A Praça André de Albuquerque
Viu a cidade criança.
A Catedral sabe histórias
que nenhuma História conta.
Caminhos de buscar água
- rua Santo Antônio antiga.
Na margem verde do Baldo
Dorme a Santa Cruz da Bica.
Xarias e Canguleiros
Descansam no chão da História,
depois de tantas batalhas
e tantas perdidas glórias.
Itajubá, nas serestas,
incendiava o luar,
com seus versos delirantes
de vento leste e de mar.
Auta de Souza morrendo
na Avenida Rio Branco,
Lírio moreno, entre rosas
Sangüíneas e lírios brancos
Praieiras de Othoniel
tiritando na alvorada,
entre acordes e soluções
de violões em serenatas.
No velho Paço da Pátria,
de patrióticas feiras,
a manhã passa lenta
sobre as louças das louceiras.
O trem passando na ponte,
Sobre o rio Potengi.
Natal, perdi-me ou achei-me,
Depois que te conheci?
Os limites da cidade
eram quatro: balaustrada
de Petrópolis, Ribeira,
Alecrim, Tirol. Mais nada.
Na calçada do Rosário,
Cascudo e Sílvio Pedroza
colhiam o sol do crepúsculo
como alguém colhe uma rosa.
A cidade era uma Festa,
No Natal e no São João,
entre os sonhos a igualdade
De Djalma Maranhão
O bondinho do Tirol
Cochilava em cada esquina.
Numa delas, descobri
Teu sorriso de menina.
Depois, o tempo passou,
o bonde não voltou mais
não voltou mais a cidade
do meu tempo de rapaz.
Agora, a cidade antiga
cresce no tempo e no espaço
e o progresso a moderniza
a cada dia que passa.
Mas os sonhos continuam
os mesmos sonhos de outrora,
acalentando a esperança
que renasce a cada aurora.
Natal – maio de 1989.