"A boemia de Natal encontra-se no Bar do Coelho". A frase é um aviso aos novos boêmios e está escrita há anos nas paredes do Bar do Coelho, na Cidade Alta, como marca de um espaço que preserva a tradição da boa música. Com 29 anos de vida, o Bar do Coelho costuma lotar nos finais de semana, conservando a peculiaridade no cardápio, de ser o único da cidade a servir carne de coelho, cujo prato deu origem ao nome do local.
João Maria Batista Campos, um dos proprietários do bar, disse que a idéia surgiu em 1976, depois que ele saiu do exército e começou a trabalhar na mercearia que havia no local onde hoje funciona do bar. “No verão daquele ano, fui com alguns amigos passar o final de semana em Muriú e comprei vários coelhos. Transformamos a mercearia em um bar e começamos a vender coelhos como prato principal. Como foi um bom negócio, começamos também uma criação de coelhos”, afirmou.
Segundo João Maria Campos, muita gente não trabalha com o coelho pelo fato de ser uma carne cara, e também pela falta de hábito da maioria dos natalenses em saborear tal petisco. Mas João Maria ressalta que muita gente, após comer, torna-se um cliente assíduo. No cardápio, a carne de coelho é servida ao alho e óleo, na brasa, ou como guisado. Além do coelho, o cardápio oferece pratos típicos da culinária nordestina como buchada, bisteca, carne de sol, costela de porco, peixe, guisado, frango, lingüiça, tripa, e caldos diversos.
Em setembro de 2006, o Bar do Coelho completará 30 anos de boêmia e seus proprietários guardam lembranças infindáveis, história hilariantes que ficarão guardadas em um livro que será editado pelo selo da editora Sebo Vermelho. “É um livro que vai contar um pedaço da história de Natal. São memórias importantes, vivida no Bar do Coelho que foram colhidas durante três décadas”, disse o editor, Abimael Silva.
De acordo com Edvaldo Campos, o outro sócio do bar, figuras notáveis têm freqüentado o Bar do Coelho durante esse tempo todo, alguns já faleceram e outros continuam freqüentando o bar. “Alexis Gurgel, Newton Navarro, Bosco Lopes e Celso da Silveira eram boêmios que freqüentavam o bar assiduamente, quando eram ativos intelectuais”, disse Edvaldo.
Atualmente, além de o bar ter conquistado uma nova freguesia, a antiga boêmia natalense continua freqüentando os eventos do Bar do Coelho. “É uma honra poder receber pessoas notáveis como Antônio Montenegro, Diógenes da Cunha Lima, Seu Galego, Milton (de Nazaré), Carlinhos Bem, Carlançae, entre outros boêmios”, disse Edvaldo.
Para Luiz Carlos Furtado Mendes, antigo freqüentador do lugar, o Bar do Coelho é onde ele pode rever os amigos de infância e desfrutar da amizade com os proprietários. “Na minha turma de adolescente havia Ramiro, Toinho Patriota, João Américo (falecido), Junior (irmão de João), Geraldinho, Alex Gurgel e outros que moravam nessa região e tomávamos as primeiras cachaças no Bar do Coelho. Hoje, nós nos encontramos aos sábados para bater papo, beber cerveja e jogar conversa fora”, declarou Luiz Carlos.
Apesar da proximidade com a Igreja do Galo, os proprietários do Bar do Coelho afirmam que nunca houve nenhum tipo de problema com o clero católico e com nenhum outro vizinho. Como aos sábados tem música popular brasileira e chorinho ao vivo e, nas sextas-feiras, um grande forró com banda do tipo pé-de-serra, o som é devidamente controlado para não perturbar nenhum vizinho.
Bar do Coelho
Rua Padre Pinto, 705, Cidade Alta. Tel.: 221-6200.
Aberto de terça a domingo.
Na foto: João Maria e Edvaldo Batista, proprietários do Bar do Coelho