João Gualberto Aguiar
Caminha traga papel
e lápis de pau-brasil
um dia livre de abril
do nosso avô Manuel
do reino que faz o mel
dos mares de Portugal
com seu poder colossal
navegou a lua e o sol
do samba e do futebol
em nossa tribo natal
Vai começar a conquista
em se plantando dá pé
quinhentos anos de fé
o grito de terra à vista
uma terra alquimista
das coisas da natureza
honestidade e vileza
o índio só tem preguiça
Anchieta reza a missa
com a língua portuguesa
O navegante Cabral
das caravelas perfil
caravelou o Brasil
uma selva tropical
do reino de Portugal
o seu futuro profundo
Pedro primeiro segundo
nos tempos de realeza
um tesouro de beleza
na descoberta do mundo
Ouro puro, mata virgem
da história a infância
sofre o olhar da ganância
um Brasil em sua origem
do novo mundo vertigem
dança de índio inocente
um espelho de presente
para a nação festejada
sua cultura dizimada
pelo velho Continente
Os tupis e guaranis
canibais sem ladainha
comem o bispo Sardinha
a história é que diz
de um guerreiro feliz
um fidalgo de brasão
aprendemos a lição
do valente aguerrido
Índio Poti apelido
de Felipe Camarão
A África enche o porão
a história tem um travo
o braço do negro bravo
no reino da escravidão
havia a Constituição
dos senhores a bengala
exposta em cada sala
no terreiro pelourinho
em Apipucos tem vinho
Casa Grande & Senzala
Arte, cultura, ciência
nosso peito varonil
na formação do Brasil
o grito de Independência
a mineira Inconfidência
o sonho dos Bandeirantes
esmeraldas, diamantes
Isabel foi proclamada
a pátria concretizada
no sonho do rei infante
Até findar isso tudo
a história deu um salto
houve muito sobressalto
de poesia é meu estudo
sem ela vou ficar mudo
escondido sob a cama
a minha musa me chama
vamos logo ao pós-guerra
um verso de pé na terra
a realidade reclama