quinta-feira, abril 28, 2005

FINDOU-SE A VELHA RIBEIRA..



Jornal de WM
Tribuna do Norte, 29/04/05

Bastou sair o mote para pipocar as primeiras glosas. Contei ontem aqui a história do doutor Paulo Balá, que, descendo à velha Ribeira depois de demorado recesso e encontrando o bairro bastante deteriorado, sapecou num envelope que abrigava uma de suas cartas do sertão do Acari, a sentença que achei sendo um mote modelar: “Findou-se a velha Ribeira.../ Nem quenga se encontra mais!”. Manhã cedo, abrindo o computador, cá estavam as primeiras glosas. Uma delas, do Laélio Ferreira de Melo, que faz parte da turma do Beco da Lama, e sabe das coisas. Confira:

Findou-se a velha Ribeira...
Nem quenga se encontra mais!

Já foi madame festeira,
na Quinze, na Quarentena...
De tanto tomar verbena,
findou-se a velha Ribeira!
Já foi linda, a canguleira,
foi mulher-dama no cais...
Envelheceu e jamais
ao violão ouviu juras
- nas suas ruas escuras
nem quenga se encontra mais!

E lá de longe, das ribeiras de Riacho de Santana, na “tromba do elefante”, aceiros da Serra de Luís Gomes,
o professor Jotacê, poeta cordelista e geógrafo, poetou:

“Um bairro que tem história
Hoje se encontra esquecido
É celeiro de bandido
Dia e noite tanto faz
Na vizinhança do cais
Só perigo e bebedeira
Findou-se a velha Ribeira...
nem quenga se encontra mais”.


Aí Aurino de Marpas, poeta de alta estirpe, entra por outra vereda, e antes que o relógio da Igreja do Bom Jesus das Dores, parede e meia com a sua sala, bata as 6 badaladas do findar da tarde, enfileirou estes
versos:

Findou-se a velha Ribeira
Nem quenga, se encontra mais.


Balá, você deu bobeira,
Ao dar, a Woden, o recado,
- para mim, equivocado -
“Findou-se a velha Ribeira”.
Pois, aqui, num tem a feira?
E um dos grandes jornais?
Retrocesso, aqui, jamais!
Porque acho até vantagem,
Se, do Potengi, à margem,
“Nem quenga se encontra mais...”

por Alma do Beco | 10:45 AM


Hugo Macedo©

Beco da Lama, o maior do mundo, tão grande que parece mais uma rua... Tal qual muçulmano que visite Meca uma vez na vida, todo natalense deve ir ao Beco libertário, Beco pai das ruas do mundo todo.

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Praieira
(Serenata do Pescador)


veja a letra aqui

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A imagem de fundo é do artista plástico e poeta Eduardo Alexandre©

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