Edgar Allan Pôla
Coisa mais sem futuro no mundo é marcar encontro com poeta. Fazer passeata de poeta, então, nem contar. Plínio Sanderson lembra que uma das passeatas foi realizada com onze integrantes, e conta nos dedos os nomes dos heróis.
Nesse ano, a passeata sairia do muro da Catedral rumo à Galeria do Povo, na Praia dos Artistas, e teria uma parada no Lourival, em frente ao Diário de Natal. Em pequeno número mas sem perder o pique nem a irreverência, depois de horas de espera sem que o caldo engrossasse, os poetas resolvem partir.
Chegam ao Lourival, tem mais gente no bar que na passeata. E os vates tomem a subir em tamboretes e mandar ver poesias para os circunstantes, Nicó abrindo todas que os poetas pediam.
Como o Lourival era só uma parada e o caminho ainda era longo, os poetas se vão com as suas palavras de ordem, deixando a conta por pagar. Atrás dos poetas, o proprietário do estabelecimento esbravejava, cobrando o que lhe era de direito.
- A despesa! A despesa!
- Bote na conta de Baco! Sentenciou um dos festejantes do Dia da Poesia.
Satisfeito, Lourival voltou-se e já caminhava em direção ao bar quando lembrou-se de fazer a pergunta:
- E quem é Baco, homem de Deus?
Lourinho ficou no prejuízo.