quase só nessa quinta de manhã,
busco abrigo entre as rimas do soneto,
apesar de saber-me aqui, perdida,
qual romã a pender de abacateiro.
meio-morta de cansaço do afã
de uma noite em plantão, inda cometo
um pecado, ao tentar driblar a vida,
procurando uma agulha no palheiro,
que seria uma rima, bela e rara,
pra rimar desencanto e solidão
com amor, essa coisa evanescente,
que atormenta e vicia feito tara,
que se tem mas se nega, sempre, em vão
: onde jaz essa rima improcedente?
Márcia Maia