sexta-feira, fevereiro 25, 2005

A política no RN

Câmara Municipal do Natal

Brasília Carlos Ferreira

A perpetuação de grupos familiares na política é danosa, principalmente por reforçar na população a idéia de que a política é uma atividade reservada a poucos e que os demais estão privados de se ocuparem de tudo o que diz respeito à coisa pública, ao bem comum.
Anos atrás, indagado sobre a política na primeira Republica, Dinarte Mariz afirmou: “no Rio Grande do Norte, durante a Primeira República, mudavam apenas os prenomes os sobrenomes continuavam os mesmos”. Naquele período, a trajetória política de maior êxito foi a de Café Filho.
Contudo, sua origem fora das famílias tradicionais e o fato de ter surgido na cena pública ancorado na ligação com os trabalhadores, lhe causaram muitos percalços. Embora por injuções políticas peculiares tenha sido eleito vice presidente e exercido a presidência do país, Café‚ Filho jamais gozou da confiança das elites políticas locais, o que dá bem a medida das dificuldades que teve de enfrentar na sua carreira política de final melancólico.
Passados mais de 70 anos, constata-se a permanência do esquema político familiar em nosso estado. Em cada eleição acrescentam-se às listas de candidatos novos nomes, de sobrenomes iguais. Veja o executivo estadual e municipal, veja a bancada federal, estadual e municipal, e liste os sobrenomes. Consulte as projeções para a disputa eleitoral de 2002, e liste os sobrenomes.
Como explicar tais sobrevivências do passado em plena era virtual? Esse quadro monótono é fruto da cultura política que caracteriza a sociedade brasileira e que tem na exclusão social e na dominação política os principais elementos constitutivos. As peculiaridades dessa cultura política concorrem para que a construção da cidadania e da democracia em nosso país, seja marcada por descontinuidades e rupturas.
A política não pode ser propriedade de famílias e dos seus interesses privados. A patrimonialização torna a política uma espécie de “reserva de mercado”, com graves conseqüências para a sociedade. Muitas das mazelas que corroem à sociedade brasileira, como a corrupção, têm origem na promiscuidade que caracteriza a intercessão dos espaços público e privado, a partir do que se confunde o que é meu por direito de propriedade, do que é da esfera do bem comum, porque é de todos, da coletividade.
É na disputa entre propostas políticas que se elabora o pacto social que rege a vida em sociedade. Todos os grupos têm direito de apresentar suas propostas e de debatê-las, com vistas à definição da sociedade que se deseja. Uma sociedade democrática não pode conviver com privatização do espaço público, pela predominância de grupos políticos familiares. A medida de democracia acaba por ser a pluralidade de grupos de representação que participam da cena pública.
O continuísmo de grupos familiares, de seus feudos políticos e de suas práticas clientelísticas e fisiológicas é uma forma de fazer política que tende a se extinguir. A história vem emitindo sinais do esgotamento dessa forma excludente de se fazer política em nosso país. No curto espaço de 20 anos, a política brasileira vem se modificando pela introdução de novos atores que questionam velhas praticas e poderes.
Para o bem ou para o mal, a política é a atividade mais importante que homens e mulheres podem exercer no mundo e deve estar aberta à participação de todos. A medida da democracia é essa pluralidade. E fora da política não há salvação.

por Alma do Beco | 1:27 PM


Hugo Macedo©

Beco da Lama, o maior do mundo, tão grande que parece mais uma rua... Tal qual muçulmano que visite Meca uma vez na vida, todo natalense deve ir ao Beco libertário, Beco pai das ruas do mundo todo.

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