domingo, fevereiro 06, 2005

Biografia de um trio inesquecível

Ana Luiza Cardoso
Tribuna do Norte
16/04/01



Quando Nat King Cole (conhecido pelas novas gerações por sua famosa "Unforgettable) ouviu o Trio Irakitan, na década de 50, não resistiu. Quando viesse ao Brasil queria gravar com os potiguares que já haviam deixado sua sonoridade registrada em disco no México. E assim o fez. A história dos três norte-rio-grandenses que se projetaram através da música anda meio esquecida. Para resgatar curiosidades e a trajetória do trio, a produtora musical Iris Gamenha resolveu tornar-se escritora.
Potiguar que mora há 32 anos no Rio de Janeiro, Iris resolveu escrever o livro "A Incrível História do Trio Irakitan." O título é uma homenagem à série de matérias feitas pelo Diário de Natal em 1955, sobre o trio. Iris trabalhava na RCA nos anos 80, conviveu com o trio já não mais com a formação inicial, mas narrando histórias muito interessantes. A idéia de escrever sobre o trio foi sendo consolidada a partir de 1998.
Matéria-prima não foi problema. Material publicado na imprensa, fotos e o diário de João Costa, um dos integrantes do grupo, subsidiam as histórias. Para terminar o trabalho, Iris pretende acrescentar depoimentos de artistas que conviveram com o Trio Irakitan. Entre eles, Dercy Gonçalves, Erval Rossano, Chico Anísio, Norma Bengell. "O artista na mídia a gente gosta. Amanhã, se ele não está na mídia, a gente esquece. E esquece rapidinho", declara a produtora musical, que tem como objetivo principal editar o livro no Estado.
"Seria fácil editar o livro no Rio de Janeiro, onde tenho muitos contatos. Mas gostaria de editá-lo no Rio Grande do Norte", assegura. O trio teve na sua formação original Gilvan Bezerril, que nasceu no Recife, mas cuja família é de Pedro Velho (RN); além dos natalenses João Costa e Edson França.
Fernando da Câmara Cascudo, filho de Luís da Câmara Cascudo, foi um dos grandes incentivadores do trio. Fernando era presidente da Sociedade Artística Estudantil e fazia caravanas com os artistas pelo interior.
No começo, o grupo chamava-se Muirakitan. Descobriram que já haviam adotado este nome e Luís da Câmara Cascudo decidiu alcunhar o trio de Irakitan, alegando que não haveriam mais coincidências.
A formação do grupo aconteceu em 1950. Os integrantes tinham de 19 para 20 anos. A primeira apresentação profissional do Trio Irakitan foi no aniversário do Clube América. A orquestra e o maestro Nelson Ferreira estavam no mesmo evento. Nelson fez o convite para eles se apresentarem na rádio Jornal do Commercio.
A partir deste convite, o trio, que não tinha muitas pretensões, passou a receber vários convites. Em 1951, eles saíram de Natal pelo norte realizando shows pela América Central. "Eles comeram o pão que o diabo amassou, passaram fome", acrescenta Iris.
Na volta do exterior, eles foram para o Rio de Janeiro, assinando contrato de dez anos com a Rádio Nacional, que tinha à disposição o maior e melhor "cast" de cantores na época. Na Atlântida, famosa por seus musicais, o Trio Irakitan esteve em três filmes, onde são os artistas principais: "Virou Bagunça", "Rio Fantasia" e "Três Colegas de Batina". A sonoridade deles empolgava Dolores Duran a se apresentar com eles.
Por pouco o Trio Irakitan não fez a trilha sonora do filme "Inferno Verde", estrelado por Grace Kelly. Eles encontraram com o pessoal da Metro quando estes estavam procurando lugar para as locações do filme na Colômbia. Os potiguares cantaram "Maringá" e foram chamados para fazer a trilha sonora do filme. Só que a turnê do Trio Irakitan demorou muito e eles perderam o lugar para o Bando da Lua, que acompanhava Carmem Miranda.
Mas a morte de Edinho, em 1965, abalou a estrutura do grupo, que deu uma parada no trabalho. Para Iris, este tempo sem shows fez com que a força do Trio Irakitan esvaecesse.
Somente em 1972, o trio se refaz com nova formação: Gilvan, João e a entrada do sergipano Edil. O grupo sofre um segundo abalo. Nos anos 80, João fez uma cirurgia que o levou ao coma, estado em que permanece até hoje. O irmão de Edil, Edilson, passou a ocupar o lugar de João.
O trio, no início, tocava o que escutava no rádio. Quando retornou ao Brasil, o bolero estava em voga. Passaram a tocar versões de boleros. A marca registrada deles são os arranjos e harmonias próprias.

por Alma do Beco | 5:47 AM


Hugo Macedo©

Beco da Lama, o maior do mundo, tão grande que parece mais uma rua... Tal qual muçulmano que visite Meca uma vez na vida, todo natalense deve ir ao Beco libertário, Beco pai das ruas do mundo todo.

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