quarta-feira, fevereiro 09, 2005

A cachorra que canta amor I love you


Edgar Allan Pôla

No Beco, não se fala noutra coisa: a cachorra de Pedrinho.

É que Alexandro Gurgel, filho do saudoso chefe de reportagem do Diário de Natal, Alexis, está para mover uma ação jurídica contra o bodegueiro etilicobecodalamense Pedro Abech.

A cachorra do Turco, que antes permanecia presa na sala onde na Gonçalves Ledo funcionava o Sebo nas Canelas, agora, com a inauguração do Palacete da Lama, unindo fundos e frente do estabelecimento, agora pernoita na casa da mãe de Pedrinho, vizinha de fundos de Alexandro.

Alexandro reclama que devido aos latidos ininterruptos da dogue alemã não consegue mais dormir e fica prejudicado no trabalho, pescando diante da telinha do computador. Alexandro diz que vai cobrar uma indenização de 100 salários mínimos, pela perturbação provocada pela cadela. Que até já recorreu a Rossana Sudário, para ver se resolve o problema sem ter que dar um tiro na cadela ou jogar uma bola de carne com veneno muro acima.

Alex está a cada dia mais brabo. Semana passada escreveu a crônica Dormindo com a cachorra do Abech, na qual esbraveja: "Já falei com o bodegueiro várias vezes e sempre recebi a promessa de que a situação seria resolvida. Já se passaram mais de seis meses e até hoje, nada! A falta de respeito de Pedrinho comigo é muito grande e cada vez mais evidente".

E ameaça: "Vou entrar na justiça, ainda essa semana, para pedir uma indenização em dinheiro (pelo menos 100 salários mínimos) pelas noites de sono mal dormidas e outras sem conseguir dormir. Já entrei em contato com algumas ONG’s, nacionais e internacionais, as quais se preocupam com a proteção e os bons tratos dados aos animais domésticos. Com apoio de alguns vizinhos, marquei uma audiência com a promotora do Meio Ambiente, Rosana Sudário, para denunciar o barulho dos latidos da cachorra, os quais configuram um crime contra a Lei do Silêncio. Se nada disso surtir efeito, começarei uma campanha ferrenha em favor da minha tranqüilidade noturna. Vou contribuir incansavelmente para que o bar não tenha movimento – só assim Kelly poderá dormir por lá, guardando o comércio do turco".

No grupo becodalama@grupos .com.br, a festa está estabelecida. Leonardo Sodré, solícito e solidário, sugere uma permuta de cão: "Dunga tem um cachorro de raça (boxe) com umas cinco ou seis pulgas, incruado e que nunca late. Ele está com vontade de doar o bicho e Pedrinho poderia ficar com ele, presenteando "Keyla" a um canil especializado em Dog Alemão. O arranjo seria bom para todo mundo. Pedrinho teria um cachorro para passear, Dunga se livraria da obrigação de cuidar do bicho, "Keyla" iria transar doidamente e você (Alex) voltaria a dormir."

De Nei Lendro de Castro, Alex recebeu o e-mail:

Alex,

Estou com você e não abro. Cachorro, nem quente. Frito, talvez. E seus donos, aqueles babões que não ligam pra merda de cachorro nem pra merda que eles fazem na vizinhança, só há uma solução: os serviços profissionais dos irmãos Aleluia, de Catolé do Rocha. Esses excelentes profissionais fazem um serviço perfeito de castração de donos de cachorros. Preço: com dor, R$ 50,00 por testículo; sem dor: R$ 500,00 por testículo. Você escolhe qual a opção que o turco merece.

Quanto ao destino da cachorrona, também tenho uma sugestão: você paga oito meladinhas para Volonté, lhe dá mais oito reais e pede para ele, numa peleja heróica, esganar a fela da puta. Volonté só gosta de briga de cachorro grande.

Espero que você acate esses dóceis conselhos o mais depressa possível.

Abração, Nei.

E até deputado federal já se meteu no entrevero: "Torço para que, através da Promotoria do Meio Ambiente, você consiga restabelecer sua tranqüilidade, sem precisar sacrificar a cachorra do Abech", vaticinou Álvaro Dias.

Dunga, a princípio, pede paciência a Alex: Keith Katarina Zetta Jones é um animal especial. Já foram escritas duas crônicas a seu respeito e ela também já foi contemplada com uma poesia. Keith é cadela cantora. Ela acompanha com uivos o "Amor, I love you. Amor, I love you" do cancioneiro brega. Seja mais tolerante com a bichinha, pois.

Para depois também considerar:

"Alex,

Confesso que começo a ficar solidário a você. Quando as meninas reclamavam das condições pouco higiênicas do banheiro do turco, ele fazia zombaria e faz zombaria de tudo o que se diga ou sugira para que ele melhore a maldita espelunca do Beco.

Agora que ele abriu o Palacete da Lama, unindo fundos a mundos, tudo continua como dantes, ele valendo-se das rezas dos cigano e padres vizinhos: não abre mais o bar para o cotidiano e o Palacete é agora ambiente só para eventos.

Nós que fazemos as noites do Beco, queremos a volta do funcionamento diário do bar dos fundos, e essa reivindicação bate com os seus intresses, já que Zetta Jones pode ficar na frente, longe do seu berço agora esplêndido dado ao sepulcral silêncio das noites tenebrosas de lua nova do centro de Natal."

O Beco tá que é uma cachorrada só.

por Alma do Beco | 7:39 AM


Hugo Macedo©

Beco da Lama, o maior do mundo, tão grande que parece mais uma rua... Tal qual muçulmano que visite Meca uma vez na vida, todo natalense deve ir ao Beco libertário, Beco pai das ruas do mundo todo.

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A imagem de fundo é do artista plástico e poeta Eduardo Alexandre©

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