Tribuna do Norte
24/02/05
Ponto tradicional de encontros calorosos onde a troca de idéias é a melhor pedida do cardápio, o Beco da Lama está ameaçado de ser, irreversivelmente, desfigurado em nome do ‘progresso’. Segundo informações do poeta, professor e agitador cultural Eduardo Alexandre, o principal reduto intelectual e boêmio da cidade pode dar lugar a um “sem graça e congelante” estacionamento. O novo prédio funcionaria com frente para rua Vigário Bartolomeu e fundos para a Rua Doutor José Ivo (Beco da Lama). Plantado bem no centro de Natal, o Beco da Lama há anos é um centro de efervecência cultural e movimentos alternativos da cidade. Além de manter uma associação — a SAMBA (Sociedade dos Amigos do Beco da Lama) — o local possui bares conhecidos como o bar do Nasi e programação cultural regular, como as prévias carnavalescas e shows musicais.
“Se providências urgentes não forem tomadas, prédios como o que serviu de morada e onde morreu o poeta Jorge Fernandes (à venda, na Vigário Bartolomeu), podem vir a baixo, modificando irreversivelmente a paisagem que deu origem à cidade do Natal”, diz Eduardo Alexandre, em email enviado à imprensa. O Beco da Lama já é considerado um espaço cultural dos mais tradicionais da Cidade Alta e, de acordo com Eduardo Alexandre, o IPHAM deveria ser acionado para tomar providências.