Bar de Nasi, sábado de carnaval 2005 - Carnaval do Beco da Lama
Essa semana, passado o carnaval, visitando o porto na Ribeira foi aí que me lembrei da estória de Wandiclércio e Waldirênio que aproveitando a onda de que ir pra os Isteites era a maior parada (isso alguns anos antes do 11 de setembro), juntaram tudo que tinham (duas redes com molas, dois lençóis de xenil semi-novos, um penico de ágata sem nenhum arranhão e um pote de barro de 25 litros com uma caneca de alumínio polido), venderam e, com o pouco que apuraram, se mandaram como clandestinos num navio de sal que saía do Rio Grande do Norte para o Maine.
- Que felicidade, logo o Maine, estado irmão do Rio Grande do Norte. Vai ser uma festa só. – comentava Wandi pra Waldi.
A muito custo e fome, numa noite não muito fria, conseguiram desembarcar sem serem vistos ou molestados. E ficaram mais felizes ainda ao descobrirem que o nome da cidade onde o navio atracou chamava-se Bar (Bar Harbor).
- Oba! Aqui vamos tomar todas, dizia Wandiclércio.
Estavam andando numa avenida larga, sob os olhares curiosos dos locais, quando de repente se deparam diante de uma maravilhosa vitrine de um restaurante, que mostrava todo tipo de pratos de frutos do mar, bebidas de todas as qualidades e sobremesas de babar. Ficaram ali hiptnotizados pela beleza da vitrine e pela fome. Foi aí que se deram conta da presença de um policial que, pelo tamanho e volume, mais parecia um guarda roupa de apresentadora de TV.
O guarda olhou pra eles e perguntou: - Do you like?
E Waldirênio, o mais despachado, foi logo respondendo:
- Laiká nóis laika, mas môni qué gud nóis num révi.
Foram presos e deportados pras salinas de Areia Branca.
Tadeu Neri