Sonhei um sonho arretado:
As raparigas de Maria Boa
Me lambiam
Da cabeça aos pés.
Quando acordei
Lampeão Virgulino
Me olhava com olhos
De poucos amigos.
Caguei-me todinho.

***

Quero pau, quero pau,
Exclamava a jovem aflita
Com sua nhenheca em brasa
Diante do meu caralhau.
Mais do que depressa
Passei-lhe a pica ardente
Para depois, logo depois,
Ouvir um som fremente:
Quero mais, quero mais.
E eu, com a voz gulosa:
Meu bem, que tal atrás?
Meu bem, que tal atrás?

***

Sou macho
Eu também já broxei.
Sou macho
Eu também já levei porrada.
Sou macho
Eu também já dancei tango em Caruaru.

Notas 2005:
1. Cópias deste número do Balaio, em sua versão xerografada, foram entregues à Secretaria da ABL, dirigidas nominalmente a 20 acadêmicos. A escritora Lygia Fagundes, em gentil bilhete, foi a única que nos respondeu.
2. A candidatura de Chico Doido à ABL foi lançada através do Balaio 571 (em número datado de 23 de novembro de 1993), mediante carta endereçada ao Cardeal D. Eugênio Salles, assinada por vários poetas, escritores e artistas do país.

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