“A acareação confirmou que R$ 30 milhões teriam ido para o PT e R$ 25 milhões para os aliados. Temos alguém assumindo que autorizou o pagamento, Valério admitindo que pagou e beneficiários reconhecendo que receberam. Independentemente dos valores, está caracterizado o crime.”
Rodolpho Tourinho (PFL-BA), subrelator de movimentação financeira da CPI do Mensalão.
Nos Lagos do amor
Para o meu Leléo
Nos lagos,
nos rios de amor
que te encontrei
te amei.
E gostei.
Hoje, as coisas são diferentes:
são diferentes as flores
as rosas
do nosso jardim
Para te amar outra vez,
basta lembrar o beijo que te dei,
esse beijo de saudade
do amor que a ti devotei.
Nossas vidas, sei
merecem um novo encontro.
Aquele amor que te dei
Foi, de todos,
o mais sincero: amei!
Gardênia Lúcia
Um novo talento assoma
- seu nome é Gardênia Lúcia
Ninguém por cá mais embroma,
Meméia que se precate,
Bob Motta não é mais vate
- um novo talento assoma !
É uma mestra no idioma,
e competente na astúcia...
Vai por fim à nossa súcia,
quem for poeta aqui some...
Querem saber quem, o nome ?
- seu nome é Gardênia Lúcia !
Laélio/2005
O BECO DA LAMA III
O Beco da Lama Três,
faz chorar e faz sorrir.
A emoção se mistura,
relembrando Baltamir.
Seu Almeidinha e os fuxicos,
as lembranças de Titico,
e a saudade de Nazir.
A risada de Vicente
Enfermeiro, e Diomar.
Severino Gonorréia,
bebum, sem poder falar.
Com seu charuto bonito,
o Doutor Manoel de Brito,
sorrindo prá se lascar.
Veca das motocicletas,
biritando sem parar.
Desde o tempo do Oásis,
lacrimejo ao relembrar.
Nosso Maínha soprando,
seu sax melodiando,
no velho Codorna Bar.
Seu Rubens filosofando,
criticando a cretinice,
já respondia irritado,
a qualquer idiotice:
Tenha santa paciência;
não venha com inteligência,
deturpar minha burrice.
Nosso Beco é mesmo um mundo,
concordo com o parecer.
Cultura em "banda de latra",
prá emprestar, dar e vender.
E na expressão da verdade,
eu tenho a felicidade,
de no Beco, conviver...
Bob Motta
Mellisa or Hoffman?
Fazia tempo que ele só pensava nela, dia e noite, como um vício. Estava ficando preocupado com a sua sanidade mental, mas desde que acessara aquele site feminino e lera os contos eróticos de Mellisa Hoffman, não parava de pensar, de fantasiar um encontro e de imaginar como ela era fisicamente. Às vezes, na rua, via alguém com as características relatadas nos textos e sonhava com ela. Não tinha mais paz. Sua vida se restringia ao trabalho de repórter de TV, num programa voltado para o cotidiano e fatos policiais da cidade numa grande emissora e imaginar a escritora.
Um dia, entrevistando uma certa Milena, errou o nome duas vezes trocando pelo nome de sua amada. Depois disso, tomou uma decisão: iria conversar com os seus dois melhores amigos, o escritor Charles Phelan e o jornalista e também escritor, Cid Augusto. Marcou no tradicional Bar do Ku, num sábado. Queria se abrir. Talvez fazendo isso – pensava – consiga me livrar dessa perseguição mental, desse amor que está me levando a loucura e provocando até novas alergias!
No bar, não demorou em abrir seu coração, com muito entusiasmo. Tanto, que relatou até alguns momentos mais íntimos de suas fantasias com a sua amada escritora, dizendo que por mais de duas vezes havia até sentido um grande prazer sexual. A velha masturbação.
Durante o relato era evidente o desconforto de Charles, que em nenhum momento se manifestou, enquanto o jornalista Cid Augusto parecia se divertir com a história, participando com prazer dos sonhos libertários do repórter, que entre outras coisas, disse que não poderia morrer sem conhecer a “escritora mais sensual da história da internet”.
O tempo passou. Mais de três anos. Durante esse período os três amigos sempre se encontravam para umas cervejas nos fins de semana, sendo que vez por outra o nome de Mellisa Hoffman vinha á tona. Aí, o repórter não se controlava e falava horas no seu amor secreto. Até que um dia, quando os três bebiam, coincidentemente no Bar do Ku, Cid Augusto não se conteve:
- Amigo, eu não agüento mais. Desejo lhe dizer que conheço Mellisa Hoffman há muito tempo e somente não lhe apresentei por falta de coragem.
O apaixonado não se conteve de curiosidade, remexeu-se na cadeira. A conversa tomava um rumo absolutamente novo. Perguntou:
- Faltou coragem por quê? - disse quase irado, desconfiado.
Charles olhava as mangueiras floridas do mês de outubro, olhar distante, quando Cid Augusto, suspirando em busca de coragem, relatou pacientemente:
- Você sabe, amigo... Na internet ninguém se identifica. Você lê a coisa, mesmo num site feminino, mas não sabe quem escreveu, ou melhor, não sabe se é homem ou mulher, ou até mesmo um travesti...
- Espere! - gritou o repórter - o que você está querendo me dizer?
- Bem... Eu quero lhe apresentar Mellisa, ou melhor, Hoffman, ou melhor ainda, Charles Phelan. Aperte a mão dele Charles...
Dedé, o garçom, correu para acudir o experiente repórter, que desmaiado, com olhos abertos fitava o céu como se ele tivesse caído de uma vez em cima dele.
Leonardo Sodré