sexta-feira, fevereiro 25, 2005

As tantas veredas da Tribuna

Tavares de Lyra

Woden Madruga

Foi num mês de março como este de agora que entrei nesta casa pela primeira vez. Já fez um bocado de tempo. Naquele março distante a Tribuna do Norte festejava seis anos. Hoje são cincoenta, meio século. Isso quer dizer que estou aqui há 44 anos. Tirando uns quatro que andei por outros terreiros, vou moendo quatro décadas. Contei um pedaço dessa história que está saindo noutro canto desta edição especial comemorativa, não sei mesmo em qual dos tantos cadernos, um trabalho de equipe que mexeu com toda a casa e sacudiu muitas emoções.
Mas eu teria de dizer alguma outra coisa nesta coluna que assino há 36 anos. Em março de 1964 voltei à redação da Tribuna de onde tinha saído entre 1968/1969. O golpe militar nos pegou na avenida Tavares de Lyra, entre a Peixada Potengi e à nova redação da TN, prédio melhorado, ampliado, juntado-se ao primeiro casarão a vizinha Casa Olinda, loja de utilidades domésticas de Durval Paiva. Walter Gomes veio do JB para dirigir a redação e convidou-me para assinar uma coluna. Esta. O título foi sugerido por Ubirajara Macedo. Inspirado no Jornal de Antônio Maria, que saiu na Última Hora, do Rio de Janeiro.
A redação naquela época era uma festa. Por aqui andaram entre outros os poetas Luís Carlos Guimarães, Berilo Wanderley, Sanderson Negreiros, Newton Navarro, Sebastião Carvalho, Celso Silveira. A Ribeira era um bairro de muitos bares, botequins e algumas casas suspeitas. Ah, as casas suspeitas da Ribeira. As vezes a redação se esvaziava de repente e quase todos se esvaziava de repente e quase todos se espalhavam ou se escondiam por esses lugares essenciais. Mas o jornal saia todas as manhãs...
Aí veio o chumbo da ditadura. Foi um tempo de muitas dificuldades, de muita tristeza, mas de muita resistência. Já eram outros na redação e na Ribeira também já não era a mesma coisa. Fui ficando. Daqueles de março de 1956 e de março de 1964, sou dos poucos sobreviventes, talvez o único ainda batendo numa solitária e desprezada máquina de escrever. Dos que continuam na casa, que vieram dos primeiros tempos, vejo todos os dias, o companheiro Baltazar Pereira, capitão hereditário das oficinas. Há outros, lá embaixo. Com mais de trinta anos de casa. Já outros saíram do ofício ou escolheram outros caminhos, outras redações. Aqui e acolá, um encontro de surpresa nas esquinas da cidade. Outros se foram na grande viagem: Berilo Wanderley, Expedito Silva, Francisco Macedo, Sebastião Carvalho, José Alexandre Garcia, João Machado, Erivan França, Jota Epifânio que a memória consegue lembrar neste instante.
De todos eles muitas saudades. Mas a maior delas é de José Gobat. A grande ausência nesta festa.

por Alma do Beco | 2:19 PM


Hugo Macedo©

Beco da Lama, o maior do mundo, tão grande que parece mais uma rua... Tal qual muçulmano que visite Meca uma vez na vida, todo natalense deve ir ao Beco libertário, Beco pai das ruas do mundo todo.

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A imagem de fundo é do artista plástico e poeta Eduardo Alexandre©

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