domingo, fevereiro 13, 2005

A tenda do Cigano

Bar de Nazaré

Frei Carmelo

Descia pela Ladeira do Sol numa sexta-feira em busca de aventuras nos bares da orla. Pegou a direita no Clube Bandern e seguiu por Areia Preta, passando pelo bar Bate Papo, seguindo depois até o É Nosso. Por fim, encostou no Iara Bar.

Pediu uma cerveja estupidamente gelada para lavar o peritônio.

Nas mesas, algumas pessoas bebiam e fumavam, mas não viu ninguém conhecido. Pagou a cerveja e voltou, seguindo pela Avenida Circular. Chegando no girador da rua, sentiu vontade de ir ao puteiro, logo à esquerda, vizinho ao bar Castanhola, mas preferiu encostar no Chaplim, que era o bar mais badalado.

O bar estava cheio de gente e, numa mesa de canto, estavam Paulo e Roberto, dois amigos das freqüentes noitadas.

A mesa ficava encostada à sacada, do lado do mar, e, às vezes, salpicos das brumas batiam em todos. O clima, muito agradável e um pouco frio, por causa do vento marinho que soprava, convidava para tomar uma bebida mais quente, destilada.

- Garçon, traz um Teacher’s duplo, por favor.

Foi quando chegou Neuza, uma velha amiga, já dando dois beijinhos em todo mundo, para depois sentar à mesa.

- Alguém tá afim de um baseado ?

- Calma menina, acabamos de chegar.

- E daí? Garçom, me traz uma Cerpinha. Vocês sabem que tomando minha cervejinha sou pau pra toda obra. Vamos pra boate hoje? Arriscou.

Neuza era uma jovem de 23 anos, universitária, fazia sociologia na UFRN, inteligente, culta, mas, como se costuma falar, meio porra-louca. Tinha mania de dizer que topava tudo, que era pau pra toda obra e, quando estava embriagada, dizia sempre: eu sou obra pra todo pau.

Resolveram todos ir pra Royal Salute. Tina Turner, Barry White era o som que rolava. No pedestal do DJ, Black Zé dançava a noite inteira, sozinho.

Dançaram e beberam até as quatro da manhã.

- E agora pra onde vamos?

- Tenda do Cigano, gritou Neuza.

- Que tal, uma ginga frita no Jangadeiro?

- Você quer ir ver as putas? Francisca, Carioca, Maria Perna Grossa, que vende calcinha na praia? Vamos pra Tenda, tomar caldo a cavalo com batida de amendoim!

Saíram da Tenda por volta das cinco e meia, o sol já subindo o mar como uma imensa bola de fogo avermelhada.

Cheia de desejos, Neuza perguntou:

- Você já foi ao Corujão?

- Já, mas agora quero mesmo é ir pra casa dormir.

- E mais tarde ? Insistiu Neuza.

- Tenho um compromisso às duas da tarde. Vou jogar sinuca, disputando cerveja, lá no Pé do Gavião, na Redinha.
- Tô dentro! Respondeu ela despedindo-se.

por Alma do Beco | 7:43 PM


Hugo Macedo©

Beco da Lama, o maior do mundo, tão grande que parece mais uma rua... Tal qual muçulmano que visite Meca uma vez na vida, todo natalense deve ir ao Beco libertário, Beco pai das ruas do mundo todo.

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