Com a constatação de que os repasses de dinheiro para partidos e parlamentares através das contas do senhor Marcos Valério vem de antes de 2003, o que depreende-se é que a prática foi descoberta pelo governo Lula e que, ao invés de denunciar o “operador do mensalão e do caixa 2” e tornar público o fato, aliou-se a ele e passou a usar o esquema. Ou seja, descoberta a maracutaia e a dinheirama que gerava, manteve-se a maracutaia e o governo passou a beneficiar-se dela.
Isso explicaria a razão de o governo do PT ter sido tão brando com relação ao governo FHC, denunciado sistematicamente de envolvimento em corrupção por Lula quando candidato à presidência. O governo deixava ver que havia descoberto coisas escabrosas do anterior, mas mantinha-se altivo, dando a entender que não queria promover revanches e parecer perseguidor.
Assim, Lula navegou em mar de almirante com todos os seus antecessores, de Sarney ao próprio Fernando Henrique, enquanto a pátria-mãe, tão distraída, estava a ser subtraída em tenebrosas transações.
De Sarney, sabia-se, comprou, com concessões de canais de televisão, FMs e outros meios, mais um ano de mandato. FHC, supunha-se, comprara a preço de ouro a aprovação da lei que possibilitou sua reeleição. Com a descoberta do esquema Marcos Valério, isso vai evidenciando-se.
Sabe-se que a "caixinha” é prática na política brasileira. O próprio Lula admite e até dá entrevista banalizando-a, dizendo-a coisa normal, corriqueira. O que resta é perguntar: quantos Marcos Valérios ainda operam Brasil afora, dilapidando recursos que poderiam estar diminuindo filas de hospitais, educando crianças, saneando cidades, asfaltando estradas?
Pobre Brasil de descaminhos tão milionários!
Dunga


Hugo Macedo©