apresenta desenhos infantis.
Mais do que nunca, os líderes de todas as nações precisam sentar-se à mesma mesa para uma avaliação desapaixonada dos fatos; identificar as verdadeiras causas do conflito em expansão e; evitar a Grande Guerra já em estado de iminência pela radicalização de políticas internacionais intolerantes, predatórias e anti-humanitárias. A causa palestina tem de constar da pauta. A revisão da política imperialista de globalização do capitalismo, também.
Diário de Natal
26 de Setembro de 2001
Capitalismo e barbárie
O tombo das torres gêmeas do World Trade Center de Nova Iorque representa para a humanidade também um início de estado de alerta contra a barbárie imposta ao mundo pelo imperialismo globalizado. Antes de ser um ato terrorista, a ação contra o simbolismo do império americano foi um ato de barbárie contra a barbárie.
Barbárie imposta ao mundo pela grande concentração de capital nas mãos de poucos, enquanto as grandes massas humanas passam por necessidades de toda ordem. Ao acúmulo dos poucos, resulta a subtração a milhões de miseráveis sem direito a vida, espalhados pelos quatro cantos da Terra.
A barbárie está na falta de comida e na desassistência à saúde, à educação, à moradia de bilhões de indivíduos. O fundamental hoje é o reconhecimento de que esta não é uma guerra religiosa; não é uma guerra de nações contra nações.
Há 150 anos, Marx alertava: a concentração do capital irá gerar a barbárie. E a barbárie está há muito presente ao planeta, enquanto a grande águia americana ostenta a opulência de um povo que não olha em sua volta.
Contra a barbárie da miséria latino-americana, o capitalismo americano impôs o muro da fronteira mexicana. Contra a barbárie do genocídio palestino, os grandes investidores ianques endossam a barbárie do megamilionário mercado de armas.
As mortes diárias dos grandes centros, corpos tombados diante da violenta reação humana contra a pobreza, somam-se em números maiores que as conseqüentes do ato da guerra não declarada contra o império americano. A barbárie do cotidiano humano está nas páginas de qualquer jornal do mundo. O tio rico do norte, no entanto, nunca fez questão de lê-los. Sam nunca se preocupou com nada que não fosse o aumento de sua própria riqueza. Como o tio milionário da ficção dos comic books, o Patinhas, ele amealha e não acena com qualquer gesto de humanidade, dando ao mundo uma chance de paz e vida digna para todos.
Subtrai; explora; escraviza.
Os necessitados do mundo não querem nem lutam por caridade. Exigem justiça e uma ordem mundial que busque o equilíbrio econômico e dê a todos o direito de viver.
O xerife do mundo tem diante de si uma guerra diferente; guerra que exige prudência e táticas também primárias como os estiletes responsáveis pelo desastre de Manhattan. Não será a guerra nuclear que resolverá a questão. Nada de explosões ou recorrência à força bruta: o trabalho da inteligência, muito mais, será o fator determinante de uma resposta racional ao ato que humilhou e expôs ao mundo a fragilidade do gigante.
A paz que reinava em terras da América já não mais existe. As populações das grandes, médias e pequenas cidades dos estados americanos vivem hoje sob o domínio do medo, sem a consciência de como e onde será a reação sem rosto do inimigo.
Da mesma forma que Bush ameaça países que abriguem terroristas anti-imperialistas, pessoas de bom senso de todo o mundo se unem contra o requisitado direito de assassinato de qualquer cidadão do mundo sem julgamento.
A barbárie americana chega para ameaçar o Direito Universal. E já não serão mais os poucos países islâmicos que se insurgirão contra o xerife do mundo, mas populações esclarecidas de países ocidentais e até cidadãos americanos.
Contra a barbárie imposta pela política internacional americana, o mundo viu ao vivo a barbárie de uma resposta irracional e cruel. Ou a nova ordem é estabelecida em bases humanitárias sólidas, ou o capitalismo globalizado, por responsabilidade, implodirá o mundo em ações primárias de grandes resultados.
A reflexão fica para que não se encubra com manto religioso uma questão eminentemente política: o barbarismo político americano, mais que os suicidas do novo terrorismo mundial, ameaça a humanidade de uma forma concreta e cotidiana, merecendo dos seus mentores uma revisão que traga ao mundo a paz por todos desejada.
Eduardo Alexandre
"Uma pessoa que joga uma bomba em uma cidade não é um guerreiro,
não é um lutador, não é um Kshatrya, não é um Arjuna lutando."
B.S. RAJNEESH
Com o peito cheio de medalhas
Com ombro cheio de estrelas
Ele pôs vilas e cidades a dormir
para sempre.
Acéticas labaredas inteligentes,
bombas empacotadas de azul,
vermelho
e branco,
elevaram o mito dos infernos
ao posto concreto de miséria,
lambuzando palavras com
terror e medo a
qualquer custo
encharcadas de sangue.
Para não repetir Mengele, Hauptman ou Heidrich,
Ele criou explosões bem controladas,
programadas em Washington
por jovens zelosos de Lowell, Dulluth ou Anchorage,
brilhantes ex-alunos de Yale, Princeton, Columbia.
Em Fallujah, Ramalla ou Baghdad,
Kurdistão, Kazakistão, Islamabad,
entre um clarão e outro
entre um estrondo e outro
Ele lembrava da família em Massachusetts
chorando, gemendo, e orando na missa dos domingos
celebrada por um bispo alemão, ex-membro da Odessa
(nos seus sonhos ele se via um anjo louro, belo, iluminado,
purificando bárbaros morenos e bonitos
de mil anos de pecados selvagens e medonhos).
Depois da primeira semana,
depois da primeira bomba,
ele não distinguia mais os velhos das crianças
as mulheres das meninas ou templos de hospitais.
Nada disso para ele importava.
Tudo para ele nada importava.
Afinal de contas, o Capelão, o Reverendo, seu Pastor,
no domingo, entre incenso e epístolas, o absolvera,
seu deus plenamente o abençoara,
sua terra solidária o bendizera,
numa língua forjada a ferro e morte,
freedom, soletrada a ferro e morte.
(Cidades esquartejadas por ganância,
homens explodindo ignorância)
Sua alma tranqüila estava bem, sabendo de
um lugar nos céus assegurado;
um carro novo na garagem garantido,
um grau de mestre em Harvard prometido,
o sonho da casa própria conquistado)
nos ombros de mulheres e crianças
nas cortes da miséria ocidental
sustentada por Enron, Texaco e CNN.
Dan Chung
“..é importante consolidar as defesas”...
“...reduzir a margem de vítimas..."
“...24.000 mortos por dia é uma margem aceitável..."
“...à noite não conseguimos ver as estrelas..."
“...à noite a morte é sem cor... e o sangue é negro..."
“...sou melhor, mais belo, mais forte que todos eles
“...porque os mísseis que opero é que causam a morte,
"...eu,
"... eu só aperto botões, eu não causo medo..."
Marcílio Farias
Suposta Atlântida
É triste, é lamentável, mas é real.
Não há, diante das evidências e depoimentos já chegados à opinião pública, como esconder a lama por trás do beco do Congresso Nacional; por trás do Palácio do Planalto.
Evidenciam-se os votos parlamentares comprados, o dinheiro de empresas que trabalham para o governo usado nesse esquema; evidencia-se parte da imprensa comprometida partidariamente.
Para obter a dita governabilidade, o PT aliou-se a quem historicamente combateu porque conhecia suas práticas. Para chegar e continuar no poder, usou dessas mesmas práticas antes criticadas porque infames e dilaceradoras do ideal de democracia erigido em toda a História.
Como pode o PT Governo conviver com Robertos Jeffersons e que tais da política brasileira é a grande pergunta a ser feita, porque a ninguém é dado desconhecer a sabedoria popular que diz: dize-me com quem andas, que te direi quem és.
A podridão da sociedade brasileira está toda hoje exposta na ponta do iceberg emerso com as denúncias de quem nunca teve um mínimo de dignidade para combatê-la, porque representante conhecido de práticas intoleráveis.
A quem, no Brasil, é dado desconhecer que eleição se ganha com dinheiro e compra de votos? Que esse dinheiro sujo por vezes também compra a Justiça e é usado em palácios executivos por estados e municípios brasileiros? Aos incautos ou ingênuos, tão somente.
Nada de novo há em torno da prática política denunciada por Jefferson. O que estarrece é onde chegou e com qual desfaçatez.
Só o bem querer devotado pelo povo brasileiro ao seu presidente, o operário que construiu um sonho hoje aniquilado, isenta-o de responsabilidades maiores.
Ninguém quer sabê-lo envolvido no esquema de corrompidos e corruptores que se abateu sobre o Congresso Nacional, deixando lastro grande no seio da sociedade e no próprio Palácio do Planalto.
Mas como isentá-lo do conhecimento do fato se a prática nascia e era urdida pelos que com ele conviveram durante mais de duas décadas e fizeram-no presidente da República? Na sua ante-sala, por ministros de sua inteira confiança?
Difícil.
Os quadros diretores do PT esperaram o depoimento de Roberto Jefferson para só depois de escutar de que este não dispunha de provas do que denunciava para nele bater forte, chamá-lo de ator e mentiroso.
Mas, como ator se as evidências e testemunhos da veracidade das denúncias se confirmam a cada hora?
E se as provas, ele as tiver e estiver escondendo para hora decisiva?
A saída de Dirceu da Casa Civil e a troca de um ministro ou outro absolvem de culpa o Planalto pela prática espúria?
Não sob a ótica do povo, que cobrará nas próximas eleições o resultado disto tudo.
Fica a sensação do desconforto da descrença generalizada em tudo. Em quem acreditar.
Depois dessa tsunami de lama que iguala poderes e seus representantes, restará alguma pedra para reedificar a história da decência na política brasileira?
Honestos haverá de existir, é verdade. Onde encontrá-los é onde o nó aperta; onde o onde parece inexistir ou esconder-se nas profundezas de uma Atlântida nunca encontrada.
É essa a sensação que fica em meio ao vendaval que se abate sobre o país e que deixará seqüelas para todo o sempre.
Eduardo Alexandre
www.natalpress.com.br
16 de junho de 2005
O Brasil não tem o que reclamar. Sempre gostou de falsos heróis. Gosta tanto, ainda, que agora mesmo os cofres públicos estão pagando indenizações milionárias aos heróis de ontem. Pagou tudo. Nada tem mais a pagar. E se de nada o poder público pode ser cobrado, é porque a luta tinha um preço. Uma história recente, da pós-ditadura. Isso quando não confundimos heróis com ídolos. Aqui, tem herói de todo jeito. Herói que morreu pela pátria; que matou pela pátria; e que mandou matar pela pátria. Numa mixórdia tropicalista e carnavalizada.
Vi o Brasil sepultar Airton Senna com honras militares, seu esquife sobre os ombros de bombeiros num desfile pelas ruas como se, em vida, tivesse sido um herói a defender causas coletivas. Certo, era um campeão de Fórmula I. Um grande piloto. Mas não era herói. Morreu trágica e precocemente, sim. Não contesto. Mas ser piloto de carros de corrida é um ato voluntário. E a Fórmula I é um circo espetacular e milionário. Ele recebia milhões para arriscar a vida. E era generoso. Tudo verdade. É que só a bondade humana mata o remorso.
Ora, o Brasil gosta de falsos heróis. Vejam o caso de Roberto Jefferson. Ninguém duvida da faxina que vem fazendo nas relações internas do sistema político. No escambo espúrio desse mercado sujo e pulguento do toma-lá-dá-cá. Mas foi ele o defensor de Fernando Collor, quando a sociedade brasileira queria arrancá-lo do governo numa derrubada histórica. Mas, antes disso, nós o fizemos herói com o título majestoso de O Caçador de Marajás. Numa cadeira de rei, na capa de Veja. Foi mais um falso herói e só caiu porque deixou os rastros.
Na verdade, Roberto Jefferson pode muito bem argumentar que defendeu nosso herói. Um herói que depois caiu em desgraça. Nós gostamos de farsa. E somos dramáticos. Fizemos de Tancredo Neves um segundo Tiradentes. E ele foi um herói tão assim? Um herói das manhas e artimanhas mineiras. Bastou uma greve de professores em Minas e mandou às ruas tropas de choque, não lembram? Fartas e agressivas, já esqueceram? E os aviões das grandes empreiteiras a serviço dele na luta das Diretas como Veja mostrou? Já estão esquecidos?
São poucos os nossos heróis. Pouquíssimos. Agora mesmo perdemos alguns deles. Ex-guerrilheiros e ex-militantes da luta armada. Não resistiram ao fascínio do poder. Uma vez encastelados, não foram diferentes de Robespierre. Também degolaram, em forma de expulsão do partido, as cabeças dissidentes. Porque o coro dos contrários, hoje, como ontem, é insuportável aos ouvidos dos poderosos. A crítica é perigosa para quem detém o poder. Desmascara. Desnuda. Desmonta a farsa. E grita, como o menino da fábula, que o rei está nu.
São pouquíssimos os nossos heróis. E se há um símbolo de herói de verdade, é o brasileiro anônimo. O homem comum. Muitas vezes enganado nas suas esperanças. O homem sem nome. Sem emprego. Sem sistema de saúde. Sem educação. Sem segurança. Sem cidadania. Sem dono. Sem nada. Esse é o único herói que resiste a tudo e a todos. Com o destemor de lutar todos os dias para sobreviver. Ali, toma um porre de vida no futebol; acolá, o pileque de esperança no jogo do bicho; e vai indo. Passo a passo. Triste e cansado. Herói de si mesmo.
Vicente Serejo
Natal/RN
O Jornal de Hoje, 6 de julho de 2005
www.jornaldehoje.com.br
Quando estive em Alta Floresta, cidade do Mato Grosso na divisa com Pará e Amazonas, conheci Ana Luísa Riva.
Na ocasião, ela era a Chefe do Escritório Regional do IBAMA de Alta Floresta.
Além de muito simpática e prestativa, Ana Luísa demonstrou ser muito dedicada ao trabalho.
Por iniciativa dela, foi desenvolvido um sistema de cadastramento de empresas madeireiras que propiciou a identificação de empresas fantasmas que promovem o desmatamento ilegal da Amazônia.
Em abril deste ano, a Gerência Regional do IBAMA de Sinop, à qual o Escritório de Alta Floresta é subordinado, teve o seu titular afastado por suspeita de envolvimento em irregularidades.
Ana Luísa foi convidada para assumir o cargo.
Cerca de um mês depois, os jornais e televisões do Mato Grosso estamparam a imagem de Ana Luísa algemada e presa como integrante de uma quadrilha que pratica crimes ambientais na região.
Dois dias depois, foi preso em Brasília Antônio Carlos Hummel, Diretor de Florestas do IBAMA, sob as mesmas acusações de Ana Luísa.
Não conheço e jamais tive contato com Hummel.
A prisão de ambos causou espanto.
Trata-se de fundadores e militantes do PT, ambientalistas reconhecidos pelo trabalho que desenvolviam.
Os advogados de Ana Luísa ingressaram com o pedido de habeas corpus, o qual foi concedido, desde que a acusada fosse interrogada.
O delegado da Polícia Federal não a interrogava dizendo que ela deveria ser interrogada pelo Ministério Público o qual afirmava que o depoimento deveria ser colhido pela Polícia Federal.
Por que associei Hummel a Ana Luísa?
Porque no dia 25 de junho saiu uma notícia em O Globo, na qual há uma mensagem do delegado Tardelli Boaventura, da Polícia Federal, a um amigo em que relata a experiência: "O depoimento desse senhor (Hummel) foi uma das coisas mais angustiantes que já vivi na Polícia Federal. Aliás, dele só não. Também da senhora Ana Luísa Riva, então gerente do Ibama em Sinop, Mato Grosso, e presa a pedido do Ministério Público Federal (a propósito, ela também é filiada ao PT)", afirma Tardelli no e-mail enviado ao colega. - para ler a matéria completa, por favor, clicar aqui.
Continuam presos muitos funcionários do IBAMA com sérios indícios e graves acusações de crimes ambientais, entre eles há fundadores e militantes do PT.
Atualmente, o interventor do IBAMA no Mato Grosso tira o sofá da sala e promove o fechamento de diversos escritórios regionais do IBAMA; o resultado será o aumento de atividades ilegais relativas a desmatamento, tráfico de animais silvestres, extração mineral, além de roubo do patrimônio genético.
Recentemente, o Senador Eduardo Suplicy, que sempre tive em conta de homem sério e digno, reconheceu que em 1992 assinou um documento acusando o Deputado Roberto Jefferson de receber um milhão de dólares para ficar ao lado do então Presidente Collor; o senador não contestou a afirmação de que a declaração assinada por ele não correspondia à verdade.
O senador do PT paulista ainda continua merecedor de respeito e crédito, contudo, esperamos que a experiência sirva para que o senador não aja açodadamente, pois uma ação leviana dele pode causar, como já causou, irremediáveis danos à imagem de outrem.
A Senadora Ideli Salvatti, do PT de Santa Catarina, numa sessão da CPMI dos Correios, fez uma série de acusações a um funcionário da ECT. Após ler a longa lista de acusações, a senadora a assinou, entregando-a à presidência da comissão; contudo, o que me espantou foi o fato de a senadora demonstrar claramente não saber se eram verdadeiras as acusações que formulara; a senadora não foi capaz de informar que recebera uma lista anônima de acusações, encaminhando-as à mesa diretora dos trabalhos para que as mesmas fossem apuradas; de forma leviana, inconseqüente e irresponsável, a senadora desrespeitou o povo brasileiro ao não atuar com a seriedade que o cargo dela exige.
Ninguém contestou um fato apresentado pelo Deputado Roberto Jefferson.
A Polícia Federal, por determinação de uma juíza federal de Brasília, sem jurisdição no Estado do Rio de Janeiro, invadiu duas residências em Petrópolis.
A primeira, por engano, de um casal que se encontrava na cidade do Rio de Janeiro.
A segunda, da filha do Deputado Roberto Jefferson.
As invasões ocorreram quando o Deputado Roberto Jefferson se dirigia para a Comissão de Ética da Câmara dos Deputados para depor.
Um parlamentar presente à sessão, após indagação ao Deputado Roberto Jefferson, afirmou que a referida juíza é casada com um procurador da república nomeado por Lula.
A Senadora Heloísa Helena, do PSOL de Alagoas, demonstrou que, durante o depoimento, em sessão fechada, do funcionário da ECT Maurício Marinho, o então Ministro José Dirceu e o Ministro Aldo Rabelo se encontravam na casa do Deputado Roberto Jefferson e a Assessoria de Comunicação Social da Polícia Federal noticiou que, durante o depoimento, repito: em sessão secreta!, Maurício Marinho isentou o Deputado Roberto Jefferson.
A dedução da Senadora Heloísa Helena foi lógica: a quebra do sigilo da sessão, promovida pela Polícia federal, em desacordo com as funções de Estado do órgão, como elemento de informação para um possível acordo entre os dois ministros e o deputado no sentido de encerrarem o assunto com apenas um culpado: o subalterno funcionário.
O mesmo acordo que, através de um pronunciamento tortuoso, o Deputado Jorge Bittar, do PT do Rio de Janeiro, insinuou ao Deputado Roberto Jefferson; a única preocupação do deputado carioca foi demonstrar que não foi responsabilidade do governo a gravação da fita que incriminou o Sr. Maurício Marinho.
O Senador Pedro Simon, do PMDB do Rio Grande do Sul, fez uma comparação, na qual ressaltou que Collor não interferiu na comissão que levou ao impeachment dele, ao contrário, botou a Polícia Federal, o Ministério Público e a Procuradoria Geral da República, além de outros meios, à disposição da comissão.
Ao contrário, Lula tem interferido para dificultar o trabalho da atual comissão, embora diga que quer a apuração dos fatos e a revelação da verdade.
Lucáks, ao ser indagado sobre a condição dele de marxista, afirmou que era marxista não porque Marx houvesse acertado algumas previsões econômicas, mas pelo método desenvolvido e aplicado por Marx e Engels à análise do processo social, ou seja, pelo materialismo dialético e pelo materialismo histórico.
Paulo Freire certa vez afirmou que uma sociedade se caracteriza não pelo que ela produz, mas como produz, ou seja, mais uma vez a questão do método.
O PT tem se caracterizado, nestes vinte e cinco anos, por ser maniqueísta.
O PT, segundo ele próprio, é do bem e os diferentes são do mal.
A integridade, honestidade, seriedade petistas são um axioma, dispensam demonstração, pois sendo petistas, estes atributos lhes são imanentes.
Além de maniqueístas, são casuístas.
Como se não bastasse, são corporativistas.
Toda a bancada do PT do Rio de Janeiro votou contra a implantação do ensino público de qualidade, em horário integral, nas escolas públicas estaduais.
E o fizeram para não favorecerem eleitoralmente o Governador do Estado do Rio de Janeiro, o qual construíra 507 escolas em horário integral.
Os interesses eleitorais do PT sempre foram colocados acima dos interesses do povo brasileiro.
A lógica era a mesma de sempre: os fins justificam os meios; a vitória do bem justifica todas as práticas.
Quando foram detectadas evidências de corrupção na primeira prefeitura petista de São Paulo, foi desencadeada a campanha nacional cujo lema era: honestidade não se pune.
Um ou outro subprefeito foi afastado, um secretário municipal também.
Se eram honestos, foram injustiçados.
Se eram culpados, deveriam ser punidos.
Nada.
Caso abafado.
Na mesma época, Lula viajava, na condição de candidato a presidente, em um avião particular de propriedade do filho do Deputado João Alves, o famoso Anão do Orçamento.
Não importava que o filho do deputado fosse o proprietário da empresa fornecedora da merenda escolar para toda a Prefeitura de São Paulo.
A singela justificativa é que ele é um ex-colega de faculdade de Jorge Bittar.
Quem não conhece casos de uso da estrutura sindical e das ONGs a serviço do PT?
O aparelhamento da estrutura sindical levou à sua aniquilação como representação dos interesses dos trabalhadores.
Mais uma vez, o método: os interesses partidários, a vitória do bem, acima dos interesses das categorias profissionais representadas.
E deu no que deu.
Tão logo Lula assumiu o governo, tornou-se voz corrente que ele liqüidaria os sindicatos e promoveria algumas ONGs à condição de Organizações Neo Governamentais.
Através delas, quantos recursos têm sido drenados do Estado Brasileiro?
Uma completa promiscuidade entre os interesses de partido, de governo e de estado.
A conseqüência natural foram os atos antidemocráticos, em absoluto desrespeito às normas e leis instituídas.
Lula chegou ao Planalto com um projeto de poder, sem projeto de governo, sem projeto de país.
A superficialidade no trato dos problemas nacionais, inconseqüência e irresponsabilidade no trato da coisa pública, desrespeito aos mais elementares direitos.
Infelizmente estas são as características do modo petista de governar.
O tesoureiro do PT, em entrevista coletiva, repetiu a tese de que o PT é uma vítima dos conservadores que não aceitam negros em universidades, não aceitam pobres em universidades particulares.
Ou seja, o governo retira dinheiro público do Sistema de Educação Pública, repassa para universidades particulares, distribui bolsas de estudos (quais os critérios? eleitoreiros? fisiológicos?) e quer dizer que quem é contra este absurdo é a elite conservadora?
Será a elite contrária a que o governo não invista no ensino público em todos os níveis e crie um sistema de cotas para mascarar a falência, promovida pelo próprio governo, da educação pública?
Os banqueiros internacionais elogiam Lula, por quê? Por seu governo proporcionar os maiores lucros aos banqueiros em todo o Mundo! - para ver uma explicação, por favor, clicar aqui.
Ao contrário de Delúbio, o Deputado Fernando Gabeira, do PV do Rio de Janeiro, acusa o PT de crimes contra a democracia, contra a humanidade e contra o planeta - ver o pronunciamento do deputado clicando aqui.
Aliás, se o Senador Pedro Simon fez uma comparação desfavorável a Lula com Collor, o Deputado Gabeira comparou o PT à Ditadura Militar, na qual disse que os militares o torturaram e, mesmo assim, o respeitaram, mas o PT queria que ele abrisse mão da própria alma - ver na íntegra clicando aqui.
É muito triste vermos tudo isto, pois muitos se apegaram sinceramente ao sonho, acreditaram que um novo tempo chegara, que as transformações políticas, sociais, econômicas e culturais estariam em marcha.
É muito difícil reconhecermos uma derrota, em muitos casos a recuperação é lenta, principalmente porque não acreditamos quando os sonhos foram frustrados, quando fomos traídos.
Mesmo os que votamos em Lula por considerá-lo o menos ruim, ainda assim, fomos traídos.
Há um texto muito interessante de Darcy Ribeiro, cuja leitura acho apropriada ao momento, trata-se de Fala aos Moços que ele inicia afirmando: "Sou um homem de causas. Vivi sempre pregando e lutando, como um cruzado, pelas causas que me comovem. Elas são muitas, demais: a salvação dos índios, a escolarização das crianças, a reforma agrária, o socialismo em liberdade, a universidade necessária. Na verdade, somei mais fracassos que vitórias em minhas lutas, mas isto não importa. Horrível seria ter ficado ao lado dos que nos venceram nessas batalhas." - para ler o texto integral, clicar aqui.
Não podemos ser levianos, inconseqüentes e irresponsáveis de acusarmos inocentes.
Da mesma forma não podemos desprezar indícios e evidências, não podemos aceitar que sérias denúncias não sejam apuradas; mais ainda: não podemos aceitar que o governo utilize a máquina de estado para questões restritas de governo, de partido e de indivíduos.
É inconcebível aceitarmos que o governo continue a fazer todos os esforços, a utilizar todos os meios para impedir que a corrupção venha à tona.
Cabe a todos nós, sobreviventres da utopia, uma tarefa histórica que exige muita coragem.
Pelos indícios, pelos métodos, não há mais dúvidas que, se quisermos passar o Brasil a limpo, não há como não iniciarmos imediatamente o processo de impeachment de Lula.
"O erro pela causa o presidente aceita. O erro em causa própria, não"
José Genoino aqui
"Não basta que seja pura e justa a nossa causa, é necessário que a pureza e a justiça existam dentro de nós"
Agostinho Neto
"Quando a riqueza de poucos afronta a miséria de muitos, a insegurança é de todos"
Josué de Castro
"A resignação é um suicídio cotidiano"
Balzac citado por Leila
"Ousar lutar, ousar vencer!"
Carlos Lamarca
MANOEL CARLOS PINHEIRO
Eu vou colher o teu depoimento,
traçar o rumo da investigação.
À tua fala ficarei atento
a ver se apanho-te em contradição.
Se não convences, por requerimento,
te chamarei para acareação.
E com ou sem o teu consentimento
quebro o sigilo do teu coração.
Eu titular e nunca o teu suplente,
teu relator e o teu presidente,
bato o martelo nessa comissão.
Eu tranco a pauta, fecho o expediente
e dispensando cada depoente,
beijo tua boca em absolvição.
Antoniel Campos
Vendo aproximar-se o dia do nascimento esperado, Potiassu determinou que Igarassujara fosse levado ao acampamento preparado do outro lado do rio grande, por eles chamados de Potengi, a muita distância de sua aldeia.
Queria Potiassu que a família que iria surgir da convivência de Jandira e Igarassujara vivesse isolada e em observação permanente, o chefe indígena cada vez mais preocupado pelas incursões do desconhecido mata a dentro.
João Antônio Cícero Sebastião José Silva Fernandes tinha sede de explorar as terras desconhecidas. Tudo o que queria era encontrar ouro ou pedras preciosas, daí suas caminhadas a cada dia mais distantes.
A lua cheia iluminava a mata na noite em que Itapietá chamou Potiassu e deu notícia do nascimento de Igarassujararaí, um menino saudável, pouco diferente dos seus, guardando todos os traços da mãe, exceto a cor dos olhos, claros, mas ainda indefinidos, bem diferentes dos olhos dos recém nascidos daquela aldeia.
Na lua seguinte, Jandira foi levada ao encontro de Igarassujara e com ele deixada para a convivência planejada por Potiassu.
Igarassujararaí cresceu ajudando ao pai no conhecimento de sua língua. Jandira ensinava a ciência potiguar a pai e filho, esquecida do episódio causador daquela união. Paralelamente, João Antônio Cícero Sebastião José Silva Fernandes também ensinava idioma e ciências ao pequeno Igarassujararaí.
Com o tempo, o português percebeu que aquelas terras não tinham ouro nem pedras preciosas, pelo menos nas circunvizinhanças onde vivia.
A vida na aldeia corria sem anormalidades e mesmo insatisfeito com a prisão àquela terra e àquela vida selvagem, Igarassujara a cada dia mais estava convicto de que aquela seria sua rotina pelo resto da vida. Perspectiva só quebrada quando naus raramente cruzavam o horizonte, o que deixava a indiada em polvorosa e ele recolocado de volta a sua gaiola, até que o perigo se afastasse.
Os anos passavam, as crianças de Jandira cresciam, vivendo mais na aldeia de Potiassu que com seus pais, e a visão de naves gigantes cruzando o oceano passaram a ficar mais freqüentes.
Numa ensolarada tarde de verão, enquanto três embarcações permaneciam ao largo, duas outras adentraram o rio Grande, deixando Jandira em grande preocupação, já que Igarassujara saíra para a caça na direção para onde navegavam as canoas grandes.
Logo, ele apareceu em praia da outra margem , acenando para as embarcações.
Eduardo Alexandre
(Para Jamphel Ngawang Lobsang Yeshe Tenzin Gyatzo, SSDLama)
What i love is near at hand
Always, in earth and air
Theodore Roethke
1.
Vestes uma camiseta azul e
Calça jeans amarela. Tens uma Nikormat na mão e
Bilhetes para a jornada no teleférico.
A vida tem sido fácil e tranqüila, aventura invariável
De mamãe a papai a Harvard a
Kenmore Square. Teus sonhos são
Relatórios rasos de uma vida sexual sem surpresas.
Teu futuro está garantido no testamento familiar,
Teu passado esquecido
Em Academias e viagens a Londres,
Teu tempo esgotado, tua vida programada
E definida pelos próximos 50 anos.
2.
Mestre do oceano,
Dono do seu nascer,
Guia da Grande Roda,
Rota de todas as rotas,
Mestre do estandarte amarelo, do estandarte
Vermelho e do
Céu sobre nossas cabeças.
Eu aprendi contigo sobre o arco e a flecha,
Sobre o fogo e sonho,
E que estranhos não me intimidam.
3.
Chu-En Lai sorriu,
Apertou várias mãos e, horas mais tarde,
Bombardeou Tasser e Ando,
Chantang e Tsang.
30,000 mortes em
3 horas e 25 minutos.
4.
Tudo provém de ação e
Ação provém de motivos;
A raiz do meu sorriso está no fundo dos
Teus olhos, dos teus gestos, do teu toque.
Perfeito esplendor esse que vejo:
Rio, oceano, tempestade,
Um barraco na madrugada e um livro (…páginas
Abertas pelo vento, sim, como num filme de Disney)
Estou perdido no parque, e o vento
Vai e vem no teu cabelo.
5.
Mostra-me o cumprimento secreto,
Mostra-me a flor branca e rara,
Mostra-me como dizer o rito
Como usar o Dorge, mostra-me como
Cantas (teus olhos expulsando as
Más forças deste ano)
Tua voz
Ultrapassando
Transtornando e transformando,
Expulsando
As más forças destes anos -
Mostra-
Me
6.
(E eles compraram e venderam
Postos no Governo,
Compraram e venderam posições
No Senado, na Câmara,
Engendraram novas leis que passaram
Sem maioria absoluta --
As mesmas vozes que
Queimaram De Nerval ainda gritam)
7.
Então, o Venerável Thuptem me disse:
“Aqui, nesta montanha, nestes vales,
Fé e Estado serão atingidos nos
Dez Pontos Cardeais, de dentro para fora,
De fora para dentro,
De dia e de Noite.
Mas devemos preservar nossos sorrisos,
Devemos preservar nossas canções, nosso chá, nossa
Manteiga seca, nossas gualdrapa de couro.
De qualquer forma, nossos
Amigos desaparecerão por trás das
Montanhas, vão caminhar até Los Angeles, Rio, Wyoming, Boston,
Virginia, New York, New Haven. Tornar-se-ão
Invisíveis anônimos. Suas casas reduzidas a escombros, seus
Amigos chacinados, terras loteadas, divididas, invadidas,
Vendidas ou simplesmente abandonadas.
Outros servirão Beijing como escravos. Ou serão mortos,
Atirados na miséria, no desespero e no medo.
O dia e a noite, meses, anos e séculos afundarão lentamente
Num mar de sofrimento”.
8.
Inji
Não compreendem nosso
Sorriso.
Venham,
Soprem nossas cornetas,
Bebam nosso chá
Inji.
9.
(…E eles lançaram um
Ataque contra Kando, 200 toneladas
De bombas pulverizando 20,000 monges.
E eles em Beijim se deleitaram,
Bebendo Pepsi, comendo Boluga,
E os Embaixadores permaneceram calados,
Os Ingleses permaneceram calados,
Os Franceses permaneceram calados,
Os Americanos como sempre calados,
Os Brasileiros como sempre calados,
Vendendo produtos em alta demanda,
Comprando e vendendo mão de obra barata,
Osmose dos desenganados,
Para garotos de Toledo e Brasília aprenderem Tai-Chi,
Acupunctura e Do-In, enquanto o
Primeiro ministro recebia drogas de graça
Pro seu câncer…
10.
Cinzas, detritos, restolhos
Pairam sobre a cabeça de Maitreya.
Cinzas, detrito, restolho e
200,000 refugiados em Dharmsalan;
Num campo de concentração em Ando
150,000 morrem de fome e sede, assassinados a tiro e
Veneno, dia após dia enquanto o
Premier se diverte…
11.
E eles comeram e mentiram
E eu nunca mais retornei para casa
E eles usaram aviões russos
Pra destruir Khando e Ando
E inimigos são (às vezes) os melhores mestres.
12.
Eu te deixei no fim da tarde um
Lenço de seda branca protegendo teu cabelo, Patrick,
Um cachecol verde e uma maçã em tuas mãos.
Despedida não foi,
Mais um prenúncio de retorno que partida, deixando para trás
Minha terra natal em ruínas, vendo os
Ingleses olhando pro outro lado, os
Franceses olhando pro outro lado, os
Americanos sempre olhando pro outro lado, os
Brasileiros sempre olhando pro outro lado, e
Meus amigos cantando
Lha Gyal Lo
Lha Gyal Lo
Lha Gyal Lo
13.
Esta dor
Mede
O meu
Prazer.
14.
Enquanto esse corpo, esse lugar, essa vida e
Esses lares perdurem,
Enquanto minha carne e tua carne
Permaneçam,
Dispersarei a miséria desse mundo.
Marcílio Farias
*O Monastério Gandem, templo mais importante das linhas sucessórias e místicas daquele país, foi destruído por sucessivos ataques de infantaria e artilharia aérea chinesa em um só dia de Agosto no ano de 1963. Os Chineses usaram aviões soviéticos e munição francesa, inglesa e americana. Dos 115,000 monges que habitavam a região, menos de 6,000 sobreviveram. As autoridades chinesas mandaram aterrar o local do templo e destruíram todas as imagens de Maytrea que haviam resistido ao bombardeio. Os chineses recuperaram três edifícios anexos ao mosteiro original, os quais são usados como atração turística para visitantes menos informados hoje em dia. (MF)
NOTA: Este poema foi impresso pela primeira vez em 1996, em versão para língua Inglesa, na antologia “Editor’s Choice”, da American Academy of Poets. A tradução é do autor. (MF)
De brumas se fez gargantas, que logo se habitam de Acauãs. O rio seco e cheio, de quando em vez, fez ali surgir em paredões e lagos, uma imensidão de biodiversidade chamada Gargalheiras.
A beleza da natureza - associada aos caprichos do homem – nos permite um verdadeiro deslumbramento. No balanço das pequenas ondas, trafegam canoas manhãs e tardes sem cessar, cheinhas de Tucunarés, arrumados purali nos samburás.
Pedras sobre pedras, ocre dura do primórdio, em nomes e formas, de ruma tem por lá. Pedra do Navio, Pedra da Baleia, das Araras, vige como sei soar... Até Dimas se aproveita da fartura e emoldura no granito sua arte secular.
Madrugadas solitárias transbordam em lembranças minha infância pastoril: açudes de areia, mergulhos e emoções, estórias assombradas... Ao passo que o sol se aponta na ribanceira do lugar.
E, por fim, o meu olhar investiga ângulos, formas, luz, cor, vida, algo que eu possa fotografar, para os meus que nunca foram por lá.
Então, nessa prosa que virou rima posso até contar que, de hoje em vante, vou morar nesse lugar.
Hugo Macedo