Segundo o jornalista Alexandro Gurgel, seu parceiro em muitas empreitadas, o fotógrafo Hugo Macedo tem parte com alguma entidade mitológica, que o torna irresistível perante as mulheres. O “invocado” Hugo, no dizer de Gurgel, tem uma sorte danada, e, tal qual areia de cemitério, não dispensa nada”. Aliás, para Alexandro Gurgel, isso é até bom, porque nas muitas viagens que os dois fazem para preparar matérias jornalísticas e fotográficas no sertão, Cléo, seu eterno amor, não esboça nenhum tipo de preocupação. “O mulheril nem olha para mim, só vê os longos cabelos de Huguito e seus olhos que não perdem um só lance. E, ele quer thuuuudo”, garante.
Dias desses, a dupla, que tem sociedade num site de informações sobre o Rio Grande do Norte, resolveu ampliar suas atividades profissionais, montando a empresa PRATICAL para dar aulas de inglês e fotografia, no centro da cidade, na histórica Rua das Laranjeiras. Depois de bem divulgados, os cursos começaram a ser procurados por muitos alunos, com uma curiosidade: o de fotografia, ministrado por Hugo Macedo, tinha uma população formada por 98% de mulheres. Todas muito felizes, aos sábados à tarde. Ele, diga-se de passagem, grande professor, se esmerou e levou para a sua turma informações valiosas sobre o ofício, numa programação didática capaz de fazer inveja aos melhores cursos do país.
Compenetrado, não havia faltado nem um dia ou “enrolado” um só minuto, dando aulas de três horas seguidas, movimentando-se pela sala sob os olhares carinhosos de uma platéia emudecida de amor.
Num sábado, promoveu um exercício de campo. Levou todo mundo para fotografar o centro histórico e cultural da cidade. Não sabia ele que a maioria dos cliques estavam voltados para o professor.
Fecharam os focos no rosto, corpo inteiro, da cintura para cima e, pasmem, até da cintura para baixo!
No outro sábado, não faltou ninguém. Todas queriam mostrar as fotos que tinham feito do professor. Claro, todas pensavam que o seu resultado seria único, afinal quem já viu mulher amiga de outra?
Mas, o professor não apareceu. Teve que resolver uns problemas numa de suas fazendas no Seridó e empenhou o seu sócio – que também é fotografo – para substituí-lo.
Quando Alexandro Gurgel entrou na sala e comunicou o fato, a decepção foi geral. Uma aluna gritou:
— Com ele não assisto aula. Quero Hugooooooo!
E, como se tivesse acontecido um ensaio, todas começaram a cantar ao mesmo tempo:
Hugo Macedo aonde está você?
Nós viemos aqui foi pra te ver!
Alexandro Gurgel ainda tentou emendar, caprichando na voz:
— Calma pessoal, é somente hoje...
Uma aluna serelepe, dessas que não mede palavras, logo interrompeu:
— Rouquinho, vá deixar o cabelo crescer e treine um olhar de tarado! Depois você volta...
Cabisbaixo, Alexandro saiu e somente foi visto nas cercanias do Bar de Nasi, no Beco da Lama, por volta das 22 horas, contando estrelas e jurando para um bêbado desatento, que ia deixar o cabelo crescer, como na sua juventude.
Leonardo Sodré