quarta-feira, agosto 31, 2005

CATINGA DE ESTRUME

Se não for Biu, é Nonô ou Nogueira!
Severino 30 dias!

Léo Sodré


A catinga do estrume
deslizou no tamborete
e desceu como filete
escorrendo do curtume
Bob Mota tem costume
de ficar no cagador
por isso que seu odor
é de chiqueiro fedido
isso é cagado e cuspido
paisagem do interrior.


Chico Doido



Chico Doido,

Nenhum chiqueiro é fedido,
tem seu cheiro natural.
É o estrume do curral,
perfume francês curtido.
Chico Doido, táis fudido;
não catuque o trovador.
Se quiser fazer amor,
se agarre a um jegue nutrido,
isso é cagado e cuspido
paisagem de interior...

Se queres saber meu cheiro,
quando acordo de manhã,
pergunte prá sua irmã,
que é quem me cheira primeiro.
Lhe digo mais, companheiro:
Ela gosta do odor.
E é tão gostoso o amor,
que a gente faz escondido,
isso é cagado e cuspido
paisagem de interior...


Num mexa cum quem tá quéto!...

Bob Motta



Pois é assim lá no mato,
se faz a coisa de coca
no buêro c'uma loca
incuído como um rato,
dá uma cagada de pato
no buraco roncador
e de lá sai o fedor
com o bicho mei intupido
isso é cagado e cuspido
paisagem do interior.

Frei Carmelo




ZÉ LIMEIRA E CHICO DOIDO


"Limeira foi fabricado,
muito bem feito, no torno !


Rede branca, alpendrado,
pé-de-serra de Campina,
bode, cana, cajuína
- Limeira foi fabricado !
E sem mãe, o escanzinado
nunca foi filho de corno:
sua forma foi pru forno,
galada por muita gente...
Germinou, rara semente
- muito bem feito, no torno !

Já Chico, o mal-arrumado
- garanto à Vossa Mercê ! -,
não dá um peido do que
Limeira foi fabricado :
é chato, é chulo, é capado
fraco, fresco, frio e morno
- cagava em pé como um boi...
Não tem graça e nunca foi
muito bem feito, no torno !

Dou fim ao mote e de agrado
faço, até, filogomia:
nos "enquanto a gata mia",
Limeira foi fabricado !
Moacy ficou cagado
em Niterói, no contorno ...
Ney Leandro, no entorno,
pelejou vaca no brejo:
se deu mal ! comeu-lhe um tejo
muito bem feito - no torno !




Se você quiser eu faço
igualzinho a Zé Limeira


Eu tendo a régua e o compasso
de Nilo e de Orlando Tejo,
mesmo não sendo do Brejo,
se você quiser eu faço !
tangendo as cordas de aço
da minha viola arteira
canto sem fazer zoeira
mas me meto no fuxico
- enrabo quem pariu Chico
igualzinho a Zé Limeira !

Chico Doido é um vilanaço
e o pai dele é um jumento
- diz o Velho Testamento !
Se você quiser eu faço
a história desse palhaço:
nasceu sem mãe, o goteira,
na barca da Cantareira,
teso, tísico, sambudo
- logo mais eu digo tudo,
igualzinho a Zé Limeira !

Adiante, passo a passo,
posso passar por Campina
contando os passos, menina
- se você quiser eu faço !
Boto matula e cangaço,
vou sair em Cabaceira...
Pego o rumo de Teixeira,
dou volta nos calcanhares,
beijo a mão de "Seu" Tavares
- igualzinho a Zé Limeira !

Laélio/2002




O Ritual


Era uma espécie de anfiteatro.
O piso viscoso, de um tom escuro.
O sol, do teto penetrava num quadrilátero
por entre barras de ferro fundido e duro.


As paredes estavam cheias de musgos asquerosos.
Pessoas encapuzadas vestiam túnicas brancas
e assentavam-se empertigadas em cadeiras coloniais,
adornadas por símbolos maquiavélicos, satânicos!
enquanto aguardavam o adentrar dos líderes medievais.


Ao centro, uma maca negra, vigiada por verdugos,
onde hibernava a hidra mumificada e em refugos.
À direita da maca, um esquife abominável,
no cerimonial que precedia o anunciar do Grande Mestre,
que aguardava o instante memorável
que seria o beijar a esquálida hidra inerte,
cuja lenda esse rito mágico a ressuscitaria,
inda que caveirosa continuasse durante a orgia.


Alguns diáconos preparavam líquidos acres
e os repassavam aos Mestres de Cerimônia.
O sabor era como o gosto azedo do vinagre
e os fiéis, ávidos, os bebiam por amônia.


A maca negra, estacionada, estava entreaberta.
Um manto escuro descerrava a cripta repugnante!


Do palco superior, onde ficava um mirante,
descia uma harpia que, lânguida, rasgava-se-lhe o véu.
Nos seios nus cintilavam pérolas de uma corrente
e nas mãos conduzia uma taça com bebida igual ao fel
que me induzia a ingeri-la, irritando o Grande Mestre que
fantasiava em meus braços a sua amada hidra.


E quebrando as tradições do ritual, da ante-sala saiu.
Enquanto se dirigia para mim, numa fúria bestial,
notei que me debatia para acordar e sair daquela enrascada,
deixando para si o platônico amor da sua amada...

Robério Matos

por Alma do Beco | 1:04 PM


Hugo Macedo©

Beco da Lama, o maior do mundo, tão grande que parece mais uma rua... Tal qual muçulmano que visite Meca uma vez na vida, todo natalense deve ir ao Beco libertário, Beco pai das ruas do mundo todo.

.. .. ..

.. .. ..

Recentes


.. .. ..

Praieira
(Serenata do Pescador)


veja a letra aqui

.. .. ..

A imagem de fundo é do artista plástico e poeta Eduardo Alexandre©

layout by
mariza lourenço

.. .. ..

Powered by Blogger

eXTReMe Tracker