terça-feira, fevereiro 08, 2005

Xanana

XANANA: um símbolo poético para Natal

Quem não conhece a xanana? Aquela florzinha brejeira que nasce em todo canteiro do meio da rua, beira de calçadas e terrenos baldios? Muitas vezes confundida com erva daninha, ela é impiedosamente extirpada do solo e relegada à condição de lixo, de planta indesejada pelo pessoal da limpeza urbana. Serão eles tão insensíveis à delicadeza e ao aveludade das suas pétalas, ao suave degradé que vai do branco ao amarelo central que as compõe, ao seu formato mimoso, arredondado e tão facilmente reproduzível que certamente consta em todo desenho infantil?
A xanana é uma flor teimosa. Quando o tempo está propício, ela irrompe a terra, nasce planta robusta e flora exuberante. Basta uma chuvinha, ou até mesmo o ar ficar mais ameno e então temos canteiros naturais - onde o criador foi o grande jardineiro - a ornamentar ruas e avenidas (por exemplo a Avenida Rui Barbosa) a deleitar nossa visão com o seu doce colorido, tão nacionalista.
Pois bem, a xanana foi nesta última terça-feira, dia 23 de março, indicada por Diógenes da Cunha Lima para ser símbolo poético de Natal. Em seu discurso alusivo ao Dia do Bibliotecário, dia 12 de março, o poeta e homem da lei, apontou os motivos para a indicação: persistência, resistência, beleza e fortaleza. Assim é a Xanana. Assim é Natal. Uma cidade que resiste aos desmandos do poder e apesar de tudo continua bela. Não desiste de lutar e acreditar que um dia será uma cidade mais humana, com melhores condições para seus habitantes. Uma cidade que é favorecida pela natureza. Uma cidade mulher pela sinuosidade de suas formas, nas palavras do orador.
Então, como ficaria um provável design para o símbolo poético de Natal? Iríamos acrescentar xananas aos elementos já representativos da cidade, o sol, o barco, o morro do careca, que a cada dia mais careca fica? Ou iríamos simplesmente substituí-los por um belo ramalhete de xananas? Poderíamos ainda criar uma bucólica paisagem com colinas cobertas por xananas com o mar ao fundo, um sol poente e um barquinho à deriva.
Diógenes inovou e causou impacto com sua sugestão. Quem diria que uma florzinha à toa, típica da região, desprezada, arrancada e pisoteada poderia ser apontada para representar uma cidade?
Mas está certo o poeta. A xanana merece a indicação. Tem haver com a cidade e também com nossa profissão; pois continuamos persistindo num mercado de trabalho cada vez mais competitivo e invadido por outros profissionais. Somos fortes e teimosos; algumas vezes morremos mas nascemos a cada nova oportunidade, a cada reconhecimento. A cada clima propício evidenciamos com esmero nosso profissionalismo e competência. E por este dia tão pouco lembrado pela sociedade, mas mesmo assim motivo de orgulho para nós, parabenizamos a classe, a Cidade, em seus 400 anos, a xanana e ao orador, que com sua sensibilidade e sua paixão declarada publicamente pela companheira e pela cidade, teve a feliz idéia deste símbolo.

Ana Cristina Cavalcanti Tinôco
Bibliotecária

por Alma do Beco | 4:23 AM


Hugo Macedo©

Beco da Lama, o maior do mundo, tão grande que parece mais uma rua... Tal qual muçulmano que visite Meca uma vez na vida, todo natalense deve ir ao Beco libertário, Beco pai das ruas do mundo todo.

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A imagem de fundo é do artista plástico e poeta Eduardo Alexandre©

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