quinta-feira, fevereiro 10, 2005

Ponta Negra e a Vila do Poeta

Alex Gurgel
25/11/2003
Por Alexandro Gurgel

A bela baía da praia de Ponta Negra sempre encantou pessoas privilegiadas, as quais se deleitaram durante horas a fio com a natureza exuberante deste recanto de brasilidade, no sul do Atlântico. Sua costa de areias claras, aonde um leve vento beira-mar, constante, vem dando cores lúdicas ao céu azul turquesa, soprando suavemente a Via Costeira. O mar, calmo e de águas mornas, vai reverenciando a praia até o Morro do Careca, como se as derradeiras ondas da maré cheia teimassem em banhar mansamente a imponente duna calva em meio a vegetação praieira.

Essa ponta de mar, abriga uma vila de pescadores que resiste ao tempo, em meio ao concreto do desenvolvimento, a expansão imobiliária que espreme esse povo humilde entre os morros e as dunas. A Vila de Ponta Negra ainda abriga uma vida tranqüila, lembrando algumas cidadezinhas do interior. Seus moradores antigos semeiam as tradições folclóricas dançando o “Congo de Calçolas” e fazendo rendas nas varandas das casas humildes daqueles primeiros nativos. Ainda há, movidos pela resistência, dezenas de pescadores que jogam suas redes nos primeiros raios de sol, na esperança de pescar um peixe-serra, uma tainha ou algumas sardinhas. A Vila também abriga imigrantes provenientes de todo lugar do mundo, trazendo na mochila traços da diversidade cultural que sempre embalou as noites de sexta-feira, na loucura da Bodega da Praça. Na praia, banhistas, camelôs, artistas e barraqueiros faziam a festa das domingueiras em “Black Point” – como era conhecida Ponta Negra pela galera underground.

As barracas de Ponta Negra fizeram parte do cotidiano dos natalenses por vários anos. O “lual”, na Barraca do Toninho, era esperado com ansiedade a cada noite de lua cheia. As pessoas traziam alegria para celebrar a lua na beira do mar, quando o brilho natural da noite ficava tímido pela expansão do luar e da energia daquela gente vestida de branco. A Barraca da Beti, nas tardes de domingo, atraia as mais belas e mais sensuais mulheres, as quais usavam mínimos biquínis, exibindo somente o necessário para mostrar a beleza feminina potiguar. A Barraca do Português servia deliciosos bolinhos de bacalhau, era o lugar certo para rever velhos amigos. Essa agitação melancólica, da “antiga” Ponta Negra, ainda pode ser ouvida em conversas sem fim, na imaginação dos nativos.

Mas, tudo isso ficou na memória do poeta, cujo sonho maior é continuar morando na Vila, tocando seu violão, buscando inspiração nas musas para continuar cantando, em versos, as belezas do lugar. A urbanização deu um charme sofisticado à orla marítima, valorizando os verdes coqueirais que dão as boas-vindas, com sombra e água de coco, ao novo visitante. A praia recebeu uma roupagem “black tie” para se mostrar elegante e sensual aos olhos dos gringos, como uma noiva se veste para saudar seu nubente na noite nupcial.

Acredite, tudo é festa, o tempo insiste em não querer correr, os dias de sol ficam ainda mais lindos quando estamos diante do mar de Ponta Negra.


por Alma do Beco | 8:50 AM


Hugo Macedo©

Beco da Lama, o maior do mundo, tão grande que parece mais uma rua... Tal qual muçulmano que visite Meca uma vez na vida, todo natalense deve ir ao Beco libertário, Beco pai das ruas do mundo todo.

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Praieira
(Serenata do Pescador)


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A imagem de fundo é do artista plástico e poeta Eduardo Alexandre©

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