terça-feira, fevereiro 08, 2005

Cena Bequiana

CENA BEQUIANA 27

O Beco da Lama, no centro de Natal, sempre foi um lugar de referência cultural, onde artistas, poetas, escritores, jornalistas, boêmios e pessoas de vida alternativa se encontram para trocar idéias, beber umas e outras, ou quem sabe, participarem de manifestações populares, as quais acontecem ao longo do ano, numa ebulição artística e cultural constante. O Beco tem uma magia poética, uma atmosfera que paira em cada recanto de rua, em cada batente esquecido, como se o espírito encantado do Grande Ponto insistisse em permanecer protegendo as cenas bequianas, impregnadas de lirismos urbanos.


Alex Gurgel

Na foto, da esquerda para a direita, o jornalista e curador da Galeria do Povo, Eduardo Alexandre, freqüentador assíduo do Beco e contador das estórias que acontecem por lá, o produtor cultural Júlio César, a única pessoa que ostenta “pregos” em todos os bares do Beco e o talentoso artista multimídia Falves Silva, cujo erotismo, desenhado em bico de pena, é arte recheada de pura inspiração.

O trio conversa “miolo de pote”, enquanto uma cerveja gelada alivia o calor, precisamente no bar do Pedrinho, numa tarde de um sábado qualquer. Sobre a mesa, um exemplar do clássico potiguar “As Pelejas de Ojuara”, de Nei Leandro de Castro.

A Cidade Alta abriga o Beco da Lama e o Beco nos presenteia com prazeres inquietantes, como se a alma clamasse por momentos pecaminosos nas ruelas daquele Beco: a meladinha do Nazir, feita hoje em dia por seu filho Adônis com a mesma maestria do pai, é tradição natalense e saboreada por várias gerações. Odete é a eterna musa do Beco, reverenciada pelos ébrios, fascistas lúcidos e por toda a fauna, da lama ou de longe do Beco. Pedrinho e dona Ivone, o turco e a lady, alimentam a verve lúdica do escritor Edgar Allan Pôla, cuja intenção é matar o danado do turco, casar com a lady e herdar todo o “ouro” do frechado.

O advogado Elder Heronildes, percebeu a irreverência contida no Beco da Lama e num lampejo de genialidade escreveu: “O Beco da Lama não é só Beco e nem só Lama, é um sublime e enlevante estado de espírito.” Portanto, o Beco da Lama continuará vivo nas próximas palavras, contidas nas edições seguintes...

por Alma do Beco | 4:31 AM


Hugo Macedo©

Beco da Lama, o maior do mundo, tão grande que parece mais uma rua... Tal qual muçulmano que visite Meca uma vez na vida, todo natalense deve ir ao Beco libertário, Beco pai das ruas do mundo todo.

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(Serenata do Pescador)


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A imagem de fundo é do artista plástico e poeta Eduardo Alexandre©

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