sábado, maio 21, 2005

SOU EU ESSE AQUI

Assis Marinho
Foto: Eduardo Alexandre

que eu me derrame.
invisível sou e que invisível eu permaneça. que eu seja. nenhum grito além da boca. ser isso: tentativa de fala. arremedo de sentir. mas, claro, sempre esse riso por último — por que sair mal na fita?
sei disso: eu vou ligar pra você na madrugada, eu vou lhe acordar, eu vou lhe dizer que depois de você ninguém, eu vou mandar flores pra você — eu vou levar as flores. eu vou ser sempre presença. eu vou ser o gosto do café e dentifrício. eu vou ser a esquina, eu vou ser o vermelho, o amarelo, o verde dos seus passos e seguires. o seu primeiro bom dia. eu vou tirar seus pontos. vou ser peeling. eu vou ser a sua boca. eu vou ser os seus cachos. eu estou na sua alma. eu estou na sua pele, na sua boca, na sua boca. eu estou na sua textura. no seu corpo. eu sou agora olhando você. eu sou quem lhe diz: eu sou seu homem. sou essa noite de sexta para sábado. sou essa saudade imensa, sou desejo das coisas pequenas, coisas fortuitas, sou aquele olhar que podia ser e que olhou o lado, sou quem queria estar aí, sou eu esse aqui de longe. eu sou quem lhe diz: eu sou seu homem.

Antoniel Campos

por Alma do Beco | 2:30 AM


Hugo Macedo©

Beco da Lama, o maior do mundo, tão grande que parece mais uma rua... Tal qual muçulmano que visite Meca uma vez na vida, todo natalense deve ir ao Beco libertário, Beco pai das ruas do mundo todo.

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(Serenata do Pescador)


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A imagem de fundo é do artista plástico e poeta Eduardo Alexandre©

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