Depois que Lula transpôs o curso do rio de lama de seu governo com destino ao PT, este, sob nova administração, dá o troco: assume responsabilidades e deixa o presidente da República e sua turma na canoa furada na qual embarcaram.
O partido dá sinais que governos são transitórios e que busca a longevidade ameaçada. E também que a nível de colegiado nunca esteve envolvido com o esquema de obtenção de recursos duvidosos para formar caixa 2 para campanhas ou pagamento de voto de parlamentares em questões de seu interesse.
Ou seja, devolve a Lula e seu governo a responsabilidade pelos atos dos senhores Delúbio Soares, Sílvio Pereira, José Genoíno, José Dirceu e demais membros do partido que estiveram envolvidos nos negócios escusos com Marcos Valério.
É o milagre da transposição e a tábua de salvação do partido: quem errou, haverá de pagar pelos seus erros, inclusive Lula, se os cometeu.
O mais importante, no momento, não é o governo que tem data para encerrar, mas salvar o maior patrimônio político construído pelo povo brasileiro em sua história republicana: o Partido dos Trabalhadores, este que há 25 anos se solidifica em bases populares e que não pode ser atirado ao lixo da história por razões circunstanciais, mesmo que estas tenham a envergadura da crise atual, que coloca sob suspeição seu criador e líder maior.
A direção do PT, com as últimas posições tomadas, deixa claro: pagará pelos erros aqueles que os cometeram, sejam Genóinos, Delúbios, Dirceus, Sílvios Pereira ou quem quer que seja, Lulas inclusos.
É assim, a prática da democracia.
Eduardo Alexandre