sábado, setembro 03, 2005

O CUBISMO POÉTICO DE VALDEREDO NUNES

Alexandro Gurgel
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Nascido no sertão de Currais Novos, o menino Valderedo Nunes foi concluir seus estudos e morar com a família em Angicos, região Central do Estado. Chegou a Natal em 1975 com sua mãe e irmãs para viver no bairro da Cidade da Esperança. Ainda adolescente, estudava no Colégio Polivalente, quando conheceu um professor de francês que o despertou para as artes plásticas, já que o jovem Valderedo demonstrava talento quando desenhava.

Algum tempo depois, Valderedo conheceu o ceramista Carlos José, trabalhando com pinturas de cerâmicas ao lado do artesão, se apaixonando pelo brilho das tintas e pela possibilidade de transformar aquela descoberta em arte. Autodidata e um estudioso constante das artes plásticas, Valderedo confessa que seu talento brotou para a pintura através do artesanato em cerâmica, onde labutou durante seis anos.

Durante o tempo que serviu ao Exército Brasileiro, Valderedo ficou distante do artesanato e das pinturas. Quando terminou o serviço militar obrigatório, o artista plástico conheceu o poeta e agitador cultural Eduardo Alexandre que o incentivou, convidando o artista para fazer uma exposição no Memorial Câmara Cascudo, onde funcionava a Associação dos Artistas Plásticos do RN, atualmente desativada.

Aos poucos, Valderedo foi adquirindo amor pela arte, lendo sobre os grandes clássicos da pintura, buscando o aprendizado necessário através dos traços de Paul Cezzane, um dos maiores pintores do modernismo francês. “Gosto das obras de Cezzane pela estrutura e pela forma, a cor vem depois. A tinta não está independente da forma. O mais interessante é a brincadeira estrutural”, ressalta.

De acordo com Valderedo Nunes, a pintura é uma arte onde o artista não pode deixar de fazer experiências quando estuda um determinado pintor consagrado. Algumas características do cubismo podem ser observadas nas obras de Valderedo hoje em dia, graças às leituras realizadas em cima do cubismo sintético de Picasso e Braque, por quem o artista potiguar guarda grande admiração. Em terras potiguares, Valderedo sempre admirou a arte de Newton Navarro, considerado um ícone inconfundível na história das artes plásticas do Estado em todos os tempos.

Atualmente, Valderedo está desenvolvendo sua arte independentemente das escolas e estilos do passado, buscando uma identidade própria para seus quadros. O artista revela que gosta de retratar o mundo, vendo que as possibilidades dos seus traços proporcionam a arte mais perto do figurativo. Nessa nova fase, gosta de pintar mulheres e temas regionais.

Valderedo fez uma exposição individual na CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos), durante o projeto de revitalização da Ribeira. Naquela ocasião, seus quadros estavam apresentando fragmentos das fachadas da Rua Chile, com o apelo de conservação do bairro histórico. Outra exposição individual, intitulada “Mulheres”, com 15 trabalhos, aconteceu no ano passado, no restaurante do Sesc da Avenida Rio Branco.

Em 2003, valderedo ganhou um prêmio de 2º lugar durante o Salão de Artes Plásticas da Indústria, promovido pelo SESI e realizado no Solar Bela Vista. Ganhou outro 2º lugar com o quadro “Figuras na Areia da Praia I”, através do I Salão Semana da Marinha. Participou de várias exposições coletivas, tendo uma participação ativa no Salão de Artes Plásticas da Cidade do Natal por quatro anos consecutivos e seus trabalhos foram classificados entre os melhores. Sua última exposição foi no Bar Lorotas, no Center Onze, intitulada “Mães, Mulheres e Cores”, quando apresentou nove trabalhos. Foi convidado pela Petrobras para pintar um painel sobre a vida rupestre no Lajedo do Soledade em Apodi. Atualmente, o quadro está exposto no Museu na sede da Fundação Amigos do Lajeado do Soledade, em Apodi.

Atualmente, há alguns trabalhos expostos na Galeria do artista plástico Venâncio Pinheiro, na Cidade Alta, na Fundação José Augusto e no Bar de Nazaré, Beco da Lama. Agora, Valderedo prepara uma grande exposição a partir do dia 7 de setembro no Bardallos, Cidade Alta, mostrando traços da sua nova fase. A exposição terá uma grande movimentação artística, com música, poesia e artes plásticas, se prolongando durante o mês de outubro.

Alexandro Gurgel

Exposição Valderedo Nunes
Data: 07 de setembro
Local: Bardallos – Rua Gonçalves Ledo, 671. Cidade Alta.
Contato: 3218-3647 ou 9113-3319

por Alma do Beco | 6:07 PM


Hugo Macedo©

Beco da Lama, o maior do mundo, tão grande que parece mais uma rua... Tal qual muçulmano que visite Meca uma vez na vida, todo natalense deve ir ao Beco libertário, Beco pai das ruas do mundo todo.

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A imagem de fundo é do artista plástico e poeta Eduardo Alexandre©

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