Ali, no “Grande Ponto”, há 28 anos, bem em frente ao Cinema Nordeste, onde hoje se ergue o vistoso edifício 21 de Março, existia o Salão Imperador, cujo proprietário era o sr. Severino Francisco. Naquela casa de bilhar, a qualquer hora, encontravam-se os melhores jogadores de sinuca da cidade.
O famoso “Cream Cracker” se destacava dos demais, porque era, realmente, um exímio jogador. Paulo, Dionísio e Quinquim, da Farmácia Barbosa, notabilíssimos! Wilson (meu irmão), funcionário da Sunab, era extraordinário. Varela, ex-jogador do Santa Cruz F.C., era um taco respeitado. Chico Lampréia, Jairo e Jair, ótimos jogadores. E tantos outros, dignos de nota, que me escapam à memória.
Além destes, havia outros com um padrão de jogo inferior. O popular “Liliu”, torcedor nº 1 do América, com suas ficadas estabelecia uma tabela a todos, desafiando-os: Mínima, CR$ 50,00; máxima, CR$ 500,00. O Salão ficava apinhado de “perus”. “Mainha” e “Paraense”, aquele da polícia, eram bons jogadores. Gregório jogava com muita segurança. “Jacaré”, este, nunca o vi jogar. Aderbal Machado, funcionário dos Correios. Foi meu discípulo, encaçapava muito bem.
Aguinaldo, que trabalhava na Casa Rubi, não jogava para a assistência ver, isto é, não fazia fita. Silvério e Nilton, com um jogo seguro e bonito. Raimundo, que trabalhava na padaria ABC, na rua Santo Antônio, numa parceirada, geralmente composta de Aderbal, Aguinaldo e eu, quando fazia uma jogada ruim, culpava o taco. Chico Barbeiro, figura assídua àquela casa de jogo, e considerado o maior pexote, muitas vezes, jogando com os campeões, saía vitorioso. Maurício, funcionário do Correios, por sinal meu amigo, também pexote, certa vez, jogando comigo, dando-lhe 20 pontos, encaçapou a bola 4, que era da vez, depois, a 5, a 6 e a 7, fazendo uma “limpeza geral” na sinuca. Tratava-se de uma “negra”. Fazia 40 minutos que jogávamos. Resultado: tive que pagar CR$ 12,00 de tempo. Quando me dirigia à taqueira, ouvi dele, estas palavras: “Viu, como se joga!” Disse-lhe um “até logo”, e desci a Rua Gonçalves Ledo, onde morava, dizendo, comigo mesmo: acolá só dá gente cabreira...
Entre os melhores jogadores, convém salientar o seguinte: Uma partida, quando era disputada com 3 bolas vermelhas, geralmente tinha a duração de 5 minutos. Às vezes, um dos jogadores não fazia uma jogada sequer; ficava unicamente, a assistir às de seu competidor, que iniciava e finalizava a partida de maneira ininterrupta, rápida e impressionante.
Eram, sem dúvida, naquela época, autênticos jogadores de sinuca.
Natércio Gomes da Costa, pesquisador e funcionário aposentado da UFRN