Antônio Marques de Carvalho Jr.
Pintor, tapeceiro, escultor e poeta. Um misto de talento e disciplina, cultura e técnica, inteligência e sensibilidade. Em 1950, juntamente com Newton Navarro e Ivon Rodrigues, expôs no ‘‘Salão de Arte Moderna’’, instalado por eles em um antigo casarão ocupado pela Cruz Vermelha, nas proximidades do Grande Ponto.
O evento sacudiu o marasmo cultural da província, revolucionou a pintura de cavalete, motivou debates sobre as novas tendências artísticas, nacionais e internacionais e, finalmente, ficou como marco da penetração do movimento modernista no campo das Artes Plásticas no Rio Grande do Norte.
Além do espírito inovador, de vasta e sólida cultura que nos faz lembrar a encarnação dos ideais renascentistas, Dorian Gray também se destacou no desempenho de funções públicas de caráter cultural, como assessor da Secretaria de Educação e Cultura do Rio Grande do Norte (1967-68) e da Fundação José Augusto (1974); conselheiro e membro do Conselho Estadual de Cultura (1967-73); diretor do Teatro Alberto Maranhão (1967-68) e; da Escolinha de Arte Cândido Portinari (1967-68).
Dorian Gray sempre soube cultivar, simultaneamente, a gravura, a escultura, a tapeçaria, além do jornalismo, do ensaio e da poesia. Atualmente, sua obra artística (particularmente a tapeçaria e a pintura) encontra-se em acervos de instituições culturais e em coleções particulares no país e no exterior. O poeta Sanderson Negreiros assim o define: ‘‘Pintor de marinhas, é um dos que melhor neste País souberam ver, transfigurar, rever e modificar o grande mar - nordestino e do mundo’’.
Newton Navarro reforça o depoimento de Sanderson, quando em uma de suas crônicas escritas em homenagem a Dorian Gray, afirma: ‘‘Quantas vezes, diante do mar, o seu pincel descobre matizes que facilmente outro pintor não descobriria! Pinta e o mar passa inteiro para as suas telas’’.
Comentando uma de suas exposições realizada no Rio de Janeiro, Antônio Bento escreveu: ‘‘Paisagens campestres como nas cenas das praias natalenses e em composições diversas, Dorian Gray Caldas tenta fixar a atmosfera e o caráter de sua terra, através de formas e cores de incontestável sabor telúrico ou nativo. É por isso mesmo um pintor representativo da cultura plástica do Nordeste brasileiro’’.