De brumas se fez gargantas, que logo se habitam de Acauãs. O rio seco e cheio, de quando em vez, fez ali surgir em paredões e lagos, uma imensidão de biodiversidade chamada Gargalheiras.
A beleza da natureza - associada aos caprichos do homem – nos permite um verdadeiro deslumbramento. No balanço das pequenas ondas, trafegam canoas manhãs e tardes sem cessar, cheinhas de Tucunarés, arrumados purali nos samburás.
Pedras sobre pedras, ocre dura do primórdio, em nomes e formas, de ruma tem por lá. Pedra do Navio, Pedra da Baleia, das Araras, vige como sei soar... Até Dimas se aproveita da fartura e emoldura no granito sua arte secular.
Madrugadas solitárias transbordam em lembranças minha infância pastoril: açudes de areia, mergulhos e emoções, estórias assombradas... Ao passo que o sol se aponta na ribanceira do lugar.
E, por fim, o meu olhar investiga ângulos, formas, luz, cor, vida, algo que eu possa fotografar, para os meus que nunca foram por lá.
Então, nessa prosa que virou rima posso até contar que, de hoje em vante, vou morar nesse lugar.
Hugo Macedo