SEU BECO, MEU BECO:
O BECO DA LAMA, DA FAMA
AGOSTINHO
A festa do beco
é cantiga de fada
No rock mais duro,
na viola rasgada.
A vida renasce
E o beco se encanta
Seu chão, cimentado
A lua, na prata
E a noite murmura
Paixões de lata
Na cerveja que rola
No copo de cana
Os amigos bebem
Insultam e falam
Sem dizer o que sentem
Sem falar o que passa
Esperando o consolo
Amigo da alma
Almas que se encontram
Corpos que se rasgam
Vidas que se dizem
Amarguras que mandam
Na vida e na morte
Na noite e na calma
E o beco se ilumina
A vida e a ânsia
Dos pobres mortais
Que cantam e dançam
No som estridente
Ou suave das palmas
"Eu creio", grita alguém
"Eu não creio em nada"
Responde o amigo
Mas o próprio Deus alcança
No sorriso íntimo
a mão amada
O chão cimentado
E a lua de prata
revive os homens
E a vida que escapa
entre apertados muros
da Cidade Alta
A história renasce
A decadência acaba
A amizade floresce
A alegria emana
no Bar do Pedrinho
do Beco da Lama
Ó beco bendito
pelo Deus das fadas,
dos sonhos e amores
das noites cantadas
por artistas e flores
da cidade amada
Desejo entregar
no beco a raiva,
os amores perdidos
as penas que matam.
A felicidade de Deus
para os que vivem e passam.
Porque amar e cantar
é de Deus dádiva
como amar e sentir
é alvorecer da santa
e eterna música
por anjos entoada
Ó beco freqüentado
por artistas da vanguarda
que dão vida às pedras
como Deus criou a alva.
Sois imagem do Senhor,
da vida e da Esperança.