Para comemorar 25 anos fazendo artes plásticas, o artista Marcelo Fernandes prepara o lançamento do livro “Imagens Lúdicas do Infinito”, título provisório, onde o artista conta sua trajetória através de relatos de amigos, depoimentos de artistas consagrados, fotos e prêmios. Marcelo Fernandes teve seu primeiro contato com as artes através da amizade com o artista Assis Marinho e utilizava as sobras do material de Assis para fazer rascunhos experimentais com giz de cera, surgindo os primeiros quadros.
Com um emprego fixo no Governo Federal, fazendo parte dos quadros da TV Universitária, produzindo cenários para os programas, Marcelo abandonou tudo para se dedicar às artes, preferindo viver da produção de seus quadros. Com seus conhecimentos em cenografia, Marcelo Fernandes fez parte do antológico filme “Boi de Prata”, do cineasta Augusto Ribeiro Junior, em Caicó.
A insistência de experimentar materiais diversos fez com que Marcelo começasse a criar coisas inéditas, culminando na descoberta do “Giz de Cera Multicor”. “Nessa época, descobri o Ovo de Colombo. Uma invenção própria. Era uma novidade fantástica e não havia Giz Multicor no mundo. Uma coisa única”, disse entusiasmado.
Com seu giz de cera multicor em mãos, o artista começou a desenvolver uma técnica própria, utilizando o abstracionismo como expressão dos seus sentimentos. Conforme o artista, o resultado das abstrações nos seus quadros são frutos de estudos e observações dos contrates das nuvens, as cores fortes das texturas nos telhados antigos, as sombras, os reflexos de luzes no mar e a multiplicidade de cores durante o pôr-do-sol. A observação da natureza foi sua principal inspiração.
Com o tempo, Marcelo Fernandes foi se firmando como artista e tendo reconhecimento, realizando importante participação durante o Festival de Arte do Forte do Reis Magos e na Galeria do Povo. Para mostrar seus trabalhos feitos com a recente descoberta da nova técnica, Fernandes resolveu fazer sua primeira exposição individual chamada “Cristais e Rochas”, na Galeria da Biblioteca Câmara Cascudo, promovido pela Fundação José Augusto.
“Cores, mais cores, sempre cores. Talvez fosse essas palavras o bastante para definir o trabalho do pintor Marcelo Fernandes. A cor a dar vida à pura abstração de formas indecifráveis”, disse o saudoso poeta Luiz Carlos Guimarães sobre o estilo de o artista expandir o lápis multicolorido de cera na concepção de sua obra. De acordo com o poeta, há um geometrismo nos quadros de Marcelo Fernandes que sempre procura expressar um resultado de reflexão.
Segundo o artista plástico Dorian Gray Caldas, que sempre acompanhou Marcelo Fernandes de perto, qualquer pessoa sensível fica perplexa pela beleza que os quadros de Fernandes transmite. “Ele tem o sortilégio que anima os verdadeiros vocacionados. Usando materiais inusitados à base de ceras concentradas em bastão, Marcelo Fernandes reanima texturas, compatibiliza manchas, faz nascer formas nunca antes experimentadas, pelo uso arbitrário, provocador e decisivo da própria dinâmica do fazer”, escreveu Dorian Gray.
A Arte Ganhou o Mundo
Depois de ganhar a capa da Listel, lista telefônica patrocinada pela antiga Telern, em 1992, sentiu a necessidade de mostrar seus trabalhos fora dos limites potiguares, viajando pelo Brasil, participando de exposições coletivas e mostras individuais em cidades como Olinda, Belo Horizonte, Salvador, Brasília, Ouro Preto, entre outras.
O convite de uma curadora, que tinha familiares na França, levou Marcelo Fernandes a passar uma temporada na Europa, expondo sua obra em praças pública – tradição secular européia – em cidades como Paris, Lisboa, Genebra, Madri, Amisterdan e Londres. “Quando vendia algumas obras, eu ia conhecer museus, galeria de arte, pontos turísticos, como qualquer brasileiro deslumbrado com a beleza européia faz”, acrescenta.
Na volta à Natal, a cabeça cheia de novidades e idéia, fez oficinas de artes, exposições coletivas, participação em concursos de artes e exposições individuais. Segundo o próprio artista, um dos prêmios mais importantes foi o 1º lugar no concurso “I Salão de Artes Plásticas da Cidade do Natal”, promovido pela Prefeitura Municipal do Natal, através da Fundação Capitania das Artes. Logo em seguida, foi selecionado entre os 20 melhores artistas do Nordeste para fazer parte de uma exposição coletiva chamada “Concurso Pireli Pintura Jovem”, no Hotel Miramar, Recife.
A Arte é um Show
Logo no início da sua carreira, Marcelo não queria vender seus trabalhos de tão belos que achava, os admirando, não querendo se desfazer das obras. Sentia um amor muito grande pelo que fazia e, segundo o artista, somente começou a comercializar tempos depois como uma forma de sobrevivência e expansão do próprio trabalho do artista.
Atualmente, ministra oficinas de artes para adolescente e para a terceira idade, onde desenvolve um trabalho educativo e terapêutico através da sua arte. Marcelo Fernandes tem participado de festivais e feira de cultura. Hoje, trabalha na construção do seu próprio atelier, um lugar onde poderá receber as escolas públicas, pessoas interessadas em artes e para aqueles que quiserem conhecer todas as fases do artista.
Marcelo confessa que planeja fazer algumas performances artísticas, misturando a forma de fazer arte com poesia e música, criando um espetáculo de cor e alegria. “A idéia é fazer arte-show durante as futuras exposições, criando arte na hora e de improviso”, finalizou.
Alex Gurgel