terça-feira, março 22, 2005

POR SORTE, FUI MENINO



fui menino perto da cidade
a cidade me banhando
me arrebanhando aos morros da cidade
menino bem ouvido
ouvidor de estórias encantadas e assustadoras
corra menino
que a viúva machado vem ali
ela come figo de criança
fui menino me assustando com o véi otacílio
segurava na saia da minha mãe
e pedia
mãe não deixe ele me pegar
menino dos ói arregalado
me butaram até o apelídio de papa-figo
menino da periferia da cidade
menino das dunas
dos camboim
dos pula barreiras
do sítio do soldado
menino vendendo din-din
menino istudando
raimundo soares
celestino pimentel
de menino virei home
fui até pro centro da cidade
em frente do cemitério
pade miguelinho
menino sem dente
banguelo
só istudava
quiria sê doutô
não fui doutô
hoje me chamam de poeta
inventor de frases
na maioria das vezes mentirosas
não me enganei com a vida
nem tanquanto abraço a morte
a sorte é que fui menino
e de menino
me transformo em saudade

oreny júnior


rio, trecho
10.12.2004

por Alma do Beco | 4:34 AM


Hugo Macedo©

Beco da Lama, o maior do mundo, tão grande que parece mais uma rua... Tal qual muçulmano que visite Meca uma vez na vida, todo natalense deve ir ao Beco libertário, Beco pai das ruas do mundo todo.

.. .. ..

.. .. ..

Recentes


.. .. ..

Praieira
(Serenata do Pescador)


veja a letra aqui

.. .. ..

A imagem de fundo é do artista plástico e poeta Eduardo Alexandre©

layout by
mariza lourenço

.. .. ..

Powered by Blogger

eXTReMe Tracker