quinta-feira, maio 26, 2005

O PRIMEIRO BRASILEIRO 1

FICÇÃO


Primeiro marco de posse de terra chantado pelos portugueses no Brasil,em Touros,hoje na Fortaleza dos Reis Magos, boca da barra do Potengi,Natal/RN.


João Antônio Cícero Sebastião José Silva Fernandes chegou à Terra de Santa Cruz em 17 de agosto de 1501, dia de São Roque, como marujo da esquadra comandada por Gaspar de Lemos. Vinha disposto a ficar naquelas terras, explorá-las, amealhar ouro e pedras preciosas e, se pudesse, voltar rico para a civilização. Era uma manhã clara, de sol forte, ventos a assobiar pelos conveses das três naus fundeadas diante daquele cabo, certamente extremo nordeste daquelas terras cuja posse vieram tomar, a mando do rei de Portugal, Dom Manuel.
Sua intenção, não dissera a ninguém, mantinha-a em segredo, na primeira oportunidade afastar-se-ia da tripulação, desertaria, sendo dado como morto ou perdido em meio àquela floresta sem fim, logo depois das dunas, fartas naquele pedaço de chão. João Antônio Cícero Sebastião José Silva Fernandes estava deslumbrado diante daquele cenário primitivo, belo e misterioso, repleto de pássaros que nunca vira. O mar, límpido e verde, a proporcionar o espetáculo dos golfinhos em brincadeiras intermináveis, feito dança, acompanhando, circulando as embarcações.
João Antônio Cícero Sebastião José Silva Fernandes estava na nau comandada por Américo Vespúcio, a quem, mais tarde, foi prestada a honraria de ter seu nome ligado àquele continente, imenso continente, descoberto, anos antes, pelo navegador genovês Cristóvão Colombo, em 1492.
Os peixes voadores o encantaram. Voavam em cardumes, perseguidos por um peixe comprido, brilhante, branco, de metro e meio, calculava, que mais tarde viera a saber chamar-se camurupim, nome dado pela indiada que sabia existir, mas que não dera ainda sinal de vida.
Os silvícolas existiam, garantira o comandante que, ano antes, participara da frota de Pedro Álvares Cabral quando da confirmação da existência de terras onde supunham as encontrariam. Terras portuguesas, asseguradas pelo Tratado de Tordesilhas, que dividia o mundo desconhecido entre Portugal e Espanha, sob bênçãos do papa. Estavam ali para um primeiro reconhecimento, mapear a área e dar nome aos acidentes geográficos significantes que encontrassem no caminho, dali até Porto Seguro, onde aportara a esquadra de Cabral. Estavam próximos ao Cabo de São Roque, como mandara registrar em livro o comandante, numa enseada de mar tranqüilo, de onde estudavam o litoral. Gaspar de Lemos viera com a incumbência de fazer o chantamento de marcos de posse naquela terra, e ali deixaria, para que soubessem os que porventura se aventurassem por aqueles chãos, aquelas eram terras portuguesas.
Gaspar de Lemos temia os índios, vira-os no ano anterior, e sabia que podiam trazer perigo. Como nenhum deles foi visto, tomou a decisão de naquela mesma tarde providenciar o desembarque do monólito de legítimo mármore de Lisboa, branco fosco, onde podiam ser vistos, em relevo, a Cruz da Ordem de Cristo e as armas do rei de Portugal, cinco escudetos em cruz, mais cinco besantes – pequenos discos lisos, semelhantes a moedas, para chantamento em terras acima da praia.
A guarnição responsável pelo serviço, comandada pelo próprio Américo Vespúcio, recebeu ordens de muitos cuidados, não adentrar o litoral e regressar tão logo surgisse algum silvícola. Estava bem armada e protegida pelos canhões dos navios lusitanos. O navegador indicou o local ideal para o chantamento da peça e logo que feito o trabalho regressou com os mesmos 20 homens que o acompanharam na missão. João Antônio Cícero Sebastião José Silva Fernandes, apesar de voluntarioso, permaneceu embarcado.
Logo que chegaram à nau capitânia, recebidos para festejos por Gaspar de Lemos, os portugueses começaram a perceber a presença dos índios. Primeiro, um em correria pelas dunas, saído de detrás de arbustos, abrigando-se atrás de outros. Logo depois, um outro índio fez o mesmo percurso, e outro, e outros mais. Logo, seriam mais de duzentos, trezentos talvez, muitos, a dominar o cimo das dunas amarelas, ostentando presença maciça. Portavam arcos e carregavam lanças já conhecidas do comandante da frota lusitana. Alguns avançavam em direção à praia e depois recuavam, corriam, percebia-se alvoroço entre eles.
Duas horas depois, já quase escurecendo, cinco índios se acercaram do marco, assistidos, de longe, pelos portugueses. Pegavam na pedra, lambiam, tentavam removê-la, mas nada conseguiam: o serviço de chantamento fora muito bem feito e a pedra, montada sobre pedra maior, a servir-lhe de base e encaixe, permanecia no lugar, imóvel, resistindo à pauladas e tentativas de remoção. Em alvoroço, gritando e gesticulando muito, logo dezenas de silvícolas cercavam o indicativo de posse portuguesa sobre terras de Pindorama.
Dali por diante, a indiada não teria mais paz, sabia-o o cacique Potiassu, antevendo dias movimentados na área.
Fazia-se necessária alguma reação, mostrar aos invasores que não haveria hospitalidade.
Os nativos, então, passaram a gesticular como se chamassem os portugueses de volta à praia. Gaspar de Lemos, no entanto, preferiu aguardar o amanhecer de novo dia para a tentativa de aproximação. Afinal, além do pau-brasil, abundante em toda a extensão daquele litoral, os silvícolas poderiam ter riquezas desconhecidas dos europeus. A intenção do comandante era fazer a aproximação. No dia seguinte, levaria oferendas à praia, tentaria fazer amizade com os selvagens.


Eduardo Alexandre




por Alma do Beco | 7:06 AM


Hugo Macedo©

Beco da Lama, o maior do mundo, tão grande que parece mais uma rua... Tal qual muçulmano que visite Meca uma vez na vida, todo natalense deve ir ao Beco libertário, Beco pai das ruas do mundo todo.

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