segunda-feira, fevereiro 14, 2005

Pinte no Beco


João da Rua, Fátima Bezerra e Francisco Barba dos Santos
22/09/01

Isaac Ribeiro - Repórter

Mais uma ação conjunta de artistas potiguares chama a atenção da cidade para a revitalização física e cultural do tradicional Beco da Lama (rua dr. José Ivo), no Centro. Amanhã, tendo como argumento a chegada da Primavera ao hemisfério sul, o recente pavimento de concreto do beco receberá as cores e os traços de muitos dos nossos pintores. A festa começa ao meio-dia e promete reunir poetas, pintores, músicos, atores, intelectuais e público em geral no trecho entre as ruas Ulisses Caldas e Coronel Cascudo.

A convocação está sendo feita pelo artista plástico Pedro Pereira, que no início da década de 90 mantinha o sebo Balalaika no Beco da Lama com alguns sócios. O anseio de revitalização vem dessa época. Segundo ele, os principais pontos da proposta de vida nova para o local são: transformar o beco num calçadão cultural; obstruir completamente a entrada e passagem de automóveis; convocar os proprietários de estabelecimentos comerciais da área a juntar-se na batalha pela concretização desse objetivo.

Mas, no momento, o centro das atenções é pintura do beco. Para isso, Pedro Pereira convoca todos aqueles que queiram contribuir a levarem pincéis e tintas. Ele diz já estarem confirmados os pintores Marcelus Bob, Fernando Gurgel, Marcelo Fernandes, Madê Wainer e Assis Marinho. Mas avisa que qualquer um pode colaborar. "O importante é trazer cor para dar uma vida nova ao ambiente. Queremos revitalizar o lugar e as pessoas, para que elas passem por lá e se sintam mais protegidas", diz.

Essa é a segunda etapa de uma "provocação amigável" — como Pedro Pereira qualifica a iniciativa — dos artistas ao poder público para que não deixe aquele importante referencial da boêmia artística natalense se perder no esquecimento e no preconceito. A primeira ação foi a lavagem da ruela, no início do ano, quando alguns amigos se reuniram e conseguiram um carro-pipa. "Pode ser até coincidência, mas, depois disso, os carros foram proibidos de estacionar e o beco foi concretado. Os artistas também têm que lutar por causas assim. Se nós não fizermos, quem vai fazer?"


Assis Marinho e Geraldinho Carvalho

O cantor e compositor Geraldo Carvalho concorda. "Está na hora da cultura e da arte ocuparem todos os espaços da cidade. Não pode ficar mais só nessa história de ‘vamos fazer’ e não concretizar, como aconteceu com a Ribeira. Uma lástima."

A rua hoje chamada oficialmente de dr. José Ivo, e mais conhecida como Beco da Lama, sempre foi uma importante passagem de quem precisava ir da Ulisses Caldas para a João Pessoa, na Cidade Alta. Com a abertura de estabelecimentos comerciais no local, o ponto passou a ser mais freqüentado. Com a abertura de bares, como o de Nasi Canan — que mantém seu famoso bar há 40 anos —, artistas poetas e intelectuais adotaram o local como templo de troca de idéias e provocações estéticas. Outras ações futuras virão.

Tal como o Beco, a Cidade Alta também precisa ser revitalizada

José Soares Jr - Repórter

O Beco da Lama está no centro da cidade, o segundo bairro mais antigo de Natal, só perdendo, em termos de idade, para a Ribeira. Além da ação do tempo, existe em comum entre os dois bairros, o fato deles esperarem uma possível revitalização.

Compreendida em uma área de 94 hectares, a Cidade Alta tem cerca de 1580 domicílios. Segundo dados do IBGE, existe uma migração populacional do bairro. Em 1980 haviam 9.096 pessoas residentes no centro. Em 1991 este número seria reduzido para 7.548 habitantes. Em 1996 existiam apenas 6.254 moradores.

Atualmente a infra-estrutura de serviços urbanos da Cidade Alta é considerada precária. Várias matérias publicadas pela TN já detectaram a ausência de simples serviços públicos como banheiros e estacionamentos. Outro agravante do centro seria a falta de arborização e podação irregular das árvores que tem deixado o bairro cada vez mais quente. Estudos feitos pelo Departamento de Geografia da UFRN mostraram a formação de ilhas de calor na Cidade Alta, onde seria possível encontrar até 7º graus de diferença, em pontos distintos do centro, ao meio-dia.

Um dos membros da Sociedade dos Amigos do Beco da Lama e Adjacências (SAMBA), entidade criada para resgatar o prestígio do centro da cidade, é o arquiteto e urbanista Haroldo Maranhão. Ele afirma que, antes de se falar em revitalização, é necessário ter um diagnóstico da área para poder propor novas medidas.

"As obras de revitalização dos sítios históricos não devem querer preservar apenas os motivos culturais. Devemos pensar em estimular a habitação, o comércio e a prestação de serviços. Não podemos trabalhar só do ponto de vista sentimental e histórico. Temos que pensar o presente", analisa Haroldo, argumentando que tem observado em Natal, uma certa falta de planejamento: "Temos que construir uma cidade voltada para os moradores. Nas calçadas não há árvores, as pessoas só plantam ‘postes’. Tem esquinas com quatro, cinco postes", critica o arquiteto, autor do projeto de reabilitação da rua Chile, na Ribeira. Durante a década de 90 foram apresentados vários projetos de revitalização do bairro por arquitetos locais, mas até agora nenhum vigorou.

por Alma do Beco | 8:45 AM


Hugo Macedo©

Beco da Lama, o maior do mundo, tão grande que parece mais uma rua... Tal qual muçulmano que visite Meca uma vez na vida, todo natalense deve ir ao Beco libertário, Beco pai das ruas do mundo todo.

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A imagem de fundo é do artista plástico e poeta Eduardo Alexandre©

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