domingo, fevereiro 13, 2005

Grande Ponto Djalma Maranhão



Marcos Maranhão

Nenhuma homenagem às quais a cidade deve à memória de Djalma Maranhão (que deveria ser lembrado todos os dias pela mídia, como esportista, jornalista, protetor do folclore e idealizador dos grandes projetos da cidade), nenhuma fala mais ao meu coração que a que se presta no centro da cidade com o nome de Djalma Maranhão.
As cidades antigas tinham seu lugar sagrado, no centro, na Ágora em Esparta, na Acrópole em Atenas, no Capitólio em Roma. Ali, os cidadãos se reuniam e faziam discussões sobre os assuntos mais importantes, divertidos e esportivos da cidade. Na Acrópole ateniense, realizavam-se as grandes festas de Dionísio, Deus grego da alegria e do vinho.
No Grande Ponto de Djalma Maranhão realizavam-se as grandes comemorações como a vitória da seleção brasileira em 1958. Os grandes carnavais, com a orquestra do maestro Jônatas, o Bambelô de Guedes, o Araruna de mestre Cornélio, os índios de Bum-Bum, as Lapinhas, os Fandangos, a Nau-Catarineta de Caldas Moreira. A figura patriarcal, cheia de bonomia, amizade e prestatividade de Câmara Cascudo. A Confeitaria Cisne.
Neste Capitólio, onde pontificava Djalma Maranhão, acompanhado de manhã, de tarde e por algumas horas da noite, por mim, seu filho, Marcos Maranhão, víamos desfilar a alma da cidade. João Machado, Celso da Silveira, Deífilo, Augusto de Souza, Djalma Cavalcanti, Ticiano Duarte e seu pai Temístocles, Newton Navarro, Enélio Petrovich, Meira Pires, o velho brabo Jonas, Jayme Wanderley, Boanerges Soares, Berilo, Gumercindo Saraiva, Adalberto, Chagas, Expedido Silva, Paulinho Oliveira, os freqüentadores da Casa Vesúvio, de Maiorana, Bosco Lopes, Benivaldo Azevedo, Luizinho Doblechen, Paulo Maux, José Areia, Severino Galvão, Luís de Barros, Maria Mula Manca, Moraes Neto, Nilberto Cavalcanti e seu irmão Ney, Evaristo de Souza e seu violão. José Alexandre Garcia.
Finalmente, todo o espírito da cidade capitaneado por Djalma Maranhão. Tendo ao lado Oswaldo de Souza, Garibaldi Romano, Moacir, Ubirajara Macedo, Newton Navarro. Djalma Maranhão, esta figura múltipla, alegre, paradisíaca, merece ser o patrono do Grande Ponto, que agora leva seu nome justamente.
Não é apenas o Djalma Maranhão que iniciou o asfalto, a iluminação de mercúrio, calçou 70% da cidade. Mas o Djalma Maranhão folião, dos lança-perfumes, das serpentinas e confetes. O Grande Ponto era a sede do seu reino.
Djalma Maranhão, no seu posto de comando no Grande Ponto, como disse José Condé, transformou Natal numa grande Pasárgada cultural. Restaurou todos os autos populares na autêntica revalidação do folclore natalense. Lembro-me, com que saudade, dos desfiles chefiados por Djalma Maranhão no Grande Ponto, dos carnavais, dos autos folclóricos, das manifestações políticas.
Em Natal, Djalma Maranhão, como prefeito, realizou vários Congressos Brasileiros de Folclore, Praças de Cultura, Feiras de Livros. Edificou a Galeria de Arte, na praça André de Albuquerque, o Ginásio Municipal do Baldo, a Estação Rodoviária na Ribeira. Criou as Bibliotecas Volantes que disseminavam a cultura nos subúrbios. Construiu fontes luminosas e quadras esportivas nos bairros. Completou o calçamento do Tirol, Petrópolis, Rocas, Quintas e Alecrim, com paralelepípedos. Duplicou a avenida Mário Negócio, nas Quintas, possibilitando o acesso livre rodoviário em Natal. Calçou as Rocas, incluindo a grande ladeira da Igreja. Construiu o Palácio dos Esportes, edificou casas populares.
O Grande Ponto era seu posto de comando.
Para esta cidade do Natal muito querida e muito amada, nos grandes Congressos Brasileiros de Folclore, com apoio entusiasta de Cascudo, Djalma Maranhão foi o prefeito moderno que trouxe o asfalto e a iluminação de mercúrio, realizando os projetos da Via Costeira, Estádio Municipal e Anel Rodoviário.
Djalma Maranhão identificou-se com a cidade criando raízes emocionais com o seu povo e sua gente. Seus auxiliares eram amigos aos quais comandava, conduzia e convivia com afetividade. A todos levava para o Grande Ponto.
Em Natal, Djalma Maranhão foi atleta em todas as suas modalidades. Prefeito de Natal em duas administrações. Deputado Federal, Estadual, jornalista. Presidente do Conselho Estadual de Desportos. Presidente do Partido Trabalhista Nacional e Partido Social Progressista. Diretor do Jornal de Natal e Diário. Presidente da Empresa de Rádio Rio Grande. Escritor. Autor de importantes trabalhos sobre folclore, política e economia. Abordou seriamente a problemática da industrialização do tungstênio em bases estatais.
Cito Daudet: quem não conheceu Avignom na época dos papas, não conheceu Avignom. Aqui, dizem também que quem não conheceu Natal na época de Djalma Maranhão, não conheceu Natal. Tantas foram as realizações telúricas da Administração Djalma Maranhão em Natal, consubstanciadas com o povo, que a cidade se transformou em uma festa permanente, verdadeira, multicor e paradisíaca. A central era o Grande Ponto, liderado por Djalma Maranhão.
Foi ali que aconteceram as grandes manifestações políticas da cidade. Em cima da Casa Vesúvio funcionava o Fórum de Debates Djalma Maranhão, onde todos os meses deputados da Frente Parlamentar Nacionalista falavam para o povo de Natal, esclarecendo as grandes necessidades nacionais. Foi ali que o deputado Leonel Brizola denunciou o movimento de 1964 que se tramava contra o presidente João Goulart e do qual fazia parte o general Muricy.
Djalma Maranhão era plural e dionisíaco, sentimental e romântico, vivia permanentemente em contato com todas as classes sociais. Sua alegria de viver tinha o condão de aproximar as pessoas. A este traço era aliado uma grande noção do sentimento do dever. Era chamado carinhosamente de “Caudilho”.
Continuo a sentir em Natal, cada vez mais forte, à medida que os anos transcorrem numa evocação proustiana, todas as vezes que passo pelo Grande Ponto, a presença de meu pai emoldurada num perfil de ouro e fogo, traçador de sua figura legendária.
Politicamente o nacionalismo era seu ideal. Sonhou com um Brasil politicamente livre, economicamente forte e socialmente justo. Defendia as liberdades públicas, a economia forte, o pluralismo político, a soberania nacional. Morreu no exílio. Hoje, depois de tantos anos, sua imagem de estadista, homem público de escol, escritor, poeta, político e notável administrador, começa a ser resgatada.
Como administrador, construiu uma usina de asfalto e oficinas de construção, para não precisar fazer empréstimos, terceirizar, nem contratar empresários. “Honestidade acima de tudo” era seu lema.
Hoje, o Grande Ponto Djalma Maranhão faz o grande resgate. Agradeço a todos e que esta homenagem passe a ser feita diariamente.
Viva o Brasil. Viva Djalma Maranhão.

por Alma do Beco | 11:59 AM


Hugo Macedo©

Beco da Lama, o maior do mundo, tão grande que parece mais uma rua... Tal qual muçulmano que visite Meca uma vez na vida, todo natalense deve ir ao Beco libertário, Beco pai das ruas do mundo todo.

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