segunda-feira, junho 13, 2005

O BOQUETE



Passei três meses em Brighton, Inglaterra. Nos fins de semana, costumava viajar de ônibus ou de trem para conhecer cidades próximas. Um dia, chegando às Seven Sisters, como é chamado o conjunto de sete colinas de Eastbourne, encontrei-me com um colega brasileiro e uma japonesinha amiga dele. Ao sermos apresentados, a moça inclinou-se e me cumprimentou em bom Português: "Eu quero te comer"! Retribuí com a mesma delicadeza: "Eu quero te comer também!" A nipônica era bonita e simpática. Conversamos o tanto que meu inglês capenga permitiu. Na despedida, perguntei se ela sabia o significado daquele "cumprimento". Disse-me que sim, "Nice to meet you" (prazer conhecê-lo), e quase enfarta quando traduzi a frase.

Tenho um amigo que adora palavras bonitas. Ele simpatiza com o som, gosta, e pronto. O sentido que se dane. Certa vez estávamos na porta do jornal "O Mossoroense" esperando o vale da sexta-feira e alguém perguntou ao dito-cujo se determinado advogado era bom em causas criminais. As referências foram as melhores (ou seriam piores?): "Quem, Fulano? Fulano é o advogado mais leigo da região: sabe tudo!" E olhe que essa não é a única do meio jornalístico. Tenho vários causos na memória, como aquele que contei recentemente no artigo "De catrevage a pederasta", no qual um colega de faculdade, observando uma jovem belíssima, disparou: "Eu sou um pederasta". Assustei-me de verdade. O maior paquerador da UFRN entregando os pontos? Não era possível. Mas aí veio a explicação: "Adoro meninas de 17 anos".

O grande Carlito Meireles, ex-prefeito de Francisco Dantas, contou-me outra melhor. Uma professora da rede estadual de ensino recorreu ao botox para eliminar os pés-de-galinha, esticar a testa e o pescoço. O negócio ficou excelente e todos perceberam o rejuvenescimento da cinqüentona. O problema é que a mulher trocou as bolas e sempre que alguém comentava acerca de sua boa aparência, inclusive em sala de aula, ela abria logo o jogo: "Foi boquete". A situação se repetiu, provocando risos e comentários maledicentes, até que um sobrinho, percebendo o mal-entendido, resolveu explicar: "Tia, o que a senhora fez foi uma aplicação de botox. Boquete é @*%&#$?@**". Felizmente o coração da professora estava nos trinques. Moral da história: palavras desconhecidas são pior que casca de banana. Use-as com moderação.

Cid Augusto

por Alma do Beco | 6:00 AM


Hugo Macedo©

Beco da Lama, o maior do mundo, tão grande que parece mais uma rua... Tal qual muçulmano que visite Meca uma vez na vida, todo natalense deve ir ao Beco libertário, Beco pai das ruas do mundo todo.

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