quarta-feira, setembro 28, 2005

NO BRASIL DE TANTAS CRUZES

Marcus Ottoni


“O palácio não pode esquecer que o voto é secreto.”
Deputado Ciro Nogueira, candidato à presidência da Câmara, em matéria do Estadão cujo título é “Herdeiro de Severino assombra Planalto e oposição”.



Desarmá o cidadão,
é o mermo, cumpanhêro,
qui butá uma rapôsa,
prá vigiá um galinhêro...

Bob Motta



Fantasia

Encontrei
O que não procurei
Imaginei
O que havia de ti
Eu vi
O que não conheci

Deborah Milgram




Epitáfio

(para corruptos e terroristas)

Vós, que retirastes o pão de descamisados!
Que levianamente cevastes mesas já fartas;
Tomastes o alimento da boca de inocentes
e pusestes a mão nos ombros
de canalhas, traficantes e corruptos,
no vosso leito agonizante deito o epitáfio
de órfãos e servidores esfalfados.

Que a vossa silhueta se ofusque
no caleidoscópio do tempo
e que a chama que acendeu vossa fome
de ódio e ganância se apague ao sopro da justiça.

Que os fragmentos do vosso ventre
sirvam de alimento às aves de rapina
e que a fúria do vento eleve,
em cortejo fúnebre,
o que restar de vossas entranhas
apodrecidas, em longo e eterno espiral.

Robério Matos




Mulher no jornalismo do RN

Evento: Ciclo de palestras “Prosas e Pensamentos”
Local: Livraria Sparta
Data: 28/09/2005
Horário: 18:00h
Entrada gratuita
Palestrante: Profa. Otêmia Porpino Gomes
Tema: “A mulher no Jornalismo do Rio Grande do Norte”

Sobre o Evento

Hoje, a Livraria Sparta promoverá, dentro do projeto “Prosas e Pensamentos”, a palestra “A mulher no jornalismo do Rio Grande do Norte”, proferida pela professora Otêmia Porpino Gomes. O evento reunirá escritores, artistas e pesquisadores da cultura regional. A proposta da livraria é apresentar aos estudantes universitários e do ensino médio, pesquisadores e ao público em geral o que se apresenta de mais expressivo no estado do Rio Grande do Norte.

No projeto “Prosas e Pensamentos”, que permanecerá até o mês de novembro de 2005, serão abordados assuntos sobre cangaço, poesia, urbanização da Cidade do Natal, história, artes, entre outros.

Sobre a Autora

A professora Otêmia Porpino Gomes é bacharela em Comunicação Social, com habilitação em jornalismo, especialista em Telejornalismo, mestra em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte e encontra-se dedicada à conclusão de sua tese de doutorado também em Educação.

Atualmente a professora Otêmia Porpino é professora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, lotada no departamento de Comunicação Social, e já assumiu a coordenadoria e a vice-cordenadoria do mesmo departamento.

Sobre a Palestra

A palestra da professora Otêmia Porpino Gomes abordará o tema: "A mulher no Jornalismo do Rio Grande do Norte", onde serão apresentados um vídeo documentário com depoimentos e analises sobre a trajetória da mulher no jornalismo do estado e posteriormente uma reflexão sobre a questão de gênero.



DOU-TE OS MEUS SIGILOS

Nos últimos dez anos o que fiz de mais errado, foi acordar dividas de cartões de crédito e Cheque Especial da Caixa Econômica. Se fossem quebrar meus sigilos bancários e telefônicos dos últimos dez anos, iriam descobrir a minha inadimplência crônica que insiste em não me abandonar, e iriam ouvir meus lamentos com a família, amigos, e, minhas conversas ásperas edesesperadas com os credores.

Se fossem quebrar meu sigilo bancário dos últimos dez anos, talvez, entendam o que faz um funcionário público que trabalha com licitações e cifras altas, para poder honrar seus pobres compromissos. Se fossem quebrar meu sigilo telefônico dos últimos dez anos, também iriam descobrir que liguei para um cara para pedir um baseado, que liguei para outro cara para comprar um uísque 8 anos do Paraguai, e que liguei para uma mulher que conheci em uma locadora de vídeo. Iriam descobrir estas “falhas” que dentro da minha vã filosofia fiz sabendo que eram erradas.

Mas, o mais interessante é que com os meus sigilos quebrados eu poderia até ser preso por alusão as drogas, traição e por contravenção.

É isto que acontece no país onde nasci, vivo e sobrevivo, com salário de Funcionário Público federal, pagando aluguel, planos de saúde, imposto de renda, taxa de iluminação pública e esgoto, gasolina, feijão, água, e taxas bancárias e telefônicas; os pequenos pagam pelos grandes.

Dou ao Brasil e aos brasileiros os meus sigilos telefônicos e bancários.

Podem fuçar minha vida inteira, pois, se fui ilegal um dia, foi por pura transgressão aos valores morais éticos, impostos pela hipócrita classe política que cria as leis e as regem para si próprios. Podem até me prender, eu não ligo, quero mesmo ser a bandeira do novo mártir, isso mesmo, o Brasil se acabou quando se acabaram seus mártires.

Digo “sem medo de ser feliz” que como eu, milhões de brasileiros foi um dia transgressor legal, foi um dia um fora da lei, por medo e desilusão da vida. Vejam bem meus incrédulos leitores, eu assumo os meus erros, mas não justifico o deles.
Sou tão pequeno que nem sequer formo opinião. Taí meus sigilos para o Brasil República ainda de coronéis e abastados ilícitos. Podem descobrir que eu fumei maconha, comprei uísque do Paraguai e traí uma antiga namorada. Descubram também que eu paguei as minhas dívidas, e que para isso tive que vender bens adquiridos com vinte e cinco anos de trabalho, por isso mesmo não me darei ao sacrifício de sair de casa para votar em uma palhaçada desta que é o Referendo do Desarmamento. Eu já percebi que se trata de uma manobra torpe do governo
para desviar as atenções dos atuais escândalos.

Ah, meu Brasil Brasileiro querido, dou-te meus sigilos, se servirem para alguma coisa, mas jamais oPTarei de novo pela vil mudança.

Mário Henrique Araújo



NO BRASIL DE TANTAS CRUZES,
UMA INCOMODA MAIS QUE OUTRAS

“A ostentação de um crucifixo no plenário do STF é inconstitucional porque viola a separação entre o Estado e a igreja.” Com essas palavras, Roberto Arriada Lorea, juiz de direito no Rio Grande do Sul, dá início a texto cujo título é de uma tautologia ímpar: “O Poder Judiciário é lai-co”.

Publicada no espaço OPINIÃO, Folha de São Paulo, edição de 24/09/2005, semelhante tolice até deixaria de merecer repercussão, não fosse a mesma Folha, no mesmo espaço e na mesma data, trazer outro ponto de vista, em sentido contrário, este agora formulado por José Renato Nalini, desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo, também membro e secretário geral da Academia Paulista de Letras. Em “A cruz e a justiça”, o derradeiro autor assevera: “O símbolo da cruz é advertência ao operador do direito - principalmente o juiz - de que fazer justiça é algo muito sério.”

Não é de hoje que Lorea abraça a iconoclasta tese. Faz mais de ano que ele, no jornal da AJURIS, pregou: Retire-se o crucifixo da sala onde os excelsos juízes do Supremo Tribunal Federal decidem. Mantê-lo ali pendurado é atentar contra a Constituição. Afinal, o Estado brasileiro e seus poderes são laicos.

Um estado laico, por definição, é um estado não confessional. Por isso, há de ser entendido que nele se realiza clara separação entre o poder civil e o poder de qualquer hierarquia religiosa. Idéia que, por sinal, também aparece na doutrina esposada pelo Concílio Vaticano II (GS 74; 76). De acordo com o pensar católico, o Estado deve ser considerado em seu caráter temporal e autô-nomo, relativamente às religiões ou forças religiosas.

Com efeito, na Constituição Pastoral citada vai dito: “no domínio próprio de cada uma, comunidade política e Igreja são independentes e autônomas”. O laicismo de Lorea, porém, como tendência ideológica que é, apesar da doutrina conciliar, o que faz é seguir manifestando-se na li-nha do anticlericalismo e anticatolicismo.

Ora, com a idéia de laicidade do estado não se pode entender deva ele ser a-religioso ou anti-religioso. Melhor dizendo, a laicidade estatal não é manifestação de ateísmo estatal. Nem poderia ser, no caso brasileiro, a teor da própria Constituição, que Arriada Lorea deseja transformar em sua Dulcinéa de Tolosa. Com a idéia de laicidade, no entanto, se reconhece que a religião é um valor a ser considerado na vida social. E que em sociedades plurais, como a brasileira, o Estado, sobre não dever ser confessional, tanto não deve interferir na vida interna das Igrejas, tanto deve respeitar e promover a liberdade religiosa, nos planos da crença e do culto, seja este privado quanto público.

Símbolo que é, o crucifixo desvela mistérios, realidades escondidas. Uma dessas realidades é o drama da doação. A doação que está no interior do drama primordial, para se ficar com palavras de Urs von Balthasar, por muitos dos que o conheceram apontado o homem mais culto do século XX.

Acontece de o crucifixo também se referir a manifestações fenomênicas. A dor, o sofrimento, a morte. A marginalização, o isolamento, a injustiça. Tudo isso matéria típica do operar jurídico. Tudo isso matéria ligada à atuação do operador jurídico.

Pendurado em uma parede, mesmo a de um prédio estatal, um crucifixo não é sinal de confessionalismo. Ele somente poderá ser encarado como tal na perspectiva da fé. Ou da descrença. Sendo assim, inconstitucional não é o fato do crucifixo pendurado. Inconstitucional será a tese do juiz gaúcho.

Pendurado, ademais, nas paredes de um tribunal, seja ele qual for, um crucifixo tem serventia. Ele serve para não deixar se esqueçam os juízes que o crucificado foi objeto de um julgamento injusto. Afinal, quem o condenou à morte não encontrou a autoria de qualquer crime pesando sobre ele. Nesse sentido, então, o crucifixo deve mesmo ser algo incômodo.

Taumaturgo Rocha

por Alma do Beco | 8:27 AM


Hugo Macedo©

Beco da Lama, o maior do mundo, tão grande que parece mais uma rua... Tal qual muçulmano que visite Meca uma vez na vida, todo natalense deve ir ao Beco libertário, Beco pai das ruas do mundo todo.

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