Por José Correia Torres Neto (nas eleições 2004)
Estamos arranjados! Quem assistiu ou ouviu os primeiros programas eleitorais
ficou boquiaberto com os despautérios ditos e as imagens bizarras que estão
sendo veiculadas em rádios e televisões.
No rádio do carro, hoje pela manhã, um ‘magote de cabra da peste’ prometia
mundos e fundos. Candidatos a vereadores, como se pudessem executar obras, encheram os nossos ouvidos de promessas absurdas. Eram promessas de criar empregos até para aposentados, como se aposentados precisassem de emprego; eles, os aposentados, precisam é de um rendimento mensal digno e justo para pagar as suas contas, comprar seus remédios, comida, roupas e se divertirem muito. Outro candidato a vereador propôs triplicar – isso mesmo, triplicar – a ponte de Igapó. Parece que ele ainda não acredita que a histórica ponte já foi duplicada. Imaginemos esse triplicar de ponte – faltaria carro em algumas das faixas...
É pastor evangélico com música ‘gospel’ de fundo e tudo – aquelas músicas bem melosas louvando os deuses que se parecem com eles. Tem militar ingressando em partido de esquerda, professores, líderes comunitários, arquitetos, médicos e engenheiros; todos querendo entrar na vida fácil. Lembrei-me da frase de pára-choque de caminhão – ‘Vamos votar nas putas, pois em seus filhos já votamos’ e que cabe como uma luva nesta campanha...
Na televisão as imagens são monstruosas. O esquerdista, ainda mais esquerdista do que nunca, e seus jargões de campanha anunciavam ‘lutas’, ‘protestos’, ‘desmandos’ e outras palavras de ordem – ou será de desordem? Um pouco depois me surpreendi: o que fizeram com os rostos do prefeito e o da candidata do partido da estrelinha da perdição?
Colocaram tanto pó de arroz na cara do menino que ‘barrou de longe a belezura paterna’.
O penteado pós-moderno aplicado na candidata me fez lembrar daquelas senhoras do tempo do ‘lá-vai-fumaça’ que gastavam litros e litros de ‘laquê’ para construirem uma epopéia sobre suas cabeças. Acertaram na cor do batom, mas erraram na quantidade - Os lábios da mulher deslizavam um contra o outro, mais do que os bondinhos da Ribeira sobre trilhos oleados. O emperiquitamento da candidata era visível quando mostravam as chamadas
externas em que aparecia conversando com algumas pessoas na rua. A ‘maquilagem’ era substituída pelas suas feição original – a da rua sim era a verdadeira candidata.
A vice-candidata do prefeito era mais uma mistura de William Bonner e de Fátima Bernardes que mais parecia o quarto filho do casal, nesse caso: filha. Chegou a vez do pretenso sucessor de Djalma Maranhão (ou é de outro?). Com um sorriso amarelo nos ‘beiços’, mostrou sua esposa, sua casa, seus trabalhos sociais e até contou a história da santinha que quase seria a sua vice. Quando pensava que estava acabando apareceu uma figurinha premiada. Aquela figura meio mamulengo, meio João Redondo despertou a minha duvida - não sei se ele é candidato a prefeito de Natal ou de Mossoró. Pelo nome, no primeiro momento, pensei que seria um elemento folclórico da querida Mossoró em busca de vida boa, mas quando o estimado senhor falou em privatizar o Hotel Reis Magos concluí em um misto de desgosto e surpresa: É daqui! É um contraste na produção, nos figurinos e nos textos; mas todos com a mesma intenção e que todos nós sabemos qual é. Estamos mais uma vez entre a cruz e a espada e eu, pior de tudo ou de todos, convocado para ser mesário desse circo de lona furada...
José Correia Torres Neto - 19/08/2004