...e um dia eu vou morrer
para meu próprio espanto
E aquele decorado-rápido
espanto dos meus amigos.
Um dia eu vou morrer sabendo
que amanhã será tarde demais
e que a lembrança não resistirá
ao curto tempo.
Morrerei de vez, definitivamente.
Olhares compungidos
e furtivas lágrimas
serão apenas exercício de velório.
Vez em quando, nos bares ou botecos
Um samba, um choro, a valsa,
levarão a que o copo seja alçado
e a lembrança em líquido transformada
Uma foto entre tantas encontrada,
de esguio, o olhar mais generoso
e a palavra do tempo resgatada,
dirão, que um dia
fui um ser teimoso.
RUBENS LEMOS