domingo, agosto 28, 2005

CARTA DE ARQUIVO



MESTRE LEN, ZÉ LIMEIRA, CHICO DOIDO E EU TAMBÉM
(CARTAS DE ARQUIVO - I)

Mestre Len Of Cotovelo Beach
Meu saudar!
Essa, aí embaixo, é boa, Vossa Mercê vai notar !
Conheci, em João Pessoa (1978), o poeta Orlando Tejo - um figuraço de cachimbo, cabeleira farta e outras mungangas mais ! Ainda não havia publicado a primeira edição do muito festejado "Zé Limeira - O Poeta do Absurdo" (1980).
Uns dizem que inventou o violeiro e cantador maravilhoso, o negão de Teixeira. Cachola rara tinha (e tem) para a empreitada magnífica. Não inventou, não ! Na embalagem, entretanto, deve ter dourado muitíssimo a pílula...Fico com os que acreditam na existência física de Zé Limeira. O circunspeto,sagaz e vetusto José Américo de Almeida - que prefaciou o livro -, acho, não cairia na esparrela, no engodo bem urdido.
Enquanto isso, aqui, na nossa não muito leal Capitania, meu velho colega da Banda do Atheneu Nei Leandro e Moacy Cirne, cabra doido viciado em gibi (eles têm um nome complicadíssimo para a "especialidade"!), fabricaram um tal de Chico Doido de Caicó - que não chega sequer à poeira das alpercatas do putanheiro bardo paraibano. O tal desgovernado - a invenção dos dois - é chulo sem graça, pornográfico de pouco estilo, iconoclasta gratuito; não rima direito, metrifica muito mal, não acresce nada. É uma brincadeira gaiata, um infeliz arremedo, uma bufa !Chico Doido é uma mistura dos seiscentos diabos : sertanejo analfabeto, discutia Fernando Pessoa. No início dos anos 50, conheceu Zé Limeira (trinta anos antes do livro de Orlando Tejo). Vigia de rua em Natal, dava-se à intimidades com as caras meninas de Maria Boa e - calcule, meu distinto castelão praieiro - discutia história pátria com Cascudinho! Sem carta de ABC na cachola, é dose, conhecia Átila, Bocage, Casanova, Raimundo Correia, Gregório de Matos e outras feras...!
Tem mais, my lord : o caicoense Chico Doido foi pra Marinha Mercante, conheceu mundos e fundos. Em terras de Espanha se perdeu (o apelido era "Paco") e morreu, - graças a Deus! - no Rio de Janeiro. Onde, perto da Lapa, antes da passagem, bebia cachaça com Nei. Igualzinho ao Zé Limeira, usava óculos escuros, Ray-Ban, calculo!
Ainda bem que o grande Chico Xavier se foi sossegado, partiu para o Azul nas Minas Gerais, livrando-se, assim, da rebordosa de incorporar o encosto desse xará seridoense. Dessa “alma sebosa”, como diria o meu amigo Walter Leitão, ex-prefeito do Assu – que também desta já se foi, muito a contragosto.
Não é que, no Rio, Chico Doido, psicografado, deu uma baita entrevista! Do além, receitou prá cacete: conhece todo mundo aqui em Natal. Cupincha de muita gente importante, luzidia – íntimo até de Diógenes da Cunha Lima. Perguntado, disse ao presidente da mesa de linha branca que lá por onde flutua ouviu Luis Carlos Guimarães, o grande poetinha, se queixar ("ficou puto!") da sacanagem que, na Academia de Letras, fizeram ao amigo comum Nei Leandro – que perdeu uma vaga de imortal para um ilibado e culto cidadão do País de Mossoró. E foi em frente, em dia, diga-se muito bem informado, sobre as nossas deliciosas picuinhas provincianas... O pior, para mim, meu lorde, é que sapecaram o nome de Othoniel Menezes nessa baderna.Depois lhe mando mais, Mestre. Fiel escudeiro,

Laélio Ferreira
julho/2002

por Alma do Beco | 9:50 AM


Hugo Macedo©

Beco da Lama, o maior do mundo, tão grande que parece mais uma rua... Tal qual muçulmano que visite Meca uma vez na vida, todo natalense deve ir ao Beco libertário, Beco pai das ruas do mundo todo.

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