bobmottapoeta@yahoo.com.br
O Jornal de Hoje 12/13.03.05
Das figuras folclóricas de Natal, existem aquelas que além da saudade, deixaram nas prateleiras das nossas memórias, verdadeiros mananciais de causos e/ou presepadas, como é o causo do nosso querido e mui saudoso Zé Areia. Sempre nas sexta feiras, na parte da tarde, quando o movimento dos seus clientes da barbearia estava devagar, quase parando, Zé inventava um artifício para angariar dinheiro e fazer sua feira no sábado. Pois bem! Numa dessas sexta feiras, eis que nosso personagem, sem ter mais o que inventar, cismou de rifar um peru. Comprou uma folha de papel pautado, numerou de cima à baixo, e saiu em peregrinação pelas lojas da Ribeira velha de guerra, onde os lojistas, na sua totalidade, compraram bilhetes, mais para ajudá-lo do que para concorrer ao prêmio. E Zé Areia, na sua peregrinação, subiu a ladeira da Av. Rio Branco em direção ao Grande Ponto,onde vendeu mais alguns bilhetes da rifa do bendito peru, e empreendeu sua volta à Ribeira. No caminho, deu de cara com um figurão da sociedade natalense, do qual não lembro o nome, também seu cliente da barbearia, ao qual ofereceu o bilhete da rifa do peru:
- Dr. Fulano; me compre a rifa de um peru cevado! O bicho já está com bem dez quilos...
O figurão, embora sabendo que iria comprar para ajudar Zé Areia, resolveu fazer gozação e lhe respondeu:
- Zé, rapaz; eu gostaria imensamente de lhe ajudar comprando o bilhete da rifa do seu peru, mas não posso, devido a ter um problema conjugal muito grande. Minha mulher está com a mania de fazer sexo com tudo que é de animal que eu levo pra casa, e se eu ganhar esse peru, em vez de sorte, vou ter é azar...
E Zé Areia, que jamais deixou passar uma oportunidade dessa em branco, argumentou:
- Não seja por isso, Dr. Fulano! Pode comprar sem medo, pois peru, que eu saiba, não cruza com galinha de jeito nenhum!...
O Dr. deu uma gaitada pra lá de escandalosa e comprou o restante dos bilhetes que faltavam serem vendidos...