segunda-feira, abril 18, 2005

DESTÕES DE FELICIDADE

Tribuna do Norte

O destino nos reserva surpresas de todos os tipos possíveis e imagináveis. E, muitas vezes, junto com essas surpresas, nos prega peças indescritíveis, como o fez comigo na semana passada. E mesmo sendo indescritível, pelo menos para mim, vou tentar relatar aos queridos (as) leitores, o acontecido.

Semana que passou, recebi a visita de meu amiguinho Mané, que está na casa de sua mãe biológica, em Laranjeira do Abdias, distrito de São José de Mipibú. Pois bem: foi uma alegria sem limites e, depois de uns três dias aqui em casa, fui deixá-lo na casa de sua mãe, lá em Laranjeira.
E, em lá chegando, antes de ir deixar Mané em casa, cismei de ir visitar um casal de idosos, meus amigos e fãs (graças a Deus), que adoram escutar meus poemas, principalmente os de fuleragem.

Esse casal, são meus amigos CIÇO E MARIA PRIQUITO. Pelos nomes, o caro leitor deve imaginar perfeitamente os "figuraços".

E, no meio do caminho, encontrei uma importantíssima parte da minha vida, no meu passado de felicidade e liberdade total, quando eu vivia que nem burro brabo, solto de canga e corda; e sem peia e sem cabresto, com todas as porteiras do cercado do mundo, totalmente escancaradas e à minha inteira disposição.

Um Circo "TUMARA QUI NUM CHÔVA", exatamente na hora em que o palhaço preparava seu monociclo para sua peregrinação pela cidade. Uma réca de menino esperava o momento de extremo prazer, para sair gritando o que o palhaço já havia ensaiado com a meninada, as respostas que eles dariam aos gritos estridentes do ARTISTA MAIOR DO MUNDO CIRCENSE.

Não me contive e parei o carro para me juntar à molecada, onde o mais velho teria aproximadamente uns quatorze anos de idade. O palhaço, se acercando de mim, falou:

— Cum você eu num preciso ensaiar não, que você é "quenga véia na zona".

E saiu gritando:

O palhaço: Pompeu, Pompeu...
A meninada: Sua mãe morreu...
O palhaço: E a cabeça do palhaço ?
A meninada: O arubu cumeu...
O palhaço: O juízo tava pôde...
A meninada: O arubu morreu...
O palhaço: Vô alí, vorto já...
A meninada: Vai cumê maracujá...
O palhaço: Ai,ai,ai, eu tô cum medo...
A meninada: Do maracujá azedo...
Hoje tem espetáculo?
A meninada: Tem sim sinhô...
O palhaço: Oito horas da noite?
A meninada: Tem sim sinhô...
O palhaço: Dona Chica...
A meninada: Remexe a canjica...
O palhaço: E o palhaço, o que é?
A meninada: Ladrão de muiééééé...

Eu ora ria de felicidade e satisfação ora chorava emocionado. Lá prá tantas, o palhaço, fazendo um intervalo, veio com a tradicional tinta a óleo preta e fez uma cruz no braço de cada um daqueles meninos que estavam "GRITANDO-O"; era o pagamento; o ingresso para que eles pudessem entrar no circo de graça, à noite.

Fechei os olhos e me vi na Praça Tamandaré, no Baldo, quando chegavam os circos e eu era o primeiro que se apresentava para GRITAR O PALHAÇO, enquanto mamãe só faltava arrancar os cabelos quando eu fugia com esse objetivo. A saudade pegou fogo no meu coração e a fumaça saiu pelo canto dos meus olhos. O palhaço, ao me ver chorando, perguntou o que era, e eu lhe expliquei o papel que ele, o palhaço de circo ou de pastoril, tivera no meu passado, terminando por declamar para ele meu poema ODE AO PALHAÇO.

Findamos chorando abraçados os dois, sob as palmas da criançada.

BOB MOTTA
O Jornal de Hoje, 16/17.04.05

por Alma do Beco | 6:33 PM


Hugo Macedo©

Beco da Lama, o maior do mundo, tão grande que parece mais uma rua... Tal qual muçulmano que visite Meca uma vez na vida, todo natalense deve ir ao Beco libertário, Beco pai das ruas do mundo todo.

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