Pela janela aberta para o mundo,
onde a vida dos povos tulmutua,
arremessei o escopro florentino
com que talhava o molde dos sonetos.
Que valem decassílabos à lua,
quando tudo, aqui mesmo, anseia e sofre,
e o destino das cousas mais sagradas
quem mais armas possui, guarda no cofre?
Bardo! Pendura a cítara dolente
em que choraste apenas o teu drama!
Vão teus filhos bem cedo à barricada!
Antes porém que os tome a vaga ardente,
cai, cantando, no círculo de chamas,
entre rimas, blasfêmias e granadas !
OTONIEL MENEZES
(in “A Canção da Montanha” , 2ª.ed.
Editora Universitária, Natal, 1980)