"Eu sou você amanhã". Do ex-deputado Roberto Jefferson, para o deputado José Dirceu.
Jornal da Unicamp
Certa feita, o Dr. Agamenon Magalhães, então Governador de Pernambuco, recebeu um casal de visitantes portugueses em sua residência, e resolveu apresentar uma cantoria de viola entre Louro do Pajeú e Pinto de Monteiro.
E colocaram Pinto para "puxar" a cantoria, só que esqueceram um pequenino detalhe: o nome do português era Henrique e o nome da esposa dele era Bucette...
E Pinto, assim, puxou a cantoria, se dirigindo ao companheiro Louro do Pajeú:
AMIGO, VAMOS CANTAR,
PRÁ ESSE CASAL DE LISBOA.
HENRIQUE É O NOME DELE,
BUCETTE É SUA PATROA.
UM NOME QUE TIRA UM FINO,
NUMA COISA MUITO BOA...
Bob Motta
M O T E
NEM DORME COM A RAPARIGA
E ACORDA NO XILINDRÓ...
G L O S A
Parece qui tá no céu,
quando o matuto se arruma,
toma banho, se prefuma,
e se manda p'ro beréu.
Toma cachaça cum mel,
canta que nem curió,
fica bebum e o pió;
brabo qui só a bixiga,
NEM DRÓME CUM A RAPARIGA,
E ACORDA NO XILINDRÓ...
Bob Motta
Aconteceu com o libanês
Na prefeitura sulina
no mensalão, na propina
Maluf virou freguês,
o filho fez e desfez
com coisa muito pior
no jogo, no fumo e no pó
com doleiro pegou briga
NEM DORME COM RAPARIGA
E ACORDA NO XILINDRÓ...
Chagas Lourenço
O REI ESTÁ NU
Era uma vez um rei tão exageradamente ingênuo, que foi capaz de confiar um cheque em branco a um cavalheiro de fina estampa chamado Roberto Jefferson. Armado poeta (pelo menos se queixa de possuir uma veia), seresteiro (afirma tomar aulas de canto com duas líricas senhoras) e enamorado de Petrópolis (afinal, é nascido naquela serrana cidade fluminense), o cavalheiro em questão está longe de ser do tipo que possa legitimamente tomar assento à távola.
Falta-lhe, em tempos de pura ética, a virtude da lealdade.
Conhecendo do rei alguns vícios, Jefferson disso não guardou segredo. E deslealmente expôs ao povo, por exemplo, sua capital preguiça. Faltam ao rei, disse ele, sem pejo, a ordem e a laboriosidade que integram a virtude da diligência. O rei gosta mesmo é de não fazer nada.
Pode até ser. Mas ninguém está autorizado a atirar pedras no rei. Não a primeira, que é deixada para os sem pecados. As demais, quem sabe. E uma das tais ele também jogou. Fez do rei nova Geny. Para a satisfação de um poeta do Beco da Lama e adjacências, Jefferson tirou a roupa do rei. Deixou-o nu em pelo. Lady Godiva invertida, em tempos de vice-versa.
Sei bem que a questão não é do gênero. Do rei não se fala ser integrante da lista de contatos de Mrs. Corner. Nem ter sido fotografado nas festinhas que Madame promoveu, apesar de também ser chegado a um charuto. E por outro lado, o Jefferson não quis ir a tanto, pois sabe que Dona Marisa Letícia é uma mulher zelosa. Não larga o marido nem para andar no Brucutu, aquele carro do Exército em que ela orgulhosamente desfilou na última e nada alegre parada da Independência.
Pergunto, então, a quem entende de nudismo: será o rei naturista? Freqüentador de Tambaba e Canoa Quebrada? Não me admiraria se fosse, tamanha a sua disposição para o lazer. Parece ser a vida, como no conto de Hans Christian Andersen, muito divertida na cidade em que vive o rei.
E viva o rei!
Falando em Andersen, seus personagens imaginários são muito parecidos com os personagens reais da Brasilândia. Há os tecelões trapaceiros; os enganadores “multi action”; os agentes da incompetência. Há mesmo um cheiro de corrupção no ar. No ar daqui, como no ar da Andersenlândia. O rei, porém, não muda.
O rei daqui, é possível notar, tal qual o rei dali, não se preocupa com seus soldados. E lhes paga um soldo miserável, fazendo com que suas mulheres, contrariando toda a lógica militar, montem barricadas e cavem trincheiras.
Há de mudar apenas o descobridor da nudez real. Ali era uma criança que gritava:
“O rei está nu!. Cubram o rei!”
Aqui quem grita é um dos trapaceiros que se comprometeu a tecer veste real:
“O rei está nu! Eu despi o rei!”.
Taumaturgo Rocha
Barbosa
Junho de 2.100. Francesco Brutus Mágico estava com 150 anos de idade. Havia nascido em 1950, precisamente no dia da decisão da Copa do Mundo, no Estádio Maracanã, Rio de Janeiro. Momentos antes do seu nascimento, seu pai, Clodomino, vibrava com a possibilidade do seu primogênito nascer no dia em que o Brasil se consagraria como campeão do mundo em solo pátrio, jogando contra o Uruguai. Por isso aperreou tanto a parteira:
- Arroxa, Zuleide! Bota logo esse menino no mundo que o jogo está pra começar!
Naquele tempo, não havia como saber se o rebento seria do sexo feminino ou masculino. Mas ele acertou, era um menino. Veio ao mundo minutos antes do início do jogo, que Clodomino acompanhou através de um enorme rádio de válvulas. O Brasil perdeu e o coitado do Francesco passou muito tempo sem ter seu aniversário comemorado, pois Clodomino Brutus Mágico, apesar de ser um homem de muitos conhecimentos, era afeito a superstições. Durante anos achou que aquele menino havia dado um azar danado àquele jogo. Era também um dos poucos defensores do goleiro da seleção brasileira, Barbosa. Entre uma cerveja e outra com os amigos dizia:
- Alguma coisa atrapalhou Barbosa. Alguém tirou sua atenção. Não é possível que um arqueiro tão brilhante ficasse desatento ao chute daquele amarelo numa final de copa do mundo!
Francesco passou a vida ouvindo essa história. Sentia-se envergonhado de ser considerado um azarão. Evitava falar sobre futebol e com o tempo desinteressou-se até por jogos da seleção brasileira. Dedicou-se aos estudos, passou um tempo como funcionário do Ibama e, entre uma faculdade e outra, terminou tornando-se um homem muito rico.
Em 2020, quando ele estava com 70 anos o mundo foi surpreendido pela descoberta de um tal Dr. Julião Thadesco, médico pediatra, que havia conseguido criar uma fórmula que evitava o envelhecimento e até regenerava as células humanas. Os ricos, que podiam comprar esse elixir formidável iriam viver pelos menos uns duzentos anos. Os fofoqueiros diziam que o remédio havia sido descoberto por acaso, quando Dr. Julião preparava uma salada que iria servir na comemoração dos 20 anos da “Confraria dos Goumert’s de Natal” no restaurante Nemésius. Dizia-se que tudo havia começado com a explosiva mistura de uísque com vinagre. A dose que tomava enquanto preparava a salada havia caído dentro do vinagre...
- Remédio pra ser bom tem que ter gosto ruim - dizia sempre Francesco Brutus Mágico.
E foi um dos primeiros a investir uma pequena fortuna na compra do remédio, que funcionou perfeitamente. Perspicaz, terminou associando-se ao Dr. Julião Thadesco e criaram a Indústria “Santos Francesco e Thadesco do Brasil Ltda” , que, pelo ineditismo do nome chamou logo a atenção. Ficaram bilionários e se mantiveram vivos, cada um com vários de casamentos, já que para as suas esposas o remédio era dado associado a um antídoto.
Nesse tempo a “Confraria dos Goumert’s de Natal”, que ficou famosa por causa dessa descoberta, era presidida por um jornalista aposentado, Fonseca Bob, que após vender sua coleção de jipes velhos, também havia conseguido comprar algumas doses do “sustentáculo da juventude”, como a fórmula era conhecida. Fonseca Bob, que estava com 163 anos havia conseguido finalmente servir um prato de omelete de sardinha, que ele elaborava há 50 anos na solidão do seu duplex de Nova Parnamirim, e, por esse esforço conquistou a presidência da Confraria apesar da cor verde escuridão do prato principal.
Francesco, que não havia esquecido da tristeza que seu pai carregou o resto da vida pela derrota da seleção brasileira diante do Uruguai em 1950 e que tinha marcado a sua vida como um “azarão” , animou-se quando viu no “O Jornal de Hoje” uma notícia sobre um engenheiro mecânico, um gênio chamado Henrique Quazyphábio Haugusto, que havia inventado uma revolucionária máquina do tempo baseada na hiper-velocidade. Voando ao redor da terra em altíssima velocidade, o inventor, ex-navegador e campeão de muitos rallyes, anunciava um retorno ao passado, conforme o gosto do freguês. Francesco Brutus Mágico não hesitou, reuniu sua numerosa prole e informou:
- Já vivi muito e vou me arriscar nessa viagem. Vou consertar o frango de Barbosa...
Contas feitas. Testamento registrado. Entregou rapidamente o comando dos negócios ao, Dr. Julião Thadesco, que iria casar pela vigésima vez e já estava atrasado na tentativa de superar o recorde de casamentos do seu amigo, o médico Aulus Borgeano, que estava no décimo nono e apaixonado.
Partiu para a aventura decolando do moderno espaçoporto de Barreira do Inferno tendo como piloto o comandante Rebouças, como co-piloto o experiente comandante Pereirinha, conhecedor de muitos planetas e segredos cósmicos, e como médico de bordo o Dr. Edterra Gentil. Chegou no Rio de Janeiro horas antes do jogo. A cidade fervilhava e a festa da vitória praticamente já havia começado. O clima era de “já ganhou”. Alugou um carro de praça – um Chevrolet 48 bem conservado – e foi um dos primeiros a entrar no Maracanã. Postou-se exatamente atrás da trave de Barbosa. Comprou amendoins, tomou cerveja e esperou.
No momento certo - ele havia assistido a cena centenas de vezes no seu vídeo de terceira dimensão - , quando o atacante do Uruguai dirigia-se para chutar a bola que havia provocado tanta tristeza ao povo brasileiro, ele, sem hesitação, levantou-se rápido como um grilo e gritou tentando avisar a Barbosa do perigo que corria, da proximidade “do infame torturador da alegria brasileira”, como seu pai dizia:
- Barbosa!!!
O grito de Francesco, alto e assustador, fez com que Barbosa, trêmulo de susto, virasse instintivamente o rosto no momento em que a bola-tristeza passava ao seu lado para ficar quietinha no fundo da rede. O eco do grito de Francesco e o silêncio de milhares de pessoas se confundiram.
Seu pai tinha razão. Ele tinha sido mesmo o culpado...
Leonardo Sodré
Genesis
Primeiro veio o poeta
Depois veio a menina
Entre prosa, verso e rima
Escrever virou uma sina
Segundo chegou o bobo
Todo enfeitado, espalhafatoso
Enfeitiçando, viciando, arrebatando
Aplausos calorosos desse povo
Terceiro chegou o colunista
Sério, crítico, extremista
Sem pena, sem medo, sem glória
Mete o pau na nossa história
Quarto chegou o flautista
Todo assim desafinado
Tocando alto, tocando claro, desacompanhado
Estremece o público perturbado
Quinto chegou o inconformista
Falando de um sonho, falando de uma realidade
Democrata, cidadão e socialista
Acreditando num mundo de justiça
Sexto chegou o saudosista
Louvando, lembrando, lamentando
Das conquistas, das vitorias, das memórias
De uma época invadida de histórias
Sétimo chegou o homem
Olhou, contemplou, estarreceu
Depois chegou a menina
Apreciou, entendeu desapareceu
Deborah Milgram
Severino cunterrano,
dessa vêiz tu se lascô,
Buani se revortô,
e foi logo lhe intregando.
Aqui fico matutando,
na sombra de um mulungú.
Tu invéigonhô prá xuxú,
todo povo nordestino,
mais dessa vêiz, Severino,
tu tumasse foi no cú!...
E tu, sem chôro nem vela,
passado na casca do "áio",
ixperiente prá caráio,
foi caí nessa isparréla.
O tempêro da panela,
de Buani, te impanzinô.
De reá se impanturrô,
se intupiu inté o fundo,
na frente de todo mundo,
quiz peidá, mais se cagô!...
Bob Motta
Deixa sangrar
A gente está vendo esta tese ganhar força. Hoje foi o Jefferson Perez: deixa o homem de 52 milhões de votos lá. Deixa que o povo o julga nas eleições de 2006.
Ele não vai conseguir se eleger mesmo, não é? O PT está esfacelado!
É muito primarismo político. É muito desrespeito para com a nossa Constituição.
Será que da torrente de dinheiro que chegou às contas de Marcos Valério, tudo já foi apurado?
O dinheiro veio dos ditos empréstimos?
Os ptdutos, os dirceusdutos, os delubiosdutos foram fechados? Nunca existiram? Foi tudo coisa da imaginação fértil do Roberto Jefferson, ontem cassado por ter enfrentado a corrupção no governo Lula?
Por muito menos, Collor caiu. Por muito menos, estão todos aí, pedindo a cabeça severina do presidente da Câmara.
A serpente é cobra criada. Deixem-na respirar que de gibóia ela chega a sucuri e todos sabemos que o que determina o vencedor de uma eleição na grande maioria das vezes é dinheiro.
E isso parece não faltou para comprar deputados, senadores (?) e até partidos inteiros para a garantia do Lula 2006, Dirceu 2010.
É brincar com a (má) sorte do nosso povo. É rasgar uma Constituição que nos custou caro e que não merece ser desrespeitada pela simples possibilidade de uma raivosa revanche eleitoral.
Colégio Eleitoral Já!
Eduardo Alexandre