Paulo Jorge Dumaresq, Blecaute e Pedro Pereira no Bar de Pedrinho
No dia 17 de agosto a Livraria Sparta promoverá um ciclo de palestras “Prosas e Pensamentos” que reunirá escritores, artistas e pesquisadores da cultura regional. A proposta da livraria é apresentar aos estudantes universitários e do ensino médio, pesquisadores e ao público em geral o que se tem de mais expressivo no estado do Rio Grande do Norte.
No projeto “Prosas e Pensamentos”, que permanecerá até o mês de novembro de 2005, serão abordados assuntos sobre cangaço, poesia, urbanização da Cidade do Natal, história, artes, entre outros. A segunda palestra será do escritor Sérgio Augusto de Souza Dantas que abordará o tema ‘A Evolução da Estética do Cangaço e sua influência na Cultura Nordestina’.
A palestra se concentrará nos seguintes itens:
Apresentação de imagens em power-point de fotografias, exibição de instrumentos usados no cangaço, vestimentas, o "modus vivendi" dos cangaceiros e o reflexo dessa "sub-cultura" no panorama da cultura popular do Nordeste.
Sobre o Autor
Sérgio Augusto de Souza Dantas é Juiz de Direito na Cidade do Natal e também atuou nas comarcas de Martins, Umarizal, Cruzeta, Apodi e Caicó.
Estudioso do elemento humano e das raízes nordestinas, lançou neste ano o livro “Lampião e o Rio Grande do Norte – A História da Grande Jornada” e atualmente prepara os trabalhos “Antônio Silvino – Notas para uma Biografia” e “Aspectos Criminológicos do Cangaço e do banditismo Rural”.
Sobre o livro
O livro ‘Lampião e o Rio Grande do Norte – A História da Grande Jornada’ apresenta o resultado de uma pesquisa de campo orientado em referências bibliográficas, entrevistas, documentação antiga, processos judiciais e jornais; buscando sempre separar, como o próprio autor apresenta na parte introdutória de sua obra, a “verdade histórica” do “mitológico endêmico”.
As informações colhidas pelo escritor apresentaram evidentes e preciosas descobertas sobre o cangaceirismo no estado do Rio Grande do Norte. Seus apontamentos evidenciaram os rastros de Lampião e de seus seguidores ora já confirmado em bibliografias, ora contraria ao que já fora escrito e mostrando a verdadeira história.
Em ‘Lampião e o Rio Grande do Norte – A História da Grande Jornada’ o leitor encontrará elementos e informações indispensáveis para o estudo do cangaço no Rio Grande do Norte; tornando-a uma das mais fieis obras já escritas sobre o assunto.
Informações Gerais
Evento: Ciclo de palestras “Prosas e Pensamentos”
Local: Livraria Sparta
Data: 17/08/2005
Horário: 18:00h
Entrada gratuita
Palestrante: Sérgio Augusto de Souza Dantas – Juiz de Direito
Tema: “A Evolução da Estética do Cangaço e sua influência na Cultura Nordestina”
José Torres Neto
ecos de agosto
: e o medo.
foi quando tomando da tesoura
um a um
vazou os olhos
para que nunca mais tornassem
a ver
o gigante cogumelo
que como num terrível pesadelo
ressurgia no horizonte
(estranho: em total silêncio)
prenúncio de dor e destruição.
soube depois que fora apenas a
visão do sol encoberto
(um eclipse? tamanha tolice!)
mas não acreditou.
Márcia Maia
O uivar das palavras
Era final de tarde quando F (o filho) trouxe para casa a moto que vinha escondendo do pai. Cumprimentou-o ainda na entrada do jardim, empurrou a moto até a garagem, e sorriu. “Que dia bonito, pai. A brisa ‘tá perfeita. O verão chegou pra ficar.”
“Hei...” P (o pai) chamou á atenção, “onde você pensa que vai com essa motocicleta? Não quero isso aqui em casa!” Continuou P, deslocando-se até a garagem. “De quem é?”
“O preço foi bom, pai...” disse F, “venha dá uma olhada.”
“Trate de devolver! Agora, F!” P ajustou os óculos. As veias, agora bem mais visíveis, destacavam-se nas laterais da testa. “Pode tira isto da garagem!”
“Mamãe está?” pisou no descanso, recuou três passos e admirou a enorme Kawasaki. Olhou para P , esperando uma resposta.
“Não quero acidentado nenhum por aqui, F! Entendeu?” P marchava de braços cruzados de um lado para outro da garagem. “E outra coisa......”
“A turma toda comprou motos para o verão, pai.” Informou F. “E não vai ter nenhum acidente.”
“Não vou cuidar de nenhum paralítico. Se tiver um acidente, é melhor que morra logo...tô lhe dizendo!!!” O tom da voz aumentava, enquanto P discursava. “Leve esta merda daqui, F!”
Sem muito poder de barganha, F decidiu sair na moto. “Diga á mamãe que volto para o jantar...fique tranqüilo, pai. Um beijo.”
“Lembre do que eu disse, F!” Falou P antes de F fechar o visor do capacete.
Horas mais tarde. Começo da madrugada...
O telefone toca. Toca diferente desta vez. Toca triste. Uma ligação da policia estadual de Nova York, pedindo que o sr. P e a sra. P comparecessem ao instituto médico legal da cidade.
P, enquanto viver, escutará o uivar das palavras que falou para seu filho. Todos dias serão infinitos. Os invernos mais frios. O verão, sombrio. Redimir-se? Quem sabe, um dia. Mas não nesta vida. Porque agora ecoará mais forte o último beijo de F.
Charles M. Phelan