domingo, fevereiro 06, 2005

Luiza Maria: 50 anos de Piano

Salésia Dantas
Diário de Natal

Vestindo azul de organdi, solidéu, luvas, a menina de 10 anos interpretou pela primeira vez clássicos de Chopin, Debussy, Mozart e do seu mestre Waldemar de Almeida. Ao final do recital recebia os aplausos do governador Sílvio Pedroza, Câmara Cascudo e Dona Dália, jornalista Aderbal de França, dentre o público presente ao então Teatro Carlos Gomes, que depois se chamaria Alberto Maranhão. Desta primeira apresentação já se passaram 50 anos. Tempo que Luiza Maria Dantas Cavalcanti, professora de piano formada pela UFRN e de vasto currículo profissional no Brasil e exterior, guarda muitas lembranças.
A música sempre lhe atraiu. Cresceu neste mundo. Na casa dos pais Miguel Dantas Cavalcanti e Maria da Cruz Correa Cavalcanti à rua Seridó-Petrópolis, eram realizados saraus com a participação de Cascudo (para quem tocou piano ilustrando suas aulas do curso de História da Música), Jaime dos G. Wanderley, Palmira Wanderley, Waldemar de Almeida, Tonheca Dantas, Evaristo de Souza, Garibaldi Romano. O irmão adolescente, desembargador Wilson Dantas declamava. A política também era tema das tertúlias, e em torno dela se reuniam José Augusto Varela, Dinarte Mariz, Aluízio Alves, Theodorico Bezerra, Djalma Marinho, Walfredo Gurgel.
Luiza teve como mestres no aprendizado ao piano: Oriano de Almeida, Ana Cicco, Magdalena Tagliafero, Lourdes Guilherme, Mandell Fried e Gilberto Tinetti. Se entrega à música por muitas horas. O pensamento é como uma caixa de som, compara, sempre emitindo notas. Através da música relaxa e divaga, conseguindo assim se comportar ao ouvir ou interpretar o 1º movimento da Sonata ao Luar, de Beethoven; Ave Maria, de Gounod, ou Serenata, de Schubert. Divide os compositores em gênios - Beethoven, Bach, Mozart, Schubert, Thaikowisk e Brhams, e grandes compositores - Verdi e Strauss. Os compositores brasileiros de sua preferência são Carlos Gomes, Henrique Oswaldo, Francisco Mighnon, Vila-Lobos. Waldemar de Almeida e Oriano de Almeida, com seus prelúdios sobre Natal. Lamenta que estes prelúdios ainda não tenham sido editados.
A música, para Luiza Maria, está em tudo. No barulho das ondas do mar, na chuva sobre os telhados. Do pingo caindo da torneira, inspiração de Chopin para compor o prelúdio Gota d’água. De sua autoria possui três composições: a valsa Saudade, em homenagem aos pais; Berceuse para Gabriela, a primeira neta; Acalanto, para a neta de 1 ano e seis meses.
O piano exerce em Luiza forte atração. A ele recorre ao sentir saudades, ou num estado de isolamento das turbulências do dia-a-dia. Não pára de estudar e ensinar piano. Para cada mestre, um estilo de execução de suas obras. Tocar Mozart, por exemplo, explica, é como se os dedos fossem de veludo. Ao contrário de Beethoven, que requer mais energia. Thaicowisk, mais peso técnico nas interpretações.
Não tem preferência por compositor. Depende do momento. Quando está romântica interpreta Chopin. Triste, Beethoven. Alegre, Mozart. Aprendeu admirar Chopin através do mestre Oriano de Almeida, que tornou-se seu grande intérprete, reconhecido mundialmente.
Na companhia da professora desde os 9 anos de idade ainda permanece o primeiro piano, presente de sua mãe. Um Essenfelder fabricado na Alemanha exclusivamente para Oriano de Almeida, que ao ser desembarcado em Natal na década de 40, ele estava de viagem marcada para Varsóvia, sendo comprado pela pianista Dulce Cicco. Como já possuía um, vendeu à mãe de Luiza. Quem cuida dos problemas dos seus dois pianos é o afinador Célio Ferreira, talvez o único profissional em Natal nesta área.
Aos 60 anos de idade, a miss Natal e miss América, Luiza Maria deve à música e à família formada pelos filhos Miguel Neto, Dinaísa e Dinarte Júnior, e netas, o equilíbrio na maneira de ser e estar. E deixa um recado aos mais jovens: “Estudem música com afinco, para ficarem longe das drogas”.


por Alma do Beco | 6:00 AM


Hugo Macedo©

Beco da Lama, o maior do mundo, tão grande que parece mais uma rua... Tal qual muçulmano que visite Meca uma vez na vida, todo natalense deve ir ao Beco libertário, Beco pai das ruas do mundo todo.

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