quarta-feira, fevereiro 09, 2005

O prejuízo de Lourival


Edgar Allan Pôla

Coisa mais sem futuro no mundo é marcar encontro com poeta. Fazer passeata de poeta, então, nem contar. Plínio Sanderson lembra que uma das passeatas foi realizada com onze integrantes, e conta nos dedos os nomes dos heróis.

Nesse ano, a passeata sairia do muro da Catedral rumo à Galeria do Povo, na Praia dos Artistas, e teria uma parada no Lourival, em frente ao Diário de Natal. Em pequeno número mas sem perder o pique nem a irreverência, depois de horas de espera sem que o caldo engrossasse, os poetas resolvem partir.

Chegam ao Lourival, tem mais gente no bar que na passeata. E os vates tomem a subir em tamboretes e mandar ver poesias para os circunstantes, Nicó abrindo todas que os poetas pediam.

Como o Lourival era só uma parada e o caminho ainda era longo, os poetas se vão com as suas palavras de ordem, deixando a conta por pagar. Atrás dos poetas, o proprietário do estabelecimento esbravejava, cobrando o que lhe era de direito.

- A despesa! A despesa!

- Bote na conta de Baco! Sentenciou um dos festejantes do Dia da Poesia.

Satisfeito, Lourival voltou-se e já caminhava em direção ao bar quando lembrou-se de fazer a pergunta:

- E quem é Baco, homem de Deus?

Lourinho ficou no prejuízo.

por Alma do Beco | 6:13 AM


Hugo Macedo©

Beco da Lama, o maior do mundo, tão grande que parece mais uma rua... Tal qual muçulmano que visite Meca uma vez na vida, todo natalense deve ir ao Beco libertário, Beco pai das ruas do mundo todo.

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Praieira
(Serenata do Pescador)


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A imagem de fundo é do artista plástico e poeta Eduardo Alexandre©

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