Os dias severinos são chegados!
Hugo Macedo
M O T E
NA COMÉDIA BRASILEIRA
COISA SÉRIA É CARNAVAL...
G L O S A S
1.
Dunga, tu és de primeira.
Sem medo nos apresenta,
a crise que a gente enfrenta,
NA COMÉDIA BRASILEIRA.
Na verdade verdadeira,
tamos debaixo de pau.
E de tão baixo o astral,
na Terra de Santa cruz,
ex-Ilha de Vera Cruz,
COISA SÉRIA É CARNAVAL...
2.
É C.P.I dos Correios,
dos Bingos, do Mensalão.
Quem representa o povão,
merece é usar arreios.
Tem gente de cofres cheios,
transbordando o vil metal.
Em dólar, euro ou real,
propina ou roubo, é besteira,
NA COMÉDIA BRASILEIRA,
COISA SÉRIA É CARNAVAL...
Bob Motta
NA COMÉDIA BRASILEIRA
COISA SÉRIA É CARNAVAL
tamo sem eira nem beira!
tá difícil consertá
e alguma ordem botá
na 'comédia brasileira'.
o povo, por brincadeira,
vai rindo do próprio mal:
- nunca vi desgraça igual!
no país do futebol,
faça chuva ou faça sol,
coisa séria é carnaval !
Meméia
OCEANO
Meus olhos já não choram mais
Meus pés já não caminham mais
Meus ombros já não suportam mais
Assim mesmo,
Minha boca, através da sua
Atravessa com muita bravura
Limites e fronteiras
Emite sons, ruídos e barulhos
Diz, fala até demais, muitas besteiras
Quem me mandou chamar
Do outro lado do mar?
Deborah Milgram
O Parto de Druma...(uma obra divina)
A pouco menos de três meses, assisti minha cadela pitbull ter sua primeira ninhada. Alguém deve estar indagando: e daí, caro escritor, quem diabo quer saber de cachorro? E eu com isso? Mas segure sua atenção somente por alguns poucos minutos, depois pode me xingar se quiser.
Escutei Druma uivar e gemer inquieta no quintal. Corri para vê-la como qualquer marido faria se ouvisse sua esposa clamando por ajuda. Mesmo sem poder ajudá-la, corri mesmo assim. Talvez minha presença a acalmaria. Eu havia preparado o canil dias antes, prevendo exatamente a chegada dos filhotes. E o dia chegou. E eu fiquei nervoso.
Ao me aproximar do portão, ela me olhou, e, com certo alívio, balançou o rabo aprovando minha presença naquele momento. Fiquei espantado com a confiança que teve em mim. Em seguida, abri o portão sem alvoroço, coloquei o tamborete contra a parede, e sentei em silêncio.
Ela respirava ofegante e andava em círculos. Alisei seu dorso algumas vezes tentando passar segurança. Impressionantemente, ela me olhava com gratidão. Embora cansada, parecia saber o que estava fazendo. Com as primeiras contrações, ela rebuliu os jornais procurando fazer uma espécie de ninho. O suor começava a brotar discretamente da minha testa. Contemplei sair naquele momento, mas quando ameacei, seus olhos se fixaram em mim com tristeza. Agachei lentamente de volta para o tamborete.
Aí veio o primeiro filhote. Foi rápido. Ela rapidamente rasgou a placenta, e com uma precisão cirúrgica, cortou o cordão umbilical. Em seguida, massageou o filhote vigorosamente com a língua, induzindo-o a primeira tomada de ar nos pulmões. No intervalo entre um filhote e outro, dava a cada um sua primeira mamada. E assim o fez pelas próximas nove horas, com todos os doze filhotes que teve. Fiquei abismado. O que vi, não foi apenas instinto. Mas, um animal de outra espécie compartilhando (mesmo que de forma inconsciente) com um humano, um momento precioso. Eu poderia, evidentemente, ter olhado para tudo aquilo sem muita apreciação. Mas decidi parar e enxergar. Enxergar além da mera ação física de parir. Enxergar que Deus havia programado esta criatura nos mínimos detalhes para dominar aquela situação. Fora uma seqüência impecável de atos tão complexos, que só poderiam ter sido concatenados por Deus.
Conclui que é preciso enxergar, além do olhar, para perceber a maravilha das coisas. É só você perceber, além do óbvio..... a presença de Deus e sua obra divina.
Charles M. Phelan